S/Título, 2006, impressão a jacto de tinta sobre alumínio


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AGORA LUANDA - Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves


Curadoria: Paulo Reis


Algumas questões sobre o artista como um etnógrafo.

No ensaio titulado O artista enquanto etnógrafo , Foster propõe, de um modo seminal, uma cartografia e uma toponímia específica à arte contemporânea como se desta dependesse o retrato de nossa época no que os alemães chamam de zeitgeist. Neste livro referência para o debate artístico do fenómeno da pós-modernidade, o crítico elabora uma discussão sobre o lugar do artista contemporâneo como emissor de um discurso etnográfico, fruto da sua vivência e do contágio. Publicado anteriormente no catálogo de uma exposição este texto ainda permanece basilar para o entendimento da questão da alteridade, onde o artista torna-se o sujeito emissor do discurso etnográfico por excelência. Expondo os princípios da contradição económica e do objecto fetichista, Foster salienta que muitas obras contemporâneas despregam-se de modelos mencionados como absolutos e essenciais ao remeterem à cultura de massa. Verdadeiramente interessado na produção de arte como bem cultural – daí o seu discurso sobre os readymades duchampianos, no entanto o autor deixa antever um segundo aspecto neste seu discurso: também o lugar do artista como um observador atento à realidade. Ao produzir um discurso, esse artista também expõe as transformações sociais, as transformações políticas e as económicas com que transparecem nos actos e nas práticas quotidianas, ou aquilo que denominamos de práticas culturais.
Essas práticas culturais cada vez mais traduzem-se como práticas políticas de imensa relevância para o entendimento do artista como cidadão, como agente e testemunha destes processos, pois “na pós-modernização da economia global, a produção de riqueza tende cada vez mais ao que chamaremos de biopolítica, a produção da própria vida social, no qual o económico, o político e o cultural cada vez mais se sobrepõem e se completam um ao outro” . E é neste sentido que as imagens – os retratos e as paisagens - do povo angolano feitas por Inês Gonçalves e Kiluanje Liberdade denotam a sua enorme carga etnográfica e sociológica. As suas fotografias e filmes parecem admoestar o espectador: ok! são imagens cinematográficas na medida que os olhos captadores desta realidade movem-se no território da documentação urbana. Afinal, a fotografia e, sobretudo, o cinema documental são os lugares de excelência para uma antropologia cujo dever deontológico é o de revelar o fascinante acto de captar a realidade por trás das imagens.
Agora Luanda é um retrato de uma sociedade em transformação, onde as imagens de Inês Gonçalves e Kiluanje Liberdade funcionam como uma espécie de raio x sociocultural, e porque não, político de Angola na medida que nos deixa ver os benefícios e os malefícios que o capital opera numa sociedade pós-colonial, vitimada pelos anos de uma guerra perpetrada em nome do capital. O filme Luanda: a fábrica de música capta a realidade e a necessidade criativa do “faça você mesmo “ dos novos produtores e djs do Kuduro. Em estúdios precários, onde um velho gerador de energia alimenta computadores obsoletos, é feita a música que domina a noite luandense, e de onde é exportada para o mundo, causando furor nos lugares onde é tocada. Ou as imagens das fotografias captadas - em directo - nos bairros de lata. Fica-nos a dúvida: não seria toda Luanda um enorme bairro de lata, aqui e aqui, disfarçada de cidade? Sim, porque as imagens hiper-realistas de Roque Santeiro enchem nossos olhos a ponto de espraiar-se sobre uma outra Luanda, esta feita de novos bairros populacionais, onde circulam pajeros e land rovers dos novos mercenários capitalistas atraídos pelo diamante negro. Estes vivem em um ambiente falsamente sofisticado, cercados pelas grades que afastam os pobres para longe dos seus domínios. Um enclave de riqueza em meio a vasta terra de desolação.
Luanda é uma cidade que vive em luta feroz para desfazer-se desta dualidade: o da miséria desumana e da riqueza ignóbil, numa espécie de sístole e a diástole desta cidade, a funcionar como o coração de Angola. Um dos maiores encantos desta sociedade, provêm exactamente das zonas mais pobres, repletas de ruas poeirentas, é dali que germina a alegria desta gente que parece retirar beleza da necessidade e da precariedade. É, como diz a canção de Caetano e Gil, “a grande épica de um povo em formação nos atrai, nos deslumbra e estimula”•. Estas populações - captadas pelas lentes sensíveis de Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves - tomam formas através do tempo e do espaço a que pertencem, i.e. da sua história, permitindo-se serem tomados pela dimensão antropológica da arte, num contexto humanista, trans-histórico e universal.
Em 1934, Leiris publicou o livro L’Afrique fantôme [A África Fantasma] onde documentava a sua participação numa viagem à África Ocidental e incorporava fotografias do próprio autor. O livro é um diário de viagem que coloca questões sobre o estudo de campo e os seus métodos, de tal forma que, à sua maneira, serve de prelúdio a elementos das ciências sociais críticas, que iriam aparecer anos mais tarde, com o nascimento do Pós-estruturalismo em França. A fotografia permite que toda a arte de todas as épocas e culturas possa ser reunida, comparada, tornada acessível a todas as pessoas, de tal modo que o próprio campo de estudo e os seus métodos se vêem transformados. A disponibilidade de reproduções fotográficas da arte de todas as épocas e culturas dá lugar ao museu-arquivo imaginário total, para a justaposição e a montagem simultânea da arte universal .
O que mudou da África fantasma de Leiris para a África viva – em especial Angola - de Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves? A imagem de uma sociedade em ruínas, diríamos, mas ainda envolta em contradições ao depararmos com imagens de raparigas que mimetizam o life style das grandes metrópoles mundiais, de rapazes que nos lembram os personagens pasolinianos, na sua condição existencial de perdidos nesta imensa urbe que os fagocita; de marginais e heróis de uma sociedade que necessita de suas energias, mas que também as repele. Ao titular este texto como algumas questões sobre o artista como um etnógrafo pretendia, antes de tudo, levantar questões sobre a imagem do ponto de vista ético-estético. Tentando entender a prática de alguns artistas que revelam-se etnógrafos, de forma intencional ou casuísta, que através de suas sensibilidades acabam por nos descortinar realidades alheias. Através de imagens captadas, às vezes, apenas pela sua qualidade estética acabam por revelar-se imagens políticas e de transformação de paradigmas. Agora Luanda é um laborioso exercício, formal e estético, também sociológico no entanto sem os vícios académicos ou de interpretações maniqueístas, que nos lembra do lugar que arte deve ocupar.

PS: Nunca fui a Angola, mas as fotografias e filmes de Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves reportam-me para a algazarra das feiras do Nordeste brasileiro, lugar de confluência e troca de experiência visual, olfactiva e sensorial, onde o Brasil é mais africano em sua génese. Cresci no ambiente muito próximo e, talvez, seja por isso que essas imagens parecem-me tão familiares.
PS: Este texto é dedicado ao pensador Michael Hardt e a coreógrafa Lia Rodrigues. O primeiro, numa conversa feita numa viagem pelas favelas numa abrasiva tarde carioca, fez-me perceber que o acto artístico nunca estará dissociado de um acto político. E a segunda, por me fazer acreditar ainda no valor supremo do compartilhar com que nada têm.

Paulo Reis

i- Foster, Hal, The return of the real: the avant-garde at the end of the century; Massachusetts: MIT, 1996.
ii- Idem.
iii- Endgame. Reference and Simulation in Recent Paiting and Sculpture: Instituto de Arte Contemporânea de Boston, 1986.
iv- Hardt, Michael e Negri, Antonio, Império, Rio de Janeiro: Record, 2001.
v- De modo incerto, repito o sentido de uma frase do escritor Mia Couto. Numa entrevista, disse “que a depressão é um luxo dos brancos e ricos, enquanto os pobres e negros são obrigados a tirarem beleza do seu sustento”.
vi- Jorge Ribalta, Arquivo Universal – a condição do documento e a utopia fotográfica moderna; - Barcelona: MACBA, e Lisboa: CCB, 2009.


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