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4.ª EDIÇÃO DO ENCONTRO MEXE NO PORTO COM FOCO NA `CIDADE COMO CORPO COLETIVO´

2017-09-18




A quarta edição do Encontro Mexe, que arranca na quinta-feira com um ciclo de documentários, vai focar-se no tema da “cidade como corpo coletivo”, com espetáculos e encontros espalhados por mais de uma dezena de espaços no Porto.

O Mexe – Encontro Internacional de Arte e Comunidade, que se estende até 24 de setembro, acontece de dois em dois anos, desde 2011, e terá este ano, pela primeira vez, um tema orientador, “Cidade-Corpo Coletivo”, revelou à Lusa o diretor artístico, Hugo Cruz, uma vez que “toda a programação tem essa linha transversal”, procurando refletir sobre a ideia de “cidade como corpo coletivo, como é que funciona de forma orgânica e como pode assumir outros formatos”.

Ao todo, o festival vai passar por mais de uma dezena de espaços públicos, como a estação de São Bento ou o Jardim de São Lázaro, entre outros, além das atividades em sala de espetáculos, do Cinema Trindade ao Teatro Carlos Alberto ou ao Rivoli.

Inserido numa “série de desafios” que a organização delineou para a quarta edição, a grande meta para 2017 foi “atingida”, com o objetivo de “garantir que o festival chega ao maior e mais diverso público possível, sempre com a lógica de acesso gratuito”, uma vez que apenas os espetáculos no Teatro Carlos Alberto e no Rivoli são pagos.

O programa alarga-se também às artes plásticas, através de duas exposições, três instalações e várias performances, num “reforço estratégico” que alastrou, também, a capacidade do Mexe de chegar “às diferentes zonas da cidade”, com programação de arte pública em Lordelo do Ouro, Campanhã ou Bonfim, numa tentativa de “derrubar algumas barreiras invisíveis na cidade”.

De entre as 16 récitas de teatro e performance programadas, destaque para a estreia de “Cal”, no dia 20 de setembro, um espetáculo produzido pela PELE, companhia que organiza o Mexe, e que é o resultado de “um trabalho realizado no bairro de São Vítor e nas ilhas desta zona da cidade, muito centrado na memória das pessoas”.

“Está muito relacionado com a sensação de serem uma ilha, não só no sentido literal, mas também quando nós, enquanto indivíduos, nos sentimos uma ilha na relação com a cidade”, destacou Hugo Cruz.

No dia 21, o Teatro Carlos Alberto recebe “Fuente Ovejuna”, da companhia sevilhana Atalaya TNT, com mulheres de etnia cigana a subirem ao palco para encenarem uma nova abordagem a um texto dramático de Lope de Vega “sobre a injustiça social e aos limites a que pode chegar”.

No cemitério do Prado do Repouso, a italiana Caterina Moroni aborda a “ideia do cemitério como fundação da cidade” e os conceitos de memória e realidade “num território de fronteira entre a visão interna e a visão externa”, intitulada “To Make Room For Us Inhabitants”, enquanto os brasileiros Companhia Marginal levam, no dia 22, “Eles Não Usam Ténis Naique”, sobre um pai e uma filha envolvidos no mundo da droga numa favela do Rio de Janeiro.

Apesar de o arranque ‘oficial’ estar marcado para 18 de setembro, a programação começa na quinta-feira, com o “pré-Mexe”, ciclo que antecede o festival e que este ano inclui uma mostra de documentários, no Cinema Trindade e no Círculo Católico de Operários do Porto.

Ao todo, são 14 filmes “que remetem para práticas artísticas comunitárias de países como Portugal, Brasil, Lituânia, Irlanda e Estados Unidos”, com o programa de antecipação a incluir ainda várias oficinas de formação, outro dos eixos do festival.

Incluído no Mexe está o Encontro Internacional de Reflexão sobre Práticas Artísticas Comunitárias, que vai para a segunda edição e no qual vão participar mais de 100 académicos, artistas e técnicos sociais de sete países diferentes.

A fechar o programa estará, além do “Baile Popular” que fez parte das três edições anteriores, uma parada entre o Teatro Carlos Alberto e o Coreto da Cordoaria, onde decorrerá o baile, com a animação a cargo de cinco grupos musicais.

Hugo Cruz revelou que o festival trabalha com um orçamento direto de 73 mil euros e global de 120 mil, “o que é manifestamente pouco para a programação”, sendo suportado a 30% pela Direção-Geral das Artes e 23% pelo Teatro Nacional São João, 17% por várias instituições públicas, e o restante através de privados.

O Mexe – Encontro Internacional de Arte e Comunidade arranca na quinta-feira, com um programa prévio que inclui um ciclo de documentários, antes do arranque ‘oficial’, a 18 de setembro, estendendo-se até 24 de setembro em vários espaços da cidade, com cerca de 30 iniciativas e mais de 430 participantes.


Fonte: Sapo24