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O seguinte guia de eventos é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando conferências, seminários, cursos ou outras iniciativas. Envie-nos informação (press-release, programa e imagem) dos próximos acontecimentos. Seleccionamos três eventos periodicamente, divulgando-os junto dos nossos leitores.

 


CARLOS VIDAL

Jorge Pinheiro a Quietude das Imagens Perdidas




FBAUL - FACULDADE DE BELAS ARTES DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
Largo da Academia Nacional de Belas-Artes
1249-058 LISBOA

25 OUT - 25 OUT 2024


LANÇAMENTO DO LIVRO: Dia 25 de Outubro às 15h30 na Capela da Faculdade de Belas-Artes, Lisboa


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Desenha-se neste trabalho a trajectória de Jorge Pinheiro, desde o silêncio vergado (como o das personagens de Raúl Brandão) das suas figuras dos primeiros tempos, no início dos anos 60 (curso terminado na ESBAP em 1963), ainda desde a pertença ao grupo “Os Quatro Vintes†(referência à classificação escolar), com Armando Alves, José Rodrigues e Ângelo de Sousa – colectivo que realiza exposições entre 1968 e 1971 – desde esses tempos até à figuração mais recente, inaugurada emblematicamente na tela “Porquê ?†(1991), onde a questionação se alarga dos problemas estruturais do quadro à sua razão de ser, como sendo a razão de ser da própria pintura, origem, significação e forma da sua expressão. Trajecto que nos diz, de certo modo, que gasta toda a forma de figuração (sociológica e classicizante), resta ao autor o beco sem saída da forma estrutural mínima, o ponto e a linha, embrenhados numa harmonia neopitagórica, em que ponto e linha parecem tornar-se formas outras de um inexplicável readymade. Ora, este encontro entre Pitágoras e o readymade é decisivo, pois é o encontro entre a sacralidade que é “mecânica†(da ordem da regra, do cânone e da multiplicação controlada) e o conceptualismo no sentido mais amplo, isto é, num sentido que pugna pelo seu desenvolvimento e não pelo “fim da arte†(no seu conceito). Olhando para o velório dos anos 60, para a figuração do prisioneiro de Abu Grahib, para a mulher palestiniana ou para a representação de Bernarda Alba, parece-nos ver nesta arte da figura uma dimensão negativa da vida ou do mundo, a que o autor responde tratar-se apenas da sua dimensão existencial (heideggeriana). Já a abstracção, aqui, parece tratar de uma imagem aparentemente neutral. A linguística de Saussurre é dual, entre o significado e o significante, que Hjelmslev traduz por conteúdo e expressão. Se ambos possuem “forma†e “substânciaâ€, a “forma da expressãoâ€, aqui e isoladamente, seriam a redução significacional absoluta: no fundo, sem forma nem substância. Ponto e linha esgotando a composição, como a montagem interminável esgota a figuração. Mas este esgotamento é interminável de hipóteses, como pode ser interminável esta obra no seu desenvolvimento.

Carlos Vidal


Este evento é passível de ser fotografado e filmado e posteriormente divulgado publicamente.