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EXPOSIÇÕES ATUAIS


Vista da exposição Germinal, Galeria Municipal do Porto, 16-03 a 20-05 2018. Fotografia: Filipa Brito.


Vista da exposição Germinal, Galeria Municipal do Porto, 16-03 a 20-05 2018. Fotografia: Filipa Brito.


Vista da exposição Germinal, Galeria Municipal do Porto, 16-03 a 20-05 2018. Fotografia: Filipa Brito.


Vista da exposição Germinal, Galeria Municipal do Porto, 16-03 a 20-05 2018. Fotografia: Filipa Brito.


Vista da exposição Germinal, Galeria Municipal do Porto, 16-03 a 20-05 2018. Fotografia: Filipa Brito.


Vista da exposição Germinal, Galeria Municipal do Porto, 16-03 a 20-05 2018. Fotografia: Filipa Brito.


Vista da exposição Germinal, Galeria Municipal do Porto, 16-03 a 20-05 2018. Fotografia: Filipa Brito.


Vista da exposição Germinal, Galeria Municipal do Porto, 16-03 a 20-05 2018. Fotografia: Filipa Brito.

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GALERIA MUNICIPAL DO PORTO
Palácio de Cristal Rua D. Manuel II
4050-346 Porto

16 MAI - 20 ABR 2018

O NÚCLEO CABRITA REIS NA COLEÇÃO DE ARTE FUNDAÇÃO EDP


Toda a coleção privada surge, habitualmente, como reflexo do gosto estético do seu fundador. Quando se trata de um artista, pode ainda ocorrer que, no conjunto das obras que este adquire, se encontrem características e elementos também decorrentes da sua própria criação artística. No que diz respeito ao acervo do reconhecido Pedro Cabrita Reis, inevitavelmente desenha-se a promessa de algo singular e valioso, com tanta personalidade quanto o próprio. Isso mesmo comprova-se, agora e, desde 2015, foi com orgulho que a Fundação EDP adquiriu esse espólio, desde então cuidando dele e mantendo a sua integridade.

Hoje, dá-se a primeira oportunidade de o trazer para o contexto expositivo e de realizar a maior mostra das obras que o constituem. Uma também relevante particularidade desta ocasião é que, antes da exposição se estabelecer em Lisboa, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, no edifício central Tejo, a grande inauguração tem lugar no Porto.

A Galeria Municipal foi, pois, o lugar escolhido, sendo absolutamente central na cidade nortenha e tendo vindo a distinguir-se como plataforma cada vez mais importante de exibição e projeção de arte contemporânea. Este momento constitui, também, a quarta exposição do ciclo Perspectivas, a partir da Coleção de Arte do grupo EDP, que recentemente ficou estabelecido como mecenas exclusivo da galeria portuense até 2020. Desenha-se, assim, a oportunidade de mostrar a importante parceria, mecenática e programática, entre as duas entidades. Tal materializa-se, desta vez, através das mãos hábeis e distintas do diretor do MAAT, Pedro Gadanho, e de uma das suas curadoras, Ana Anacleto.

De dia 16 de março a 20 de maio, irá manter-se, na Galeria Municipal do Porto, a primeira apresentação pública da coleção de Pedro Cabrita Reis, composta entre 1990 e 2015, somando mais de 300 obras das quais presentemente se expõe uma seleção de 50.

Como Pedro Gadanho refere, explorar e trabalhar esta coleção resultou em "fantásticas surpresas", das quais se destacam algumas peças que haviam sido adquiridas enquanto conceito ou ideia, e que, apenas agora, são construídas e ganham forma física. Há ainda outros objetos que sofreram alterações e reconfigurações de acordo com as atuais e mais recentes possibilidades técnicas, como é o caso da obra Entrada/Saída (1999/2018) de Rui Calçada Bastos (Lisboa, 1971), espelho que foi reconstruído para a presente ocasião com a adição de um sistema sonoro e sensor de movimento que se manifesta mediante a aproximação física do espectador.

É também de uma nova forma que se interpreta o espaço da galeria, como anunciou Joaquim Guilherme Blanc, diretor artístico da Galeria Municipal do Porto. O integral e dinâmico aproveitamento da área é, pois, cada vez mais, um dos principais objetivos do exercício expositivo da casa, algo que se encontra nitidamente concretizado. O espaço torna-se um elemento que proporciona e sugere novos significados, lógicas e discursos.

Ora, também propondo várias dinâmicas, já não a nível físico ou estrutural, mas sim conceptual, estabelecem-se os quatro núcleos que estruturam a exposição e que, eventualmente, poderão conduzir e acompanhar o espectador ao longo do seu percurso. Determinados pelos curadores, os diferentes segmentos não se separam, contradizem ou anulam, mas, pelo contrário, completam-se e dinamizam-se, possibilitando novas relações entre as peças e, consecutivamente, entre os seus autores.

Ana Anacleto explana que a primeira direção a tomar é ir ao encontro do Outro, em ambos os pisos. No superior, por exemplo, seis fotografias assinadas por Paulo Mendes (Lisboa, 1966) revelam o intelecto de seis críticos de arte, dentro do quais Alexandre Melo, Carlos Vidal e José Luís Porfírio. Estes são apresentados ao lado a lado, através de imagens das suas estantes de livros que revelam as respectivas convicções teóricas e intelectuais que são também representativas do próprio posicionamento profissional de cada um.

Esse conceito expositivo que a curadora indicou é, de imediato, explorado à entrada da exposição, através de um forte confronto visual e, a certo nível, físico, com a obra de João Pedro Vale (Lisboa, 1976). Representativa do que é o indivíduo português, afirma-se através de um grande Barco Negro (2004) que, notoriamente, se reporta à época dos descobrimentos, um dos maiores e mais louváveis momentos da história nacional. A este simbolismo adicionam-se elementos que ilustram desde o fado ao futebol, evocando várias tradições portuguesas e o que constitui o universo da cultura popular do país. Contudo, isto não parece existir, aqui, como uma sólida estrutura, mas, pelo contrário, devido às formas escuras e macabras, o objeto conduz à ideia de uma fractura identitária profunda.

Ora, precisamente, aprofundando a ideia do sujeito em fractura, prossegue-se para uma reflexão sobre o pós-modernismo, era da fragmentação e da multiplicidade, tanto individual e social como artística. No que diz respeito a esta última, é retratada e manifestada através de obras de várias práticas e formas, também elas plurais e heterogéneas. Há transições entre a performance e a escultura, a arquitetura e a fotografia, num cruzamento de energias e ligações proporcionais às que existem nos contextos urbanos. Estes, em constante movimento e urgência, revelam-se, por exemplo, num conjunto de três fotografias de Nuno Cera, tão interessantes e cativantes quanto o seu trabalho mais recentemente produzido.

Dessa prática artística visual, avança-se para outras expressões, também visuais, que contribuem para o predomínio da tecnologia no tempo presente, algo que se assume de modo evidente no espaço e na forma de objetos que datam desde o final dos anos 90 a 2000. O vídeo, a luz, o som e a música distribuem-se pela galeria, principalmente na forma de instalações ou, como estas se podem considerar, esculturas não tradicionais, expressão utilizada pela curadora. Tal é o caso de uma das primeiras produções artísticas da atualmente tão conceituada Joana Vasconcelos, peça que, apenas exposta uma vez, em 1995, é também um exemplar do olhar visionário de Pedro Cabrita Reis.

Saber olhar para o futuro é, também, reconhecer o passado, algo que é, aqui, compreendido a partir da referência à herança artística. As práticas mais primárias, mais tradicionais serão, sempre, o fundamento do que se desenvolveu à posteriori, fulcrais para toda a criação artística. Neste caso, a pintura e a escultura, nas suas acepções mais preliminares, são relembradas e exploradas em algumas obras, compondo o último núcleo expositivo, a herança das imagens. Dentro deste, encontram-se trabalhos de três artistas, José Ferreira Martins, Hugo Cancilas e Vasco Costa, os quais se destacam não só pelas suas interessantes construções formais, como por pelas suas obras terem sido adquiridos enquanto eles trabalhavam como assistentes de Pedro Cabrita Reis. Como Ana Anacleto explica, é nítida a influência dos diálogos e das relações que se desenvolveram com essa grande personalidade.

A atual exposição é, não só, a apresentação desta coleção, como a oportunidade de retomar o diálogo com os artistas e, consecutivamente, entre estes e o público. Traz a descoberto vários prelúdios de produção artística nos quais se podem encontrar e distinguir algumas das problemáticas que tiveram continuidade no decorrer do percurso dos seus vários autores. O título Germinal é, pois, simbólico dessa génese de formas visuais, formais, plásticas e conceptuais dos artistas apresentados, da geração de 90, muitos deles que, atualmente, definem a arte nacional. Deste modo, o espólio revela uma absoluta compreensão do que constitui a evolução e o progresso artísticos, por parte de Pedro Cabrita Reis. Como tal, o que, agora, se expõe deve ser visitado e explorado, estabelecendo-se como um relevante reflexo e um importante exemplo do que tem vindo a constituir e a determinar a arte contemporânea portuguesa.



CONSTANÇA BABO