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Andrea Brandão
Reúno no meu ateliê uma série imensa de objectos. Entre curiosidades encontradas ou por mim fabricadas, esses objectos coabitam no espaço do ateliê e organizam-se numa matriz muito pouco metódica. Quase autónoma como estrutura, não fosse eu recusar-lhe esse valor. Gestos começados, suspensos, adiados pelo caminho ou a caminho, apenas apontados em cadernos, grandes projectos por afinar, por recomeçar, pequenos objectos, desenhos rápidos, concisos e inconcisos, livros e listas. Listas de palavras coleccionadas, listas de material, listas de afazeres e de deveres, de nomes, de livros. Livros por comprar, por ler, por sublinhar, por reler depois de se ter lido um outro.
A colecção ocupa três salas - sala que antecede/ sala dos livros/ sala dos objectos – e está organizada em dois grandes volumes. Um comporta todos os trabalhos e projectos que até à data apenas existiam no meu ateliê. Trabalhos de parede, plinto, prateleira, ou mesa, dispostos muito próximos entre si, como um cabinet de curiosités. O outro é um trabalho em torno dos livros, a minha biblioteca pessoal em trompe l'œil. // O seu trabalho explora uma noção de «processo» que procura testar os limites da definição de obra e da sua materialização. Será conceptual, no sentido em que parte de uma ideia, e no final se apresenta na forma que melhor se lhe adequa, e processual, dado o foco na acção concreta do fazer e nos gestos que determinam o trabalho propriamente dito. É no processo que a forma se define – guardando em si o seu desenvolvimento -, e, uma vez materializada, existe apenas por um tempo e num espaço específicos.
A autora escreve de acordo com a ortografia antiga
Andrea Brandão (V.N. de Gaia, 1976)
Licenciou-se em Design Industrial (FA-UTL) e concluiu o curso Avançado de Artes Plásticas no Ar.Co. Paralelamente, nas artes performativas fez formação em workshops dentro e fora de Portugal. Em particular as aulas com a Sofia Neuparth, os “Case Study” com João Fiadeiro e a bolsa danceWeb Europe 07 (VIE) com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Obteve a nomeação portuguesa ao prémio União Latina Jovem Criação em Artes Plásticas em 2007. Participou em vários festivais e exposições colectivas, nomeadamente: o Reheat festival (VIE), a colectiva “Pôr a par”, Espaço Avenida, “Decrescente Fértil”, Plataforma Revolver, mostra Jovens Criadores 06, exposição Anteciparte 09, (PT); e individuais: “um outro Mundo”, Kunstraum n5 (VIE) e “Construção”, EXD09 (PT). Em colaboração: “ O desenhador público” para “Future Projects”, Mews Projects, Feira de Arte Contemporânea e “Retrato Possível e Concerto Triangular”, galeria Appleton Square, EXD11, Lisboa. Com o colectivo MESA, apresenta “sobre quatro pés, um plano horizontal”, Teatro Turim - Teatro Maria Matos em 2011. Desenvolve trabalho na área do desenho, performance, instalação e intervenção artística.