Links

O ESTADO DA ARTE


Fig 1. The Tanks at Tate Modern.


Fig 2. Marina Abramovic re-presentação de Gina Pane - The Conditioning, First Action of Self Portrait(s) 2005, Performance, Guggenheim Museum New York


Fig 3. Marina Abramovic - The Artist is Present 2010, Performance, MoMA.


Fig 4. Allan Kaprow - Fluids 1963, Happening, Beverly Hills


Fig 5. Yves Klein - Action Spectacle 1960, Performance, d’Arquian’s salon


Fig 6. Marina Abramovic - Genital Panic 2005, Performance, Guggenheim Museum New York.


Fig 7. Yoko Ono - Cut Piece 1964, Performance, Kyoto, Japan.


Fig 8. Anahita Razmi - Re Cut Piece 2013, Performance, Dubai.

Modern.jpg" data-lightbox="image-1">
Fig 9. Alexander Scrimgeour - Dance Dance Revoltion 2015, Performance, Tate Modern.jpg

Outros artigos:

2024-04-23


ÁLBUM DE FAMÍLIA – UMA RECORDAÇÃO DE MARIA DA GRAÇA CARMONA E COSTA
 

2024-03-09


CAMINHOS NATURAIS DA ARTIFICIALIZAÇÃO: CUIDAR A MANIPULAÇÃO E ESMIUÇAR HÍPER OBJETOS DA BIO ARTE
 

2024-01-31


CRAGG ERECTUS
 

2023-12-27


MAC/CCB: O MUSEU DAS NOSSAS VIDAS
 

2023-11-25


'PRATICAR AS MÃOS É PRATICAR AS IDEIAS', OU O QUE É ISTO DO DESENHO? (AINDA)
 

2023-10-13


FOMOS AO MUSEU REAL DE BELAS ARTES DE ANTUÉRPIA
 

2023-09-12


VOYEURISMO MUSEOLÓGICO: UMA VISITA AO DEPOT NO MUSEU BOIJMANS VAN BEUNINGEN, EM ROTERDÃO
 

2023-08-10


TEHCHING HSIEH: HOW DO I EXPLAIN LIFE AND CHANGE IT INTO ART?
 

2023-07-10


BIENAL DE FOTOGRAFIA DO PORTO: REABILITAR A EMPATIA COMO UMA TECNOLOGIA DO OUTRO
 

2023-06-03


ARCOLISBOA, UMA FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA EM PERSPETIVA
 

2023-05-02


SOBRE A FOTOGRAFIA: POIVERT E SMITH
 

2023-03-24


ARTE CONTEMPORÂNEA E INFÂNCIA
 

2023-02-16


QUAL É O CINEMA QUE MORRE COM GODARD?
 

2023-01-20


TECNOLOGIAS MILLENIALS E PÚBLICO CONTEMPORÂNEO. REFLEXÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO 'OCUPAÇÃO XILOGRÁFICA' NO SESC BIRIGUI EM SÃO PAULO
 

2022-12-20


VENEZA E A CELEBRAÇÃO DO AMOR
 

2022-11-17


FALAR DE DESENHO: TÃO DEPRESSA SE COMEÇA, COMO ACABA, COMO VOLTA A COMEÇAR
 

2022-10-07


ARTISTA COMO MEDIADOR. PRÁTICAS HORIZONTAIS NA ARTE E EDUCAÇÃO NO BRASIL
 

2022-08-29


19 DE AGOSTO, DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA
 

2022-07-31


A CULTURA NÃO ESTÁ FORA DA GUERRA, É UM CAMPO DE BATALHA
 

2022-06-30


ARTE DIGITAL E CIRCUITOS ONLINE
 

2022-05-29


MULHERES, VAMPIROS E OUTRAS CRIATURAS QUE REINAM
 

2022-04-29


EGÍDIO ÁLVARO (1937-2020). ‘LEMBRAR O FUTURO: ARQUIVO DE PERFORMANCES’
 

2022-03-27


PRATICA ARTÍSTICA TRANSDISCIPLINAR: A INVESTIGAÇÃO NAS ARTES
 

2022-02-26


OS HÁBITOS CULTURAIS… DAS ORGANIZAÇÕES CULTURAIS PORTUGUESAS
 

2022-01-27


ESPERANÇA SIGNIFICA MAIS DO QUE OPTIMISMO
 

2021-12-26


ESCOLA DE PROCRASTINAÇÃO, UM ESTUDO
 

2021-11-26


ARTE = CAPITAL
 

2021-10-30


MARLENE DUMAS ENTRE IMPRESSIONISTAS, ROMÂNTICOS E SUMÉRIOS
 

2021-09-25


'A QUE SOA O SISTEMA QUANDO LHE DAMOS OUVIDOS'
 

2021-08-16


MULHERES ARTISTAS: O PARADOXO PORTUGUÊS
 

2021-06-29


VIVER NUMA REALIDADE PÓS-HUMANA: CIÊNCIA, ARTE E ‘OUTRAMENTOS’
 

2021-05-24


FRESTAS, UMA TRIENAL PROJETADA EM COLETIVIDADE. ENTREVISTA COM DIANE LINA E BEATRIZ LEMOS
 

2021-04-23


30 ANOS DO KW
 

2021-03-06


A QUESTÃO INDÍGENA NA ARTE. UM CAMINHO A PERCORRER
 

2021-01-30


DUAS EXPOSIÇÕES NO PORTO E MUITOS ARQUIVOS SOBRE A CIDADE
 

2020-12-29


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO - PARTE II
 

2020-11-29


11ª BIENAL DE BERLIM
 

2020-10-27


CRITICAL ZONES - OBSERVATORIES FOR EARTHLY POLITICS
 

2020-09-29


NICOLE BRENEZ - CINEMA REVISITED
 

2020-08-26


MENSAGENS REVOLUCIONÁRIAS DE UM TEMPO PERDIDO
 

2020-07-16


LIÇÕES DE MARINA ABRAMOVIC
 

2020-06-10


FRAGMENTOS DO PARAÍSO
 

2020-05-11


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO
 

2020-04-24


QUE MUSEUS DEPOIS DA PANDEMIA?
 

2020-03-24


FUCKIN’ GLOBO 2020 NAS ZONAS DE DESCONFORTO
 

2020-02-21


ELECTRIC: UMA EXPOSIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL NO MUSEU DE SERRALVES
 

2020-01-07


SEMANA DE ARTE DE MIAMI VIA ART BASEL MIAMI BEACH: UMA EXPERIÊNCIA MAIS OU MENOS ESTÉTICA
 

2019-11-12


36º PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA
 

2019-10-06


PARAÍSO PERDIDO
 

2019-08-22


VIVER E MORRER À LUZ DAS VELAS
 

2019-07-15


NO MODELO NEGRO, O OLHAR DO ARTISTA BRANCO
 

2019-04-16


MICHAEL BIBERSTEIN: A ARTE E A ETERNIDADE!
 

2019-03-14


JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO – O JOGO DO INDIZÍVEL
 

2019-02-08


A IDENTIDADE ENTRE SEXO E PODER
 

2018-12-20


@MIAMIARTWEEK - O FUTURO AGENDADO NO ÉDEN DA ARTE CONTEMPORÂNEA
 

2018-11-17


EDUCAÇÃO SENTIMENTAL. A COLEÇÃO PINTO DA FONSECA
 

2018-10-09


PARTILHAMOS DA CRÍTICA À CENSURA, MAS PARTILHAMOS DA FALTA DE APOIO ÀS ARTES?
 

2018-09-06


O VIGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA BIENAL DE BERLIM
 

2018-07-29


VISÕES DE UMA ESPANHA EXPANDIDA
 

2018-06-24


O OLHO DO FOTÓGRAFO TAMBÉM SOFRE DE CONJUNTIVITE, (UMA CONVERSA EM TORNO DO PROJECTO SPECTRUM)
 

2018-05-22


SP-ARTE/2018 E A DIFÍCIL TAREFA DE ESCOLHER O QUE VER
 

2018-04-12


NO CORAÇÂO DESTA TERRA
 

2018-03-09


ÁLVARO LAPA: NO TEMPO TODO
 

2018-02-08


SFMOMA SAN FRANCISCO MUSEUM OF MODERN ART: NARRATIVA DA CONTEMPORANEIDADE
 

2017-12-20


OS ARQUIVOS DA CARNE: TINO SEHGAL CONSTRUCTED SITUATIONS
 

2017-11-14


DA NATUREZA COLABORATIVA DA DANÇA E DO SEU ENSINO
 

2017-10-14


ARTE PARA TEMPOS INSTÁVEIS
 

2017-09-03


INSTAGRAM: CRIAÇÃO E O DISCURSO VIRTUAL – “TO BE, OR NOT TO BE” – O CASO DE CINDY SHERMAN
 

2017-07-26


CONDO: UM NOVO CONCEITO CONCORRENTE À TRADICIONAL FEIRA DE ARTE?
 

2017-06-30


"LEARNING FROM CAPITALISM"
 

2017-06-06


110.5 UM, 110.5 DOIS, 110.5 MILHÕES DE DÓLARES,… VENDIDO!
 

2017-05-18


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 2: "UMA HISTÓRIA DA VISÃO E DA CEGUEIRA"
 

2017-04-26


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 1: «O REAL É SEMPRE AQUILO QUE NÃO ESPERÁVAMOS»
 

2017-03-29


ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO CONTEMPORÂNEO DE FEIRA DE ARTE
 

2017-02-20


SOBRE AS TENDÊNCIAS DA ARTE ACTUAL EM ANGOLA: DA CRIAÇÃO AOS NOVOS CANAIS DE LEGITIMAÇÃO
 

2017-01-07


ARTLAND VERSUS DISNEYLAND
 

2016-12-15


VALORES DA ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA CONVERSA COM JOSÉ CARLOS PEREIRA SOBRE A PUBLICAÇÃO DE O VALOR DA ARTE
 

2016-11-05


O VAZIO APOCALÍPTICO
 

2016-09-30


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 2
 

2016-08-25


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 1
 

2016-06-24


COLECCIONADORES NA ARCO LISBOA
 

2016-05-17


SONNABEND EM PORTUGAL
 

2016-04-18


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (II)
 

2016-03-15


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (I)
 

2016-02-11


FERNANDO AGUIAR: UM ARQUIVO POÉTICO
 

2016-01-06


JANEIRO 2016: SER COLECCIONADOR É…
 

2015-11-28


O FUTURO DOS MUSEUS VISTO DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO
 

2015-10-28


O FUTURO SEGUNDO CANDJA CANDJA
 

2015-09-17


PORQUE É QUE OS BLOCKBUSTERS DE MODA SÃO MAIS POPULARES QUE AS EXPOSIÇÕES DE ARTE, E O QUE É QUE PODEMOS DIZER SOBRE ISSO?
 

2015-08-18


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 2
 

2015-07-29


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 1
 

2015-06-06


O DESAFINADO RONDÒ ENWEZORIANO. “ALL THE WORLD´S FUTURES” - 56ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE DE VENEZA
 

2015-05-13


A 56ª BIENAL DE VENEZA DE OKWUI ENWEZOR É SOMBRIA, TRISTE E FEIA
 

2015-04-08


A TUMULTUOSA FERTILIDADE DO HORIZONTE
 

2015-03-04


OS MUSEUS, A CRISE E COMO SAIR DELA
 

2015-02-09


GUIDO GUIDI: CARLO SCARPA. TÚMULO BRION
 

2015-01-13


IDEIAS CAPITAIS? OLHANDO EM FRENTE PARA A BIENAL DE VENEZA
 

2014-12-02


FUNDAÇÃO LOUIS VUITTON
 

2014-10-21


UM CONTEMPORÂNEO ENTRE-SERRAS
 

2014-09-22


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro - Parte II
 

2014-09-03


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro – Parte I
 

2014-07-16


ARTISTS' FILM BIENNIAL
 

2014-06-18


PARA UMA INGENUIDADE VOLUNTÁRIA: ERNESTO DE SOUSA E A ARTE POPULAR
 

2014-05-16


AI WEIWEI E A DESTRUIÇÃO DA ARTE
 

2014-04-17


QUAL É A UTILIDADE? MUSEUS ASSUMEM PRÁTICA SOCIAL
 

2014-03-13


A ECONOMIA DOS MUSEUS E DOS PARQUES TEMÁTICOS, NA AMÉRICA E NA “VELHA EUROPA”
 

2014-02-13


É LEGAL? ARTISTA FINALMENTE BATE FOTÓGRAFO
 

2014-01-06


CHOICES
 

2013-09-24


PAIXÃO, FICÇÃO E DINHEIRO SEGUNDO ALAIN BADIOU
 

2013-08-13


VENEZA OU A GEOPOLÍTICA DA ARTE
 

2013-07-10


O BOOM ATUAL DOS NEGÓCIOS DE ARTE NO BRASIL
 

2013-05-06


TRABALHAR EM ARTE
 

2013-03-11


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (III)
 

2013-02-12


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (II)
 

2013-01-07


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS. META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (I)
 

2012-11-12


ATENÇÃO: RISCO DE AMNÉSIA
 

2012-10-07


MANIFESTO PARA O DESIGN PORTUGUÊS
 

2012-06-12


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (II)


 

2012-05-16


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (I)
 

2012-02-06


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (III - conclusão)
 

2012-01-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (II)
 

2011-12-07


PARAR E PENSAR...NO MUNDO DA ARTE
 

2011-04-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (I)
 

2010-10-29


O BURACO NEGRO
 

2010-04-13


MUSEUS PÚBLICOS, DOMÍNIO PRIVADO?
 

2010-03-11


MUSEUS – UMA ESTRATÉGIA, ENFIM
 

2009-11-11


UMA NOVA MINISTRA
 

2009-04-17


A SÍNDROME DOS COCHES
 

2009-02-17


O FOLHETIM DE VENEZA
 

2008-11-25


VANITAS
 

2008-09-15


GOSTO E OSTENTAÇÃO
 

2008-08-05


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO II – O DISCURSO NO PODER
 

2008-06-30


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO I
 

2008-05-21


ARTE DO ESTADO?
 

2008-04-17


A GULBENKIAN, “EM REMODELAÇÃO”
 

2008-03-24


O QUE FAZ CORRER SERRALVES?
 

2008-02-20


UM MINISTRO, ÓBICES E POSSIBILIDADES
 

2008-01-21


DEZ PONTOS SOBRE O MUSEU BERARDO
 

2007-12-17


O NEGÓCIO DO HERMITAGE
 

2007-11-15


ICONOLOGIA OFICIAL
 

2007-10-15


O CASO MNAA OU O SERVILISMO EXEMPLAR
 

OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 2

MARTA RODRIGUES

2015-08-18




 

Apresentar/Re-presentar

RoseLee Goldberg declarou numa entrevista que “a performance vai ser “o” suporte artístico do séc. XXI.” (Goldstein, 2012) De facto ela estava certa. Os museus estão cada vez mais envolvidos com a performance art ao dedicar espaços e exposição a este tipo de arte. A apresentação da performance em museus e festivais já faz parte do mundo da arte actual. Para enfatizar esta tendência é obrigatório referir os Tate Tanks. Os Tate Tanks abriram em Julho 2012, e são “as primeiras alas de um museu permanentemente dedicadas a expor arte ao vivo, performance, instalações e trabalhos de filme no mundo.” (Serota, 2012) Esta iniciativa tem vindo provar-se essencial, não só para a apresentação da performance, instalação e new media art mas também para a sua conservação. [Fig. 1] Como o Chris Dercon, director da Tate Modern declarou: “(…) existe o problema de armazenar as performances. Os Tate Tanks servem para coleccionar, reconstruir e mostrar performances.” (Davoudi, 2012) De facto os Tanks são um projecto incrivelmente importante para a performance que funcionará como um palco para os artistas contemporâneos da performance e como um lugar para envolver o publico com a historia da performance. Catherine Wood, curadora de arte contemporânea e performance na Tate, considera que “a arte é muitas vezes mostrada em contactos muito diferentes daqueles que originalmente eram pretendidos. Num museu podemos ver as coisas em contextos de outras obras: é para isso que os museus servem.” (Higgins, 2012) Isto leva-nos a pensar numa outra forma de apresentar a performance: a re-presentação.[Fig. 2]

Re-presentar, re-criar re-fazer, re-encenar… Estes termos estão directamente ligados com a performance art relativamente à maneira como podemos apresentá-la. Já reflectimos sobre alguns dos problemas sobre a preservação e colecção da performance art mas agora temos que pensar sobre a representação da obra preservada mas que antes foi apresentada. Confuso? Para Marina Abramovic na sua exposição no MoMa The Artist is Present foi bastante simples. Ela queria demonstrar que era possível preservar a performance art através de recriações ao vivo dentro do contexto de um museu. (Cotter, 2010) Assim, a artista recrutou os seus alunos de performance para um retiro no campo e treinou-os usando os seus próprios métodos de criação artística para recriar as suas próprias peças do passado. (Akers & Dupre, 2012) Para ela, as formas tradicionais de documentação como a fotografia e o vídeo não são de confiança e não a satisfazem: “A única maneira de documentar uma peça de performance art é re-apresentar a peça em si”, declara a artista. (Barrett, 2011) [Fig. 3]

Por exemplo, para Allan Kaprow um happening apenas poderia existir uma vez. [Fig. 4] Porém, eventualmente o artista deu a sua permissão para refazer um dos seus happenings, 18 Happenings in 6 parts na galeria Hans der Kunst em Munique. Kaprow apercebeu-se que a peça “não existia para além dos relatos fragmentários em primeira mão preservados pelo grupo de pessoas que assistiram ao evento”, daí ter decidido faze-lo. (Barret, 2011) Robert Morris e Bruce Naumann por exemplo, permitiram a reconstrução dos seus trabalhos, dando instruções minuciosas sobre o cenário que deveria ser recriado. (Rebordão et al., 2010). Representar performances pode ser feito com sucesso. Desde os guias até à documentação fornecida pelos artistas, podemos representar uma peça de performance art e envolver o publico com a acção ao vivo em vez de arquivos de video ou fotografia dispostos numa galeria.[Fig. 5]

Para alguns académicos, representar obras de performance art pode ser uma optima solução para reinterpretar e preservar. No entanto, para outros esta representação pode levar a uma interpretação errada ou a uma percepção errónea da peça. A artista da performance Carolee Schneemann, “assume que nenhum dos pioneiros dos anos 70 quer que as suas peças sejam recriadas”, por exemplo. Chris Burden era um desses pioneiros e não deixava que nenhum dos seus trabalhos fosse refeito. (Harris, 2010) Não obstante, Nicholas Logsdail (fundador da Lission Gallery) concorda com o ponto de vista de Marina Abramovic, dizendo que a performance pode perfeitamente ser re-apresentada e re-interpretada tal como partituras musicais. Assim, para dar continuidade a esta discussão é importante mencionar uma serie que Marina Abramovic apresentou no Guggenheim Museum em Nova Yorque, Seven Easy Pieces. Nesta serie, a artista recriou cinco trabalhos de artistas da performance que influenciaram o seu trabalho artístico, uma performance sua, Lips of Thomas, e mais uma nova performance fazendo as sete peças. Marina queria “expor um modelo para a re-encenação da performance que respeitasse o passado e abrisse outros possibilidades para a reinterpretação.” (Barret 2011) Olhando para umas das recriações a Genital Panic de Valie Export, apesar de Marina ter conseguido reproduzir a obra na perfeição, nunca será repetida no mesmo contexto, considerando que a peça de Valie “foi apresentada no despertar do movimento feminista e foi estruturada à volta do interior de uma cinema”; a peça de Marina foi apresentada em 2005 numa galeria de arte. (Barrett, 2011). Muitos argumentam que isto poderá levar a uma percepção errónea da peça original, mas se pensarmos bem, nós temos noção do contexto original da peça de Valie Export. O que aconteceu naquela galeria em 2005 serviu para demonstrar importância e relevância ao passado trazendo-o para um novo publico e contexto agora. Como o curador Inke Arns considera:

“Assim, podemos afirmar que as re-encenações artísticas não são uma confirmação afirmativa do passado; em vez disso, são maneiras de questionar o presente através de eventos históricos passados que se gravaram inevitavelmente na nossa memória colectiva.” (Arns 2007)

 

Re-presentar a performance art pode ser uma vantagem se considerarmos que é uma maneira de mostrar uma peça que em tempos “viveu” num certo tempo a um publico de hoje e do futuro. É também uma maneira de envolver as pessoas com as diferentes realidades da historia da performance pois poderá ajuda-las a entender o que foi, porque é que foi assim e o que é agora. [Fig. 6]

Outro bom exemplo seria a performance de Yoko Ono, Cut Piece de 1964. [Fig. 7] Durante esta performance a artista sentou-se num palco com um par de tesouras e convidou o publico a cortar uma peça da sua roupa. (Kalsi, 2013) O guião desta peça foi representado com o passar dos anos em vários países pela própria Yoko e ela conseguiu “monopolizar a experiência de casa representação para assim poder desenvolver o seu trabalho mais além.” (Barrett, 2011) Por exemplo no Japão a sua performance foi percebida como striptease, em Londres e Nova Iorque o publico não interagiu com o ritual da maneira certa. Em 2003 ela conseguiu passar a mensagem que desejava do “acto de dar” para o publico. A artista declarou que “quando apresentei esta performance em 1964 fiz-lo com raiva e fúria. Desta vez faço-o por vocês com amor pelo mundo… Cut Piece é a minha esperança para a paz mundial.” (Barrett, 2011) Em 2013 podemos ver a artista Iraniana baseada na Alemanha, Anahita Razmi a usar o mesmo conceito que a Cut Piece mas num contexto diferente com a sua Re/cut piece. Anahita veste um vestido Gucci preto e convida o publico do Dubai a corta-lo. Aqui, a artista foca-se num contexto diferente, um contexto associado à moda e luxúria, centrado no valor do vestido. (Kalsi, 2013) [Fig. 8]

 

“Re-encenar performances de referência, gera discussões fascinantes sobre a natureza da performance, a sua efemeridade como é que os artistas a usam para expressarem determinados conceitos. Fornece uma oportunidade para revisitar os tempos de quando a peça foi originalmente feita.” (Richards, 2013)

 

Os museus são lugares de envolvimento de contextos passados com contextos novos, onde a historia é guardada e partilhada. Claramente, representar a performance art levanta muitas questões relativamente à autenticidade, apropriação ou má interpretação. Contudo, representar é essencial para a prevalência deste tipo de arte na sua forma original: ao vivo.

 


Conclusão

“As bienais record focadas na performance, exposições e feiras de arte dos passados cinco ou seis anos - a Yokohama Triennial de 2011, os Art Parcours da Art Basel ou a Documenta deste ano - deixam bem claro que à medida que avançamos para a segunda década do séc. XXI a performance é sem dúvida a forma de arte dos nossos tempos.” (Goldberg, 2012)

 

Recentemente há uma tendência para a performance art. Os artistas têm abraçado a performance de várias maneiras, esbatendo as barreiras entre as disciplinas; os artistas visuais estão interessados em apresentar performances e os percorram querem apresentar o seu trabalho num espaço de galeria. (Pogrebin, 2012) Deste modo, podemos notar que existe um crescente compromisso institucional em relação aos artistas que trabalham com a arte efémera, o que é perfeitamente natural considerando que as instituições artísticas querem acompanhar a arte do momento.

É certo que o museu de arte contemporânea está a adaptar-se gradualmente a formas de arte mais complexas, como a performance art, new media art e net art por exemplo, e cujos profissionais têm feito um esforço para trazer estas formas de arte para as coleções e cuidados dos museus.

 

“Em 1900, Benjamin Ives Gilman foi bastante claro quando afirmou que uma vez colecionada a arte pode ser apreciada, investigada, re-interpretada e por sua vez fazer parte de uma base critica continua. É portanto importante que todos os tipos de arte sejam colecionados.” (Cook & Graham, 2010, p.296)

 

Sendo duas das missões do museu de arte a coleção de obras de arte e proporcionar um lugar para a exploração educacional, é importante que a performance art seja incluída para que as gerações futuras possam aprender sobre ela. Já vimos que muitas instituições artísticas já colecionam e preservam a performance, no entanto ainda há algumas questões a trabalhar relativamente às estratégias implementadas. A performance art exige uma relação próxima entre artista, curador, conservador e até mesmo com o público. É por isso que o processo de aquisição da obra está directamente ligado com todos os outros processos que acontecem a seguir, o que é um estratégia complicada de conseguir para uma instituição que não tem um departamento inteiro dedicado à performance. Assim, na altura da compra, a documentação da peça tem que acontecer juntamente com o artista para decidirem qual o método de preservação mais adequado para que no futuro possa ser apresentada ao publico correctamente.

Re-presentar a performance art ainda é uma opção complicada para alguns profissionais de museus, críticos e artistas. No entanto, olhando para os exemplos aqui referidos, podemos ver as possibilidades e vantagens desta possibilidade.

Para concluir, conseguimos compreender que o museu de arte contemporânea está a mudar os seus valores e propósitos e que a performance art faz parte dessas mudanças. [Fig.9] Hoje em dia, os “curadores organizam novos projectos, fornecem contextos e conversações publicas e passam tempo de estúdio com os artistas para provocar novos trabalhos e dar feedback, critica e conhecimento.” (Goldberg, 2012) Esta relação próxima com o museu é chave para um melhor envolvimento com o publico e a performance art está a ter um papel fundamental em motivar essa relação.

Coleccionar, preservar e apresentar a performance art deveria-se tornar um processo normal para qualquer instituição de arte contemporânea que possua as condições adequadas para acomodar esta forma de arte. por fim, é também necessário tornar este tipo de arte acessível a todos e por sua vez trabalhar mais na digitalização das coleções.

 

 

[este texto é a segunda parte do artigo Os desafios do efémero: conservar a performance art, a primeira parte foi publicada a 29 de Julho de 2015 e pode ser consultada aqui]

 

Marta Rodrigues
Licenciada em Artes Plásticas e Intermédia na Escola Superior Artística do Porto e Mestre em Estudos de Museus e Galerias na Kingston University London.

 

 

:::

Referências bibliográficas

Akers, M., & Dupre, J. (2012). Marina Abramovic: The artist is present. United States (USA): Music Box Films.
Arns, I. (2007). History Will Repeat Itself: Strategies of Re-enactment in Contemporary (Media) Art and Performance. Retrieved April 02, 2014
Barrett, H. (2011). Reinterpreting Re-performance. Retrieved April 02, 2014
Cotter, H. (2010). At MoMA, a Performance Artist Endures - NYTimes.com. Retrieved April 02, 2014
Davoudi, S. (2012). Tate Modern unveils huge new galleries. Finacial Times.
Goldberg, R. (2012). The performance era is now - The Art Newspaper. Retrieved March 20, 2014
Harris, G. (2010). Performance art in the marketplace. Finacial Times. Retrieved April 08, 2014
Higgins, C. (2012). Tate Modern unlocks Tanks – and introduces live art into mainstream. The Guardian. Retrieved April 03, 2014
Kalsi, J. (2013). “Re/cut piece” challenges perceptions | GulfNews.com. Weekend Review
Rebordão, A. J., Pais, B. J., Brugerolle, M. de, Chougnet, J.-F., Dias, J. P., Falcão, P., … Scholte, T. (2010). A Arte Efémera e a Conservação - Ephemeral Art and Conservation- paradigma da arte contemporanea e dos bens etnograficos - the paradigm of contemporary art and ethnographic objects. (R. Macedo & R. Silva, Eds.). Instituto de História da Arte.
Richards, B. (2013). A Place of Action - Performa founding director & curator RoseLee Goldberg interviewed by Bree Richards. Das Super Paper 26. Retrieved April 07, 2014
Serota, N. (2012). Tate Tanks: Nicholas Serota: the Tate Tanks connect the past and present. The Telegraph. Retrieved April 08, 2014