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ICÓNICOS RETÁBULOS DE EL GRECO REUNIDOS PELA PRIMEIRA VEZ EM 200 ANOS

2025-02-21




O Museu do Prado de Espanha está a montar uma exposição que reúne as obras que o pintor grego Doménikos Theotokópoulos, mais conhecido por El Greco, concluiu para o Mosteiro de Santo Domingo el Antiguo na sua primeira grande encomenda.

A exposição reúne obras que El Greco, mestre do Renascimento espanhol, fez para a igreja, e marca a primeira vez que foram reunidas desde a sua dispersão, graças ao empréstimo do retábulo-mor, “A Assunção”, pelo Instituto de Arte de Chicago, que o detém desde 1906.

Em “A Assunção”, a Virgem Maria ascende ao céu numa lua crescente sobre o túmulo aberto de Jesus, enquanto auxiliada por um grupo de anjos. Possui um companheiro, feito para o ático do retábulo, intitulado “A Santíssima Trindade”, que se liga visualmente acima dele. Para tal, El Greco utilizou como referências obras de Miguel Ângelo e Albrecht Durer. Está instalado no Museu do Prado.

No retábulo-mor, “A Assunção” é ladeada por outras quatro telas que retratam João Batista e São Bernardo do lado esquerdo e João Evangelista e São Bento do lado direito, que deveriam funcionar como intermediários entre o reino terreno e o divino. Estas obras estão abrigadas no mosteiro e em coleções particulares.

Outras obras que El Greco fez para os retábulos incluem uma representação da “Adoração dos Pastores”, uma cena da natividade; a “Ressurreição”; e “O Santo Rosto”, uma representação iconográfica de uma história apócrifa em que uma mulher obtinha a “verdadeira imagem” de Jesus a partir de um pano no qual ele limpava o rosto.

Um artigo do jornal espanhol El Pais parece indicar que a única obra das nove não incluída na exposição é o retrato de São Bernardo, que estava no Museu Hermitage, em Moscovo, e não pôde viajar.

E para as obras que estão abrigadas no mosteiro, uma equipa do Museu do Prado teve de convencer as freiras a emprestarem os quadros. “Foi difícil”, disse Leticia Ruiz, chefe da coleção de pinturas renascentistas espanholas do Prado, ao jornal. A mesma acrescentou que o mosteiro também vive dos visitantes e da venda dos “deliciosos maçapões” que fazem. Então, o museu aceitou restaurar uma das suas peças do pintor Eugenio Cajés em troca do empréstimo.

Curiosamente, a exposição do Museu do Prado vem vários anos depois que o Museu do Louvre da França ter tentado, sem sucesso, o empréstimo de três obras de El Greco do Prado. Uma dessas obras foi “A Santíssima Trindade”, que o museu francês esperava que completasse a sua enorme retrospectiva com dezenas de obras do artista.

El Greco foi documentado pela primeira vez em Espanha em junho de 1577 e rapidamente recebeu a encomenda do novo mosteiro, que foi projetado e pago em conjunto por um poderoso deão da catedral chamado Diego de Castilla e uma portuguesa chamada Doña María de Silva. Segundo o museu, os dois beneméritos foram sepultados no mosteiro. O artista grego foi nomeado para fazer os retábulos por sugestão do filho de Diego, Luis de Castilla, que o tinha conhecido em Roma alguns anos antes. Concluiu a obra em 1579.

“O resultado não podia ter sido mais deslumbrante. Revelou-se um artista perfeitamente desenvolvido, com uma maturidade criativa que o ligava a alguns dos melhores pintores do Renascimento italiano”, referiu o Museu do Prado no seu site. “Estas telas também captaram os aspetos fundamentais da construção pictórica característica de El Greco.”

“El Greco. “Santo Domingo el Antiguo” está patente no Museu Nacional do Prado, Madrid, até 15 de junho de 2025.


Fonte: Artnet News