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EXPOSIÇÕES ATUAIS


Cortesia The Armory Show


Cortesia The Armory Show


Cortesia The Armory Show


Cortesia The Armory Show


Cortesia The Armory Show


Cortesia The Armory Show


Blade Study presents Paige K. B.: Artist's Studio in the production of her booth, Very Beautiful Images With Quite A Bit Of Concerning Text Laid Over The Artwork, Booth #426. © Eric Helgas


Blade Study presents Paige K. B.: Artist's Studio in the production of her booth, Very Beautiful Images With Quite A Bit Of Concerning Text Laid Over The Artwork, Booth #426. © Eric Helgas

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FEIRA DE ARTE

THE ARMORY SHOW




JAVITS CENTER
429 11th Ave, New York
NY 10001, Estados Unidos da América

06 SET - 08 SET 2024


 

Passados apenas dois dias da minha chegada à cidade de Nova Iorque, e com o compreensível entusiasmo de estar ao meu acesso o agitado movimento cultural desta cidade, visitei a feira de arte The Armory Show, num fim de semana preenchido com uma série de outras feiras de arte, de maior e menor dimensão.

Dando um muito breve contexto e deixando por contar uma história com demais curiosidades e sob a alçada da qual se poderia analisar e compreender não apenas o mundo da arte; The Armory Show é uma feira de arte contemporânea fundada em 1994, que celebrou este Setembro o seu 30º aniversário. Recuperando o nome da famosa exposição internacional de arte moderna acontecida em 1913, e tendo como propósito dos seus fundadores - os art dealers Colin de Land, Pat Hearn, Matthew Marks and Paul Morris - captar a atenção mundial e criar uma rede de suporte dos artistas, The Armory Show apresenta-se (lê-se na sua página e em todos os comunicados de imprensa) não só como ambiciosa, como uma força galvanizadora no mundo da arte e impulsionadora do cenário cultural em Nova Iorque.

A feira apresenta-se distribuída por várias secções, cada uma das quais com uma diferente figura curatorial e incluiu esta edição uma programação off-site. Conta com a participação de galerias estabelecidas, galerias jovens - com menos de dez anos - e organizações sem fins lucrativos, de museus a fundações.

Tendo eu visitado a edição anterior desta mesma feira, em 2023, e muito embora céptica ao modelo de partilha pública dos trabalhos de tantos artistas - não nos esqueçamos que é colocado o ónus em feira e não em arte - visitei The Armory Show disponível e curiosa. Se é verdade que as feiras de arte não são os lugares apropriados para realmente ver ou experienciar a produção artística, enquanto visitante, estas dão-nos a ver outros dados; permitem-nos uma visão geral, uma paisagem das práticas e dos fulgores dos dias, assim como considerações sobre tendências e influências.

Se for isso verdade - se as famosas feiras de arte nos permitem uma visão geral do que se passa ao nível da criação (em contexto mercantil e institucional) - não poderia carregar maior tristeza.

Tendo para mim assente a minha falta de modéstia ao pensar que poderei tecer considerações sobre a qualidade do que é apresentado, não posso deixar de apontar a maçadora repetição de práticas, a excessiva apresentação de pintura, sem meio termo entre um pastiche expressionista, maioritariamente abstracto e um pastiche minimalista, geométrico e de ar airoso; repetidos registos da mimetização de colagens em pintura, execuções de mestria puramente técnica de imagens anteriormente formadas, sem uma qualquer preocupação pela exploração do próprio meio da pintura e quase mesmo o ignorando; abordagem abundantemente plana e sem consideração pela possível profundidade dos planos de imagem; a apresentação dos vários stands com trabalhos a condizer cromaticamente, sem qualquer arrojo, sem um qualquer toque provocador e articulados por critérios meramente decorativos, tornando as obras apresentadas como - não que assim não o sejam - meros objectos de comercialização. Uma mesma melodia repetitiva, sempre igual.

De forma generalizante, não se revelaria a diferença de períodos históricos nas peças apresentadas de artistas do século XX - não fosse pelo peso, reconhecimento e qualidade que as caracterizam - o que indicia uma grande desconsideração pela contemporaneidade, nas suas multiplicadas formas e registos. Será? Será isto uma condição do mercado? Ou será essa a condição das obras dos artistas que se podem encontrar no mercado, sintomático de que o que realmente acontece de fulgurante foge à sua captura comercial?

Os stands que têm soluções contemporâneas (receio desgastar ainda mais uma palavra já esvaziada) - nos registos, formas e na consideração do espaço como um todo da experiência do ver - o que retirará também as peças do único espaço decorativo em que se encontram encerradas (muito embora, naturalmente, lá possam voltar) - são francamente fracos nas obras que nos apresentaram. Arriscando apenas a escorregadela numa estética trendy ou recurso a soluções de montagem exuberantes sem grande razão de ser para além do seu próprio espectáculo. Disso sintoma; quando visito uma feira tiro duas listas de fotografias - uma das soluções de instalação inteligentes e a outra de peças que me interessam. Embora não seja o indivíduo mais facilmente impressionável, é revelador a parca quantidade de fotografias por mim registadas, em qualquer uma das categorias pelas quais me organizo.

 

Blade Study presents Paige K. B.: Artist's Studio in the production of her booth, Very Beautiful Images With Quite A Bit Of Concerning Text Laid Over The Artwork, Booth #426. © Eric Helgas

 

Sendo este um curto comentário centrado na minha decepção, deixo apenas uma nota de consideração pela apresentação da galeria nova iorquina Blade Study - este ano vencedora do prémio Gramercy International Prize, que premeia jovens galerias - com o belíssimo trabalho da artista Paige K.B.; a galeria Hunt Kastner pelas peças apresentadas de Anna Hulacova, Eva Kotatkova, Jaromir Novotny, Ji?í Skála, Jiri Thyn e a Goya Contemporary Gallery sediada em Baltimore, pela garra da instalação “Angry Woman” (1972) de Louise Fishman.

Como último pensamento, deixo a feira, um pouco triste com a falta de arrojo do mercado da arte e das instituições que o vão também amparando.
Contudo, deixo também a feira com a redobrada certeza de que a arte - essa força movente e provocadora - acontece nas margens, acontece em lugares ainda não abocanhados pela necessidade da sua venda ou regido por outras éticas.

No final, Nova Iorque continua tão entusiasmante como previsto, só não aqui.

 

 

 

 

Catarina Real
(1992, Barcelos) Trabalha na intersecção entre a prática artística e a investigação teórica no campos expandidos da pintura, escrita e coreografia, maioritariamente em projectos colaborativos de longa duração, que se debruçam sobre o questionamento de como podemos viver melhor colectivamente. É doutoranda do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho com uma investigação que cruza arte, amor e capital. Encontra-se em desenvolvimento da Terapia da Cor, prática aplicada entre teoria da cor, arte postal e intuição coreográfica. Mantém uma prática de comentário - nas vertentes de textos de reflexão, textos introdutórios a exposições, entrevistas e moderação de conversas - às obras e processos realizados pelos artistas na sua faixa geracional, com a intenção de contribuir para um ambiente salutar de crítica e criação colectiva e comunitária.
Foi artista residente na Residency Unlimited, Nova York, com apoio do Atelier-Museu Júlio Pomar/EGEAC.



CATARINA REAL