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© Bruno Simão
A BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas apresentou ontem, no Jardim de Inverno do São Luiz Teatro Municipal, a sua primeira publicação, celebrando um momento marcante nos seus dez anos de actividade transdisciplinar. A obra, com lançamento oficial na presença de artistas, curadores, críticos e público, constitui não apenas uma retrospectiva do caminho percorrido, mas também um manifesto impresso sobre o papel da arte na construção de pontes entre disciplinas, geografias e comunidades.
Pensada como um objecto artístico que assume a arte como travessia, conta com prefácio de Tiago Rodrigues e reúne textos encomendados a académicos, curadores, artistas e pensadores como Cláudia Madeira, Claudia Galhós, Raquel Lima, Gonçalo M. Tavares, Gaya de Medeiros, Odete, Delfim Sardo e Sara Franqueira.
O livro inclui ainda uma entrevista polifónica a John Romão por João Pinharanda, Mónica Guerreiro, António Filipe Pimentel, Filipa Oliveira, Liliana Coutinho, Nuno Carinhas e Magda Bizarro —, bem como documentação de processos criativos e conversas com artistas portugueses e internacionais que fizeram parte da programação da BoCA.
Como extensão visual do pensamento, o livro apresenta também um conjunto de obras visuais inéditas, encomendadas a Gus Van Sant, Agnieszka Polska, Romeo Castellucci e Tânia Carvalho.
“A expectativa era clara: que a BoCA não fosse apenas mais um evento, mas sim um movimento contínuo que incentivasse a reflexão crítica, a interação entre instituições, áreas artísticas, geografias e públicos”, sublinha John Romão, director artístico da BoCA. “Sabia que a sua força residia numa identidade plural, colaborativa, sinérgica e inclusiva, que transcendesse fronteiras artísticas, culturais e sociais.”
Essa visão é agora materializada numa publicação que se estrutura em dois eixos centrais: uma revisitação das edições anteriores da bienal, oferecendo um olhar sobre a sua evolução e impacto; e um debate alargado sobre a natureza da arte e a prática transdisciplinar, colocando questões essenciais sobre o papel da criação artística hoje.
© Bruno Simão
A concepção partiu de John Romão e o design é assinado por Ana Resende, com Rita Constante e Eunice Bastos, resultando num objecto gráfico que convida a atravessar, mais do que folhear.
Durante o lançamento, foi também anunciada a próxima edição da BoCA Bienal, que se realiza em Setembro e Outubro de 2025 e pela primeira vez decorre em dois países: Portugal e Espanha. Entre Lisboa e Madrid, o projecto atravessa fronteiras e intensifica a sua vocação internacional com um programa transdisciplinar que liga instituições, artistas e públicos.
Como refere John Romão: “A ponte ibérica que a BoCA começa a construir em 2025, com a próxima edição da bienal a ter lugar entre várias instituições culturais de Lisboa e Madrid, é a continuação desse trabalho colaborativo e o resultado não só do nosso trabalho, mas também da confiança e das relações que cultivamos com artistas e instituições.