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EXPOSIÇÃO ‘CONTRACTO NATURAL’ INAUGURA NO PORTO E PRETENDE QUESTIONAR SOCIEDADE BASEADA NO PROGRESSO PELO EXTRATIVISMO

2020-10-30




A partir de 20 de Novembro, a sala de exposições do Maus Hábitos, no Porto, acolhe nova exposição, numa co-produção com a Saco Azul, Associação Cultural. Patente até 30 de Dezembro, Contracto Natural conta com curadoria de Bruno Leitão, diretor curatorial do Hangar – Centro de Investigação Artística, em Lisboa, e obras de seis artistas com residência em Portugal, mas em trânsito por diferentes países, com um percurso sólido de exposições em museus e galerias internacionais de renome.

Multíplices na forma, da performance ao vídeo, escultura e fotografia, obras de Andreia Santana, Jaime Lauriano, Jérémy Pajeanc, Yuri Firmeza, Diana Policarpo e Salomé Lamas juntam-se aqui não só no carácter experimental e de pesquisa, mas no modo como se apresentam enquanto ferramenta crítica. Reflectindo sobre o ecossistema que nos sustenta e o modelo de desenvolvimento que lhe está subjacente, os artistas levantam questões do ponto de vista social e político sobre ocorrências e projetos extrativistas, mais ou menos falhados e as implicações que advêm para os trabalhadores neles envolvidos.

Resultado da pesquisa artística em torno das “Soul Houses” do Antigo Egipto, Andreia Santana apresenta uma das esculturas do trabalho “The Skull of the Haunted Snail” (2020), uma instalação de esculturas de vidro em que examina a condição do artefacto como abrigo, que possibilita o crescimento de outros organismos (sejam eles pragas, bactérias ou fungos), modificando assim o seu estatuto museológico e descontextualizando-o. Já o artista brasileiro Jaime Lauriano, traz parte da série de trabalhos “democracia racial, melting pot e pureza de razas”, na qual recria, a partir das ilustrações de mapas e cartas náuticas, uma das cenas mais emblemáticas da história recente da humanidade – as navegações e o “descobrimento do novo mundo”, numa reflexão crítica sobre a exploração do solo e dos corpos pela mercantilização colonial. Por sua vez, Jérémy Pajeanc apresenta “Le cimetière des éléphants”, uma instalação composta por açaimes para cães e plantas que dispensam solo e água e Yuri Firmeza, uma série fotográfica que explora a história da Fordlandia, um empreendimento industrial de Henry Ford nas margens do Rio Tapajós, um afluente do Rio Amazonas.

A acompanhar a exposição, está ainda programada a exibição em três sessões (20 de Novembro - abertura, 9 e 23 de Dezembro), do filme “Eldorado XXI” de Salomé Lamas, vencedor do Grande Prémio Porto/Post/Doc em 2016, que narra a vida de Mamani, um mineiro informal en La Rinconada (Andes), sob sistema de cachorreo (semelhante ao esquema imposto pela corte Espanhola aos escravos nativos) com a esperança de um dia poder libertar a sua família desse contexto e regressar à sua terra natal. Destaque ainda para a performance Death Grip, de Diana Policarpo, apresentada na Whitechapel Gallery (UK), e desenvolvida no âmbito da obra com o mesmo título, uma instalação imersiva minimal resultante de um processo de investigação que durou cerca de um ano e passou pela Índia e pelo Nepal, e com a qual a artista venceu o Prémio Novos Artistas EDP em 2019. A atuação decorre a 9 de Dezembro, às 19h30.

Com inauguração prevista para 20 de Novembro, entre as 15h e as 00h, Contracto Natural está patente até 30 de Dezembro na sala de exposições do Maus Hábitos no Porto, com horário de visita de terça a sábado, das 12h às 00h e ao domingo, entre as 12h e as 16h. Com entrada gratuita, o acesso à exposição está limitado à lotação da sala em decorrência das recomendações da DGS, tal como as sessões de exibição do filme Eldorado XXI e a performance Death Grips, que decorrem na sala de espectáculos do espaço.





FONTE: Maus Hábitos