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EXPOSIÇÕES ATUAIS


David Adjaye, Cairo, Egipto.


David Adjaye Associates. Projecto africa.cont. Render.


David Adjaye, Antananarivo, Madagáscar.


David Adjaye, Dakar, Senegal.


David Adjaye, Niamey, Nigéria.


David Adjaye, Rabat, Marrocos.


Yinka Shonibare, Scramble for Africa, 2003.


Ângela Ferreira, Maison Tropicale (Niamey), 2007.

Outras exposições actuais:

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A NATUREZA ABORRECE O MONSTRO


Culturgest, Lisboa
LEONOR GUERREIRO QUEIROZ

ARQUIVO:


DAVID ADJAYE

Urban Africa. Uma viagem fotográfica por David Adjaye.




GALERIAS MUNICIPAIS - PAVILHÃO PRETO
Campo Grande, 245
1700-091 Lisboa

25 MAI - 31 JUL 2011


Uma exposição que respira ao ritmo acelerado do urbanismo em África, que nos fala de modernidade em condições climáticas extremas, coabitada pelo colonialismo, as independências e o Islão. Urban Africa é um voo de flamingo pelo continente e pelas suas cidades emergentes feito pelo arquitecto que deseja tornar-se numa molécula.


Numa entrevista a buala.org, David Adjaye fala da importância do contexto social em África, das distintas noções de habitar e do espaço público, que é aberto, enquanto no Ocidente está a desaparecer. Fala também como no meio da floresta tropical surge, de repente, uma cidade urbana, Nairobi. Ou do desejo, manifestando-se nesse continente, mais do que em qualquer outro lugar, de encontrar potencialidades em cada material (os bairros de lata são um exemplo). As favelas, com a autogestão, o crescimento descontrolado e a capacidade de se adaptar e reinventar, foram a inspiração também para outros arquitectos e artistas como, por exemplo, Marjetica Potrc, que conduziu uma investigação no Brasil e na América Latina.


Urban Africa resolve instalar-se em três espaços interligados, começando por um intro onde os dados estatísticos sobre o continente, que habitualmente servem para análises rígidas, como as línguas, as bandeiras, o clima, a demografia – que habitualmente servem para as análises rígidas – representados nos mapas coloridos, são suavizados pelo uso de design gráfico sofisticado. As divisões (fronteiras), definidas em pleno delírio no tempo colonial e que nalguns casos permanecem até hoje em dia, ignoram o contexto por completo: não ligam nada às etnias, às diferentes religiões, aos povos, às línguas e às especificidades de cada lugar. Scramble for Africa.


Virando à esquerda, a seguir, temos projecções de vídeo que nos transportam directamente para as capitais africanas e perspectivam a mobilidade. Nas viagens, Adjaye deixava-se levar e movimentar pela cidade conduzido por taxistas que o levavam aos sítios que eles próprios achavam interessantes, entre comer uma sopa em casa deles, observar os espaços públicos cheios de vida e tirar snapshots dos edifícios pela janela do táxi. O mapa, de estrutura rizomática, apresentando-se na exposição como um modelo para pensar as cidades no futuro ou mesmo no presente, consiste em fotos seleccionadas, de tamanho comum e organizadas por zona (o deserto, a floresta tropical, montanha alta, etc.), por tipo de edifícios (arquitectura civil, comercial e residencial) e pela cidade onde se encontram (Bamaco, Luanda, Marraquexe, etc.), onde, numa rede de ligações entre cidades, os seus habitantes, a arquitectura e o espaço público, a modernidade é reivindicada.


Framing. Em vez de usar o “white cube”, um contentor que se apresenta como neutro e é de facto eurocêntrico – foi inventado pelo fundador do MoMa e apreciado pelos nazis, entre outros – Adjaye opta antes pelas cores com forte significado em África, como o amarelo ou o vermelho, e assim situa a modernidade africana em paralelo com a do Ocidente, sem ter de a inserir num framework prefabricado. O espaço público a surgir daqui?


Zonas de contacto com Lisboa: para já, são muitas. Desde a música a sair dos carros e das casas nos bairros, até ao Rossio, onde a economia informal a acontecer na sombra do teatro D. Maria perpetua uma visão não-eurocêntrica do mundo habitada tanto pelos sem-abrigo como pelas elites de todas as cores ou os visitantes acidentais a tirarem fotos com as máquinas digitais. Para além de kuduro, lembrem-se do trabalho de Ângela Ferreira para a Bienal de Veneza, Maison Tropicale, que parte da história de uma casa-modelo projectada pelo arquitecto modernista Jean Prouvé recentemente retirada de África e vendida por imenso dinheiro a um coleccionador residente no Ocidente. A obra reflecte sobre a história colonial e as suas ressonâncias no mundo contemporâneo, como o pós-colonialismo ou o neo-colonialismo. As fronteiras reais e imaginárias são atravessadas também na exposição itinerante, Encontros de Fotografia de Bamako, que aterrou por momentos breves na Gulbenkian. David Adjaye foi escolhido para projectar o edifício do Africa.cont, o Centro Cultural Africano em Lisboa, no local do antigo comércio colonial a ser construído quando as condições o permitissem. O futuro pertence a eles.


Rosana Sancin