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NOVO ESTUDO DESCOBRIU QUE OS GATOS DOMÉSTICOS PISARAM PELA PRIMEIRA VEZ A CHINA HÁ MAIS DE UM MILÉNIO2025-03-13![]() Uma equipa de investigadores chineses realizou uma análise genómica de 22 ossos de gatos antigos recolhidos em 14 locais do país, representando o maior conjunto de restos mortais de felinos da China. A coleção inclui artefactos do antigo assentamento de Quanhucun, no oeste da China, onde foram descobertos ossos de gato com mais de 5.000 anos em 2013. O estudo envolveu investigadores que sequenciaram o ADN mitocondrial nos restos mortais antes de compararem os seus resultados com os dados da genética felina mundial. Entre o conjunto de dados encontravam-se 14 ossos pertencentes a gatos domésticos individuais, sendo o mais antigo originário da cidade de Tongwan, em Shaanxi, e datado por radiocarbono em 730 d.C., durante a Dinastia Tang. De acordo com o estudo da equipa, ainda não revisto por pares, a descoberta “mina a suposição comum de que os gatos domésticos estavam presentes na China já na Dinastia Han (206 a.C.–220 d.C.)”. O que não quer dizer que os gatos não tenham tido uma presença anterior na China: a análise descobriu que os gatos-leopardo selvagens (P. bengalensis), tal como o espécime Quanhucun, viviam em povoações humanas antes de 3400 a.C., cerca de quatro milénios antes de os gatos domésticos surgirem. Os gatos domésticos do estudo também foram agrupados no grupo de ADN mitocondrial do clado IV-B. Esta assinatura genética, observaram os investigadores, raramente é encontrada entre os gatos domésticos na Europa e na Ásia Ocidental, mas é semelhante à de um gato encontrado na cidade medieval de Dhzankent, no Cazaquistão. Descoberto em 2020, o animal de estimação foi datado de 775 e 940 d.C. e era provavelmente uma criatura doente cuidada pela tribo nómada Oghuz. É o gato doméstico mais antigo conhecido encontrado na Rota da Seda. Consequentemente, os investigadores sugerem que a chegada de gatos domésticos ao Leste Asiático pode ter sido facilitada pela Rota da Seda. A Dinastia Tang (618–907 d.C.), de onde é originário o gato mais velho do estudo, registou o pico de atividade ao longo da lendária rede comercial, o que impulsionou a troca de bens e ideias entre a China, a Índia e a Pérsia. Não é improvável que os comerciantes do Ocidente pudessem ter transportado gatos na sua viagem para o Leste Asiático. “Até agora, havia apenas especulação”, disse um dos coautores do estudo, Shu-Jin Luo, da Universidade de Pequim, à Science. “Esta é a primeira evidência científica.” E que gatos eram aqueles? O primeiro gato doméstico do estudo era um gato macho saudável com pelo curto todo branco ou parcialmente branco, o que o tornava “um animal de estimação exótico e sofisticado”, disse Luo. Os investigadores realizaram ainda uma pesquisa com 33 pinturas da Dinastia Tang e descobriram que 85% dos gatos retratados tinham pelagem branca (tal como a maioria dos gatos domésticos modernos do Leste Asiático em comparação com os felinos de todo o mundo, de acordo com o estudo). Estes felinos resplandecentes não viviam apenas em lares humildes, mas eram bem-vindos em residências reais. Por um lado, as primeiras referências literárias chinesas a gatos domésticos citam uma das concubinas do Imperador Tang Gaozong, a Consorte Xiao, amaldiçoando a sua rival Wu Zetian, que ordenara a sua execução: "Serei um gato na minha próxima vida e que regresses como um rato, para que te possa rasgar a garganta pela eternidade!" Wu proibiu a manutenção de gatos no palácio após a ameaça. “Os antigos chineses até realizavam rituais religiosos específicos ao trazer um gato para as suas casas”, disse Luo ao Live Science, “vendo-os não como meros bens, mas como convidados de honra”. FONTE: Artnet News |