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O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.

 


VALTER VINAGRE

A voz na cabeça




GALERIA DO PARQUE
Edifício dos Paços do Concelho Praça da República


18 MAR - 31 MAI 2017


O fotógrafo Valter Vinagre foi um dos primeiros autores a estrear as Residências Artísticas de Vila Nova da Barquinha, um projeto do Município em parceria com a Fundação EDP.

Em setembro de 2015, o autor veio à descoberta de um concelho ligado ao rio e à paisagem ribeirinha, com seus usos e costumes, tendo desenvolvido um trabalho ímpar alusivo a este pedaço de território, suas gentes e memórias.

O trabalho fruto desta residência deu origem a um livro e à exposição “A Voz na Cabeça”, que vai estar patente na Galeria do Parque de Escultura Contemporânea Almourol (PECA), em Vila Nova da Barquinha, entre 18 de março e 31 de maio de 2017.

“A voz na cabeça” é um título inspirado no barqueiro de Almourol que recorrentemente falava dessa Voz interior, quiçá influência das lendas de Almourol e da Cardiga ou das pelejas entre moiros e cristãos ou do romantismo do Castelo, que hodiernamente fascinava a sua mente.

Comissariada por João Pinharanda, a exposição é um ensaio fotográfico que molda a memória individual e coletiva de Vila Nova da Barquinha.

O fotógrafo nascido em Avelãs de Caminho, 1954, no concelho de Anadia, estudou fotografia no AR.CO – Centro de Arte e Comunicação Visual, (1986 – 1989) em Lisboa. Iniciou o seu percurso em finais dos anos 1980, realizando exposições individuais e participando em mostras e iniciativas de cariz coletivo. De início conotado com uma fotografia próxima do registo documental, o seu trabalho passou a interiorizar um exercício mais reflexivo sobre a imagem, criando discursos sobre os significados associados à paisagem, à viagem e ao lugar da cidade.

“O trabalho desta série é, de modo muito evidente, sobre a Memória. Valter Vinagre, tem um currículo tão vasto e uma experiência tão longa no terreno da recolha e fixação das acções e emoções humanas, na busca das suas manifestações mais arcaicas e mais contemporâneas, mais genuínas (por enraizamento na tradição ou por contestação geracional ou social do passado) que a sua memória está sobrecarregada de imagens e de factos.
Há uma voz dentro da cabeça, como o próprio título a série “A voz na cabeça” nos revela – essa voz está na cabeça dos fotografados e do fotógrafo. Nunca saberemos se é a mesma – mas, a verdade, é que há uma voz que se insinua também nas nossas próprias cabeças de observadores fazendo-nos partilhar o incómodo de uma qualquer Memória comum. E essa Memória que Valter Vinagre descobre e revela é a que encontra em cada um, em cada lugar ou objecto ou imagem seleccionada – é uma realidade sobre-exposta, queimada. As personagens olham-nos (umas surpreendidas, outras sem surpresa, umas encenando a sua pose, as outras sem coreografia) para não deixarem de ver e de ser vistas. As imagens do que são já imagens (estampas religiosas ou laicas, fotos, pinturas ou esculturas) reforçam, nesse exercício de rememoração, a missão que cabe a qualquer reprodução: evitar o seu apagamento. Os objectos, os elementos naturais e os pormenores arquitectónicos, expõem, ao mesmo tempo, a decadência e a exuberância e resistência das coisas. Serve, cada um destes níveis, um discurso que torna os elementos temáticos reféns do nosso olhar, que os torna testemunhos do cansaço da vontade, que os torna protagonistas e vítimas do tempo.
Talvez haja aqui uma história a contar: um parque a visitar, uma casa que é rodeada e penetrada como por ladrões. Talvez aquelas pessoas se conheçam e nos pudessem dizer o que aconteceu: porque ardeu aquele mato e aquela casa, porque se desfazem as paredes, porque secam as ervas e plantas, quem monta aquele cavalo, quem dorme naquele sofá-cama. Mas uma história que ligasse todos esses fios nunca nos ajudaria a perceber porque é que o pequeno Romeu da estatueta doméstica nunca beijará a sua Julieta – afinal, estas fotografias são, também, sobre a impossibilidade de levarmos ao fim os nossos desejos; sobre o Amor e sobre a Morte.”
João Pinharanda
Paris, 19 fevereiro 2017

A iniciativa é fruto da parceria do Município de Vila Nova da Barquinha com a Fundação EDP, no âmbito do projeto PECA (www.barquinhaearte.pt). A Fundação EDP é consultora artística, comissária e mecenas deste espaço único em Portugal que reúne obras de Alberto Carneiro, Ângela Ferreira, Carlos Nogueira, Cristina Ataíde, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Xana e Zulmiro de Carvalho. Um projeto local, com dimensão nacional e potencialidades de projeção internacional.