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EXPOSIÇÕES ATUAIS


Hiroshi Sugimoto, “Colors of Shadow: C1028â€, 2006


Hiroshi Sugimoto, “Colors of Shadow: C1030â€, 2006


Hiroshi Sugimoto, “Colors of Shadow: C1032â€, 2006

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ARQUIVO:


HIROSHI SUGIMOTO

Colors of Shadow




GALERIE MARIAN GOODMAN - PARIS
79, rue du Temple
75003 Paris

16 SET - 25 OUT 2006


Hiroshi Sugimoto, fotógrafo japonês nascido em 1948, dispensa apresentações. Uma retrospectiva recente organizada pelo Mori Art Museum de Tóquio e o Hirshhorn Museum and Sculpture Garden de Washington (2005-2006, acompanhada por um excelente catálogo) veio consolidar ainda mais a sua posição incontornável no panorama fotográfico contemporâneo. A sua carreira conta já com trinta anos de actividade constante, dividida entre um minimalismo abstractizante e uma abordagem mais conceptual e problemática das capacidades e natureza da imagem fotográfica. Todos conhecemos as suas fotografias de luminescentes écrans de cinema (série “Theatresâ€, iniciada em 1975) ou de estranhos dioramas em museus de história natural (“Dioramasâ€, igualmente a partir de 1975). Todos recordamos também o seu preto e branco subtil, perspicaz, revelador. E se Sugimoto também fizesse fotografias a cor? Como seriam? Dramáticas e profundamente inquietantes, como os seus retratos de cera (“Portraitsâ€, 1999)? Minimalistas, como os seus horizontes oceânicos (“Seascapesâ€, 1980)? Ou minuciosas e pormenorizadas, como a sua série de estátuas de Buda (“Sea of Buddhaâ€, 1995)?

A resposta encontra-se actualmente na Galerie Marian Goodman em Paris. “Colors of Shadowâ€, série executada entre 2004 e 2006, foi totalmente realizada a cores, ainda que estas se encontrem (como seria de esperar?) quase ausentes. Tal como Sugimoto explica numa entrevista, o seu objectivo é tornar estas fotografias “o mais monocromáticas possívelâ€. A série é constituída por imagens descentradas das paredes brancas do estúdio de Sugimoto, espaço concebido e desenhado pelo próprio artista com o intuito de “observar sombrasâ€. As paredes funcionam assim como uma superfície experimental, plena de recantos e de jogos angulares que favorecem a ocorrência - e a observação - de subtis fenómenos luminosos que o fotógrafo se atardou a registar. Porque quando Sugimoto diz “observar sombras†quer dizer “fotografar a luzâ€, ou seja, declinar aqui as tonalidades quase imperceptíveis do branco imaculado das paredes (revestidas de shikkui, cal tradicional japonesa). As fotografias intitulam-se simplesmente “Colors of Shadow†e encontram-se identificadas por um número: “Colors of Shadow: C1024â€, “Colors of Shadow: C1025â€, etc. A série constitui assim um inventário minucioso das nuances e subtilezas da luz.

“Colors of Shadow†situa-se pois na continuidade do trabalho e das preocupações de Sugimoto. Trata-se, por um lado, de “fotografar a luzâ€, tal como nas suas famosas fotografias de longa exposição de écrans de cinema. Por outro lado, este inquérito rigoroso obedece aos mesmos critérios que pautam grande parte da obra do fotógrafo: estética minimalista – nunca as fotografias de Sugimoto foram tão despojadas; lógica de produção serial – como se só o catálogo meticuloso das variações mais subtis pudesse restituir a realidade do mundo exterior; e questionamento do dispositivo fotográfico. Não constituirá este espaço vazio uma espécie de grande câmara escura alusiva ao próprio modo de funcionamento do aparelho fotográfico? Que nos oferece a fotografia senão pálidas sombras do real? Eis algumas das questões, entre tantas outras (a composição espacial das imagens, profundamente descentradas, evoca toda uma série distinta de problemas), que este inventário da sombra e das suas cores nos coloca.


Teresa Castro