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EXPOSIÇÕES ATUAIS


© FASVS / Marcela Belz


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ARQUIVO:


JOSÉ PEDRO CROFT

ET SIC IN INFINITUM




MUSEU ARPAD SZENES - VIEIRA DA SILVA
Praça das Amoreiras, 56
1250-020 Lisboa

26 JAN - 28 MAI 2023


 


“Et sic in infinitum”, in Utriusque cosmi maioris scilicet et minoris metaphysica, physica atque technica historia in duo volumina secundum cosmi differentiam diuisa. (Roberto Fludd [1617-1621])

 

 

Em Et sic in infinitum, de José Pedro Croft, o artista visita a possibilidade de questionar a obra do físico e matemático inglês Robert Fludd, autor do século XVII, através da apropriação da citação inscrita em cada lado do desenho do “quadrado” negro, cuja forma se apresenta ligeiramente distorcida e irregular, revelando-se, desta forma, como um enigma – “Et sic in infinitum (E assim até ao infinito)”. Esta imagem de Fludd simboliza o infinito, sendo vista, por isso, como a matéria-prima, a matéria-negra, o vazio, o início de toda a criação.

José Pedro Croft busca a infinitude na fluidez e na expansão de energia das formas, o início da criação artística. Na desconstrução de imagens e das formas geométricas, geram-se campos de cor, processos de criação, sobreposições de estruturas e grelhas geométricas dadas por vários materiais e suportes artísticos.

A sensação da fluidez da forma e do processo de construção surge na transitoriedade da própria matéria. Ela não se circunscreve no objecto-em-si, mas expande-se para o espaço de acção. As estruturas das formas encontram-se em comunicação com o espaço envolvente, que se abrem entre o dentro e o fora, o semi-fechado e o semi-aberto, projectando-se como vórtices de energia no ambiente arquitectónico. Através da descrição do curador Sérgio Mah (2023), o espectador visualiza as qualidades intrínsecas da percepção da obra:

 

Cada uma das obras revela elementos de círculos ou de circunferências, em planos mais abrangentes ou parcelares, submetidos a variações cromáticas, a cortes, descentramentos e sobreposições, de modo a configurar formas que se desalinham e se repartem, procurando desencontros, desvios profícuos, articulando frequentemente as suas qualidades bidimensionais e tridimensionais.

 

Os elementos semicirculares emergem como fragmentos da unidade quase serial da obra de arte, que se mostram assimétricos, criando, assim, diversos níveis de captação sensorial que proporciona ao espectador uma movimentação de posicionamento do corpo no espaço museológico quer de aproximação quer de afastamento em relação a cada obra de arte.

Através delas, o espectador estabelece uma relação de continuidade no campo fenomenológico, cuja sensação difere na especificidade de cada percepção visual. Cada observador incorpora directamente o seu posicionamento corporal com a obra captada. Por outro lado, entendemos a individualidade em cada elemento como parte constituinte de uma série de estruturas primárias em formas repetitivas com predominância circular, mas fragmentadas e cortadas, cuja densidade monocromática opaca e metálica expressa uma geometria linear pós-euclidiana. Isto é, as obras regem-se por uma linguagem repetitiva e minimalista, pintadas em suportes metálicos ou desenhadas por grelhas regulares cromáticas, com um resultado aparentemente mecânico que enfatizam um sistema topológico e de dimensão matemática, mas não-hierárquica (Zhou, 2015), uma noção anteriormente vista em outras obras minimalistas, nomeadamente, nos artistas norte-americanos.

 

José Pedro Croft, S/título, 2021. Água tinta e água forte, 48,5 x 55 cm.

 

Nesta desconstrução da forma, prevalece o infinito por continuar o olhar e o ver através da unidade da forma-fragmentada no espaço. Ambos estão interligados por uma expansão temporal. As obras de arte e o espaço não estão indissociáveis, produzindo tensões e energias de campos de forças, em que se operam e se dissolvem no infinito.

Através da qualidade da repetição, a luz e a cor rompem com o espaço e com a forma. A cor e o vazio participam de igual importância na área envolvente, embora as formas se apresentem como objectos artísticos que dialogam no ambiente arquitectónico. Revelam-se como um specific object, que se encontram no site specific como concebeu Donald Judd ([1964] Specific Objects), por esboçar numa linha de objectos estéticos entre o bidimensional e tridimensional, isto é, nem desenho, nem pintura, nem escultura. Isto é, Judd descortina a estrutura compositiva conceptual que evidencia a dimensão espácio-temporal. Salientamos, assim, a importância da repetição de que Judd demonstra ([1964] Specific Objects): “The order is not rationalistic and underlying but is simply order, like that of continuity, one thing after another.”

Em Et sic in infinitum, Croft projeta a tridimensionalidade das formas-fragmentadas semicirculares através do deslocamento dos objectos-em-si. Em grelhas ou formas de luz e de cor, desconstrói, assim, os eixos de perspectiva e ângulos de visão para dar lugar a várias sequências numéricas, cujos elementos manifestam, através de uma unidade entre si, um sistema linear. Entre objectos e desenhos na parede, o artista expressa um conjunto de regras que fomentam a ordem depois do caos, dissolvendo os desenhos à sua essência, à efemeridade da exposição.

As variações de cada elemento que habitam no espaço, criam alusão da mutabilidade perceptiva visual e em cada um, um sistema óptico-visual, que resulta das diversas conexões conceptuais nas possibilidades espaciais, sendo uma delas, o movimento espácio-temporal como forma de extensão ao infinito, à matéria negra ou ao início do início. Elas compõem a estrutura e a proporção da forma baseadas numa estratégica epistemológica, ou melhor, ampliam o campo de visão através do que se entende da multidimensionalidade-matemática.

 
 


Joana Consiglieri

Vive e trabalha em Lisboa. Artista plástica, teórica de arte, investigadora, professora do ensino superior e Design (Cocriadora de AMAZ’D art studio). Doutoramento em Ciências da Arte. Mestrado em Teorias da Arte e licenciada em Artes Plásticas – Escultura.



JOANA CONSIGLIERI