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PRESERVATIVO DO SÉCULO XIX COM ESTAMPA ERÓTICA ESTREIA-SE EM MUSEU2025-06-05![]() Em novembro do ano passado, dois curadores de gravuras do Rijksmuseum estavam a examinar as salas de exposição de uma leiloeira em Haarlem, no noroeste dos Países Baixos, quando algo inesperado lhes chamou a atenção: um preservativo do século XIX com um estampado erótico esticado sobre a sua superfície cor de pergaminho. Huigen Leeflang e Joyce Zelen não tinham visto a listagem no catálogo e ficaram intrigados, não só porque representava uma lacuna no acervo do museu de Amesterdão, mas também porque o trabalho de doutoramento de Zelen se centrava no erotismo. Antes, porém, precisavam da permissão dos chefes em Amesterdão. Conseguiram, adquirindo o preservativo dos anos 1830 por 1.000 euros (1.140 dólares), uma pechincha, acreditam os curadores. Não houve outros concorrentes. O preservativo com 200 anos é agora a peça central de "Sexo Seguro?", uma pequena exposição no Rijksmuseum que explora o trabalho sexual e a saúde sexual do século XIX, predominantemente através de gravuras holandesas e francesas. No intervalo entre a aquisição e a exposição, os curadores catalogaram o preservativo (anteriormente, não existia um classificador para "preservativo" na base de dados) e examinaram-no exaustivamente sob luz ultravioleta (nunca foi utilizado). A conclusão? O preservativo era um souvenir de um bordel francês de luxo. A prova está na gravura que apresenta uma freira seminua sentada ao lado de três clérigos com dotações variadas e de diferentes denominações. A legenda diz: "Voilà, mon choix" ("aqui, esta é a minha escolha"). É uma espécie de piada a três: primeiro, sobre o celibato no clero, segundo, sobre as várias seitas da igreja e, terceiro, sobre a referência ao julgamento de Páris, em que o príncipe troiano foi obrigado a decidir quem era a mais bela entre as deusas Afrodite, Hera e Atena. São estes pormenores que levaram os curadores a acreditar que o preservativo foi concebido a pensar num público rico e culto. O uso de protetores genitais remonta aos antigos egípcios; a partir do final do século XV, eram predominantemente feitos de linho, couro ou bexigas de animais, materiais que não eram particularmente confortáveis nem seguros. O preservativo do Rijksmuseum é provavelmente feito de apêndice de ovelha (embora sejam necessários mais testes) e é de um tipo que estava disponível por baixo do balcão em bordéis ou barbearias até à introdução dos preservativos de borracha vulcanizada após a sua invenção no final da década de 1830. Para criar a imagem, o apêndice teria sido estendido e pressionado contra uma placa de cobre com tinta. Apesar dos seus potenciais benefícios, o uso do preservativo era fortemente mal visto pela sociedade, especialmente pela igreja. "Tal como hoje, havia dois lados da sexualidade no século XIX", disse um porta-voz do Rijksmuseum por e-mail. "O prazer de um lado e o risco de doenças sexualmente transmissíveis do outro. Portanto, este objeto incorpora os lados mais claro e mais sombrio da saúde sexual, numa época em que a busca pelo prazer sensual era repleta de medos de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a sífilis." O preservativo é um dos poucos objetos deste tipo do século XIX. Em 2011, um preservativo da mesma época foi vendido por 12.000 euros (cerca de 13.650 dólares) na leiloeira francesa Drouot e, em 2019, um preservativo de bexiga de porco de 1830 foi vendido por 2.000 euros (2.275 dólares). "Sexo Seguro?" está em exposição no Rijksmuseum, Museumstraat 1, 1071 XX Amesterdão, Holanda, até ao final de novembro. Fonte: Artnet News |