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WALID RAADThe Atlas Group ArchivePAULA COOPER GALLERY 534 West 21st Street New York, NY 10011 17 FEV - 24 MAR 2007 A exposição na galeria Paula Cooper do trabalho recente de Walid Raad (n. 1967), artista de ascendência libanesa a viver em Nova Iorque e Beirute, continua na mesma linha da série de projectos inseridos no arquivo real-fictÃcio “The Atlas Group Archiveâ€. “The Atlas Group Archive†é um projecto com catorze anos, que explora a história contemporânea do LÃbano, sobretudo o estado de guerra. Raad, o seu membro fundador (e talvez único), trabalha com fotografia, texto, som, vÃdeo e performance. Cria documentos que pertencem a heterónimos, pessoas vulgares que guardariam informação de modo compulsivo. Raad encontra e guarda esses documentos, e apresenta-os no seu web-site, em instalações multimedia em galerias, ou através de palestras. O trabalho tem uma componente fictÃcia – a sua ligação poética – que traça possÃveis acções humanas num paÃs entre guerras. São geralmente acções que levam à contemplação oscilante entre fantasia e história, memória e realidade. São subtextos de um LÃbano contemporâneo. Raad cria histórias, que são elas próprias uma versão da História. “The Atlas Group Archive†compõe-se de três tipos de arquivos: “Files Type A†– documentos com autoria; “Files Type FD†– documentos encontrados; e “Files Type AGP†– documentação produzida pelo Atlas Group. Nos documentos com autoria temos “Fadl Fakhouri Fileâ€, “Operator # 17â€, “Souheil Bachar Fileâ€. Fadl Fakhouri foi um historiador libanês, que escreveu cadernos de notas e num deles, por exemplo, documentou carros-bomba. Fez também dois filmes em super-8, que o acompanharam sempre entre 1975 e 1991. Num dos filmes expunha um fotograma, de cada vez que lhe parecia que as guerras tinham acabado; no outro, um fotograma de cada vez que ia ao dentista. Os filmes chamam-se “Miraculous Beginnings†e “No, Illness Is Neither Here Nor Thereâ€. O resultado é um caleidoscópio relativamente aleatório. Fakhouri doou os seus registos ao “Atlas Group Archiveâ€, para preservação e apresentação. Em “Operator # 17†dedicou-se a filmar o pôr-do-sol diário, em vez de fazer o devido trabalho de registo dos transeuntes suspeitos de conspiração, que se encontravam no passeio maritÃmo de Beirute. O vÃdeo chama-se “I Think It Would Be Better If I Could Weep†e o operador de câmara, então despedido pelos agentes de segurança libaneses, ofereceu a cassete de vÃdeo ao Atlas Group, a quem deu também a entrevista onde explica o seu interesse pelo pôr-do-sol. Continuamos a seguir acontecimentos através de objectos misteriosos, como em “Secret Files In The Open Seaâ€, uma série de seis fotografias de 110x183 cm, enterradas 32 metros debaixo da terra e encontradas em Beirute, durante a escavação de uma zona comercial arrasada pela Guerra, em 1992. Foram posteriormente cedidas para análise, pelo governo libanês, ao “AG Archiveâ€. O Atlas Group descobriu retratos de grupo nas impressões, em que todas as pessoas foram identificadas. Essas pessoas tinham sido encontradas mortas no Mediterrâneo, entre 1975 e 1990. Na actual exposição, podemos ver uma série de fotografias, uma série de foto-colagens e um vÃdeo. A autoria das duas primeiras é atribuÃda a Walid Raad. As fotografias têm o tÃtulo “Untitled (1982-2007)â€, são quinze impressões de grande formato e documentam a invasão e ocupação de Beirute, em 1982, pelo exército israelita. Nesse Verão, Raad, então com quinze anos, interessou-se por fotografar os acontecimentos, sem lhes chegar perto, a partir da sua casa em Beirute Oriental. Ao voltar agora a ampliar e a imprimir as imagens, a partir dos negativos bem guardados, Raad descobriu riscos, cores e buracos inesperados, que acrescentam à s imagens a realidade estética impressa pela catástrofe e pelo tempo. A série “Untitled (1987-2007)†inclui documentos de um diário que corresponde a fotografias dos sÃtios onde Raad encontrou balas e se dedicou a coleccioná-las. As fotografias dos lugares, a preto e branco, estão cobertas de pequenas bolas de diferentes tamanhos e cores, que formam o diagrama dos diferentes tipos de balas encontradas naquele local e as suas concentrações. Os locais são edifÃcios, árvores, passeios e outros espaços. A série consta de dezassete imagens, que simbolizam os dezassete paÃses que continuam a fornecer armas à s milÃcias e exércitos que ainda combatem no LÃbano. O vÃdeo “We Can Make Rain But No One Came To Ask†(2006), supostamente não assinado por Raad, é uma colaboração de um investigador de carros-bomba e de um jornalista, e centra-se numa detonação que ocorreu em Beirute em 1986. Como material, usa cassetes de vÃdeo, diagramas e notas suas. O que se passa neste trabalho, a nÃvel ecológico, polÃtico e social é também o interesse pelo inverso das situações hipoteticamente possÃveis, e a análise de situações reais, através de uma lente de fantasia compulsiva e anestesiante. Walid Raad pretende manter a dúvida sobre o que foi exactamente realizado por ele, mesmo quando a autoria é supostamente sua, e mesmo que todos saibamos que, no fundo, tudo é de sua autoria no “Atlas Group Archiveâ€. Esta dúvida está presente nas instalações, apesar de sabermos, com a distância e a informação de que dispomos, que tudo é uma ficção baseada em acontecimentos polÃticos e sociais perturbadores, do quotidiano libanês recente. Penso que não interessa a Raad informar só sobre a história, mas usá-la como potencial de um imaginário social e cultural muito singular. Assim, tece uma triangulação de factos todos eles existentes, embora em diferentes nÃveis. LINK www.theatlasgroup.org/
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