|
André Gomes, Inez Teixeira, Lluís Hortalà, Magali Sanheira, Manuel Valente Alves, Pauliana V. Pimentel, Pedro Cabral Santo, Rui Sanches, São Trindade.
Curadoria | victor pinto da fonseca
«I do not want art for a few anymore than I want education for a few, or freedom for a few» William Morris (1834 – 1896) Lembrar o potencial e as possibilidades da arte, é romântico, num certo sentido. A exposição O Sonho de Wagner, retira o seu título ao documentário realizado em 2012 por Susan Froemke, sobre a magnífica produção de Robert Lepage da tetralogia de Wagner: O Anel de Nibelungo. O Anel de Nibelungo (1848-1874) refere como a sociedade se torna refém do poder e do dinheiro e, como isso é destrutivo… Objectivamente, esta alusão - actualmente - é extraordinariamente importante: nós podemos ver isto, no tempo presente; os problemas, os sonhos, são os mesmos que agora nos ocupam. A sociedade esqueceu-se do essencial, parecendo que a economia se tornou na medida absoluta de como nós ordenamos e ditamos o progresso e o desenvolvimento. É interessante lembrar como no nosso país já não é possível sonhar, empreender é impossível mesmo, sobretudo na arte! Paradoxalmente só a arte nos oferece tudo. Vasto Mundo o do Romantismo O título da exposição O Sonho de Wagner, é também uma referência à arte pela arte, nosso último reduto de participação e liberdade e, segundo, uma referência ao romantismo – à necessidade de nos construirmos em liberdade de pensamento, que nos permita encontrar a verdadeira medida da nossa loucura, exaltando o prazer dos sentidos capaz de captar as emoções e a sensibilidade da humanidade. O romantismo enquanto arte, sempre apareceu ligado ao conceito de liberdade, de transcendência entre outros, no sentido revolucionário. Ainda que o romantismo se exprima entre a época neo-classicista (quase em simultâneo, ainda que numa óptica antagónica) e o realismo, actualmente é difícil (insensato) estabelecer -com precisão - onde começa o romantismo em termos de espírito, comportamento e vontade. O termo “romântico” designa menos um período histórico ou um movimento artístico preciso, que um conjunto de qualidades, temperamentos, de atitudes e sentimentos - cujas particularidades residem na sua natureza específica e sobretudo na origem das suas relações. À medida da literatura, o romantismo terá a sua origem em Shakespeare (Romeu e Julieta) e reencontra-se em Baudelaire. Mas o que é sobretudo original no romantismo, é o princípio que reúne naturezas duplas, através de uma linha que corre entre o sentimento (emoção) e a razão: ligação que não visa excluir as contradições ou resolver o dualismo (as antíteses) espírito/ coração, vida/ morte, finito/ infinito, do bem e do mal, mas acolhê-las numa coexistência (complementaridade) que constituí a verdadeira novidade do romantismo. O critério simples que determinou a escolha metódica dos artistas, é podermos encontrar personalidade romântica em aspectos da vida de cada um destes artistas, devendo o visitante fazer a sua própria leitura das obras expostas. É incrivelmente importante a complexidade que a prática artística nos pode trazer. A exposição O Sonho de Wagner responde a um propósito específico, de incitar o visitante a apropriar-se no essencial do “sentimento romântico”.
Meia praia, Agosto 2012
victor pinto da fonseca