Links

NOTÍCIAS


ARQUIVO:

 


BIENAL DE VENEZA: MALICK SIDIBÉ RECEBE LEÃO DE OURO

2007-06-11




Na manhã de ontem, após a inauguração oficial, o fotógrafo Malick Sidibé (Mali, 1936) recebeu o Leão de Ouro pela carreira na Bienal de Veneza que abriu as portas ao público até 21 de Novembro. É a primeira vez que um artista africano recebe esta distinção, o que é muito revelador do papel minoritário que o continente tem tido neste evento centenário no qual, por exemplo, dos 77 pavilhões nacionais desta edição (recorde histórico) só existe um africano, o do Egipto. Quem teve a oportunidade de ver a obra de Sidibé - em Espanha expôs no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona e no Guggenheim, em mostras colectivas - entenderá o carácter irrefutável deste reconhecimento para com um artista que com a sua câmara conseguiu captar a evolução da cultura e da sociedade de Bamako através de imagens directas, frescas, quase sempre alegres e carregadas de uma humanidade que fazem com que o espectador crie empatia com os retratados. Na exposição internacional comissariada por Robert Storr apresenta a série “L´Afrique chante contre la sida” e junto às fotografias pode escutar-se, através de auriculares, a música de alguns desses cantos.
Se faz oito anos Harald Szeemann introduziu a arte chinesa no circuito internacional da arte contemporânea, nesta ocasião Storr quis apostar forte na arte africana. No entanto, continua a predominar a visão ocidental, inclusivamente norte-americana (para além do comissário são norte-americanos 23 dos 97 artistas seleccionados e outros nove residem e trabalham no país). Paralelamente ao prémio a Sidibé, Storr apostou na concepção de um pavilhão de África situado no Arsenal e foram vários os artistas africanos seleccionados para a mostra geral. Apesar das expectativas o pavilhão africano não levanta grandes entusiasmos. Concebida a partir da Sindica Dokolo Collecction - segundo consta a colecção de arte contemporânea privada mais importante de África constituída em três anos – a exibição, sob o título “Check list Luanda pop”, inclui o trabalho de 30 artistas, entre os quais figuram alguns que não nasceram em África mas que residem no continente (como Miquel Barceló) ou que o reflectem nas suas obras mesmo que lateralmente (como as dos obras de Andy Warhol sobre Muhammad Ali ou os quadros de Jean Michel Basquiat).

Disponível em:
www.elpais.com