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"GAUGUIN NO TAITI: O PARAÍSO PERDIDO" NOS CINEMAS

2020-01-24




No âmbito do ciclo A Grande Arte no Cinema, é apresentado o filme Gauguin no Taiti, a partir de 4 de fevereiro, nos cinemas em Lisboa, Vila Nova de Gaia, Cascais, Guimarães e Penafiel.

"Gauguin no Taiti–O Paraíso Perdido" transforma o livro de aventuras que foi a vida de Gauguin em imagens, mas é também uma história de fracasso. Isto porque Gauguin foi incapaz de se desvencilhar das próprias origens, e das ambições e privilégios do homem moderno. Ele foi, afinal, um cidadão do poder colonial: pintou entre as palmeiras, porém os seus pensamentos eram direcionados para as pessoas do Ocidente. Um paradoxo que refletiu no destino do seu trabalho, já que os seus quadros estão agora expostos nos maiores museus internacionais, onde todos os anos milhões de pessoas param em frente às telas do Taiti, num ponto silencioso em meio à multidão, a sonhar com os seus momentos paradisíacos.

No entanto, quem foi Paul Gauguin? Por que era tão fascinado pelos Trópicos? De onde surgiu esta fascinação pelos trópicos?

Gauguin nasceu em Paris a 7 de junho de 1848, filho do jornalista Clovis Gauguin e Aline Marie Chazal. A família da sua mãe vivia no Peru onde Paul foi levado quando tinha quatorze meses de idade. Ali foi onde uma afinidade pelos trópicos se desenvolveu num pintor que sempre se orgulharia da sua herança sul-americana, tanto que declarava com firmeza ter sangue azteca. Após o seu regresso a Paris, da sua iniciação na pintura e no Impressionismo, e das suas viagens como marinheiro aprendiz no navio mercantil Luzitano, bem como na Marinha Francesa, Gauguin sentiu que precisava de procurar por si próprio nalgum outro lugar, sentia a necessidade de encontrar um caminho alternativo ao Impressionismo.

Como sempre, nos momentos mais importante da sua vida, a sua decisão foi partir. Deixou Paris e uma sociedade que considerava conformista, pela beleza robusta e selvagem da Costa Bretã, uma fatia de rocha que se projeta para a extensão do oceano, a prenunciar o vôo pelo desconhecido que seria feito alguns anos mais tarde.

Estes eram lugares duros, primitivos, melancólicos e Gauguin foi até lá para se purificar: da cidade, mas também das doutrinas da cena artística parisiense. Ele partiu em busca das formas ancestrais duma nova pintura. Foi em Pont-Aven que Gauguin pintou alguns dos seus trabalhos mais famosos, como o Cristo Amarelo, n o qual reproduziu um crucifixo de madeira que havia visto e admirado na capela de Trémalo, ou A Visão depois do Sermão (A luta de Jacob com o Anjo), no qual o misticismo bretão encontrou a sua forma no cloisonismo, com os seus fundos nítidos e esquemas de cores compactos.

A ideia de que foi impossível para ele escapar do legado de ser um homem “civilizado” é suportada pelo facto de que muitas das suas melhores obras estão agora mantidas em grandes, movimentadas e hiper-modernas metrópoles americanas. São nos museus destas cidades americanas, com os arranha-céus de vidro e aço, as multidões e o tráfego de rodovias ao fundo, onde o espectador descobrirá as origens da pintura de Gauguin, pelos diferentes períodos: os primórdios, a Bretanha, o primeiro período polinésio e a segunda, e final, estadia no Taiti.

Uma aventura a cores que teve início com o seu distanciamento dos Impressionistas e das suas pinceladas fragmentadas, continuou através dos violentos contrastes com o seu amigo e colega Vincent Van Gogh , para alcançar um novo, anti-naturalista, uso de cores ligado ao movimento da alma, como se vê em trabalhos como Ia orana Maria, Nafea faa ipoipo, Aha oe feii? Ou De onde viemos? O que somos? Onde vamos?

A narrativa também será acompanhada pelas palavras do próprio Gauguin, através de passagens de textos autobiográficos (como Noa Noa ou Avant et après) , de cartas à família e aos amigos e à sua mulher Mette, para quem Paul escreveu: "Talvez chegue o dia – e talvez brevemente - e m que eu possa fugir para os bosques duma ilha do Mar do Sul e viver lá em êxtase, em paz e pela arte. Com uma nova família, longe desta luta europeia por dinheiro. Lá, no Taiti, no silêncio da adorável noite tropical, eu consigo ouvir a doce música murmurada do meu coração, a bater em amorosa harmonia com os misteriosos seres do meu ambiente. Livre finalmente, sem problemas financeiros, e capaz de amar, cantar e morrer.”



Fonte: Festa do cinema italiano