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EXPOSIÇÕES ATUAIS


Rosângela Rennó, Tropical II, 2012. Prova de gelatina sal de prata virada em selénio. Cortesia: Museu Colecção Berardo


Mauro Pinto, Sem título da série Dá Licença, 2011. Impressão jato de tinta sobre papel Fine Art, montada sobre alumínio. Cortesia: Museu Colecção Berardo


Mauro Pinto, Sem título da série Dá Licença, 2011. Impressão jato de tinta sobre papel Fine Art, montada sobre alumínio. Cortesia: Museu Colecção Berardo


Duarte Amaral Netto, Z, 2012. Técnica e dimensões variáveis. Cortesia: Museu Colecção Berardo


Mauro Pinto, Sem título da série Dá Licença, 2011. Impressão jato de tinta sobre papel Fine Art, montada sobre alumínio. Cortesia: Museu Colecção Berardo


Duarte Amaral Netto, Z, 2012. Técnica e dimensões variáveis. Cortesia: Museu Colecção Berardo


Duarte Amaral Netto, Z, 2012. Técnica e dimensões variáveis. Cortesia: Museu Colecção Berardo


CIA de Foto, Agora, 2011. Pigmento mineral sobre papel de algodão. Cortesia: Museu Colecção Berardo


CIA de Foto, Agora, 2011. Pigmento mineral sobre papel de algodão. Cortesia: Museu Colecção Berardo


CIA de Foto, Agora, 2011. Pigmento mineral sobre papel de algodão. Cortesia: Museu Colecção Berardo


Rosângela Rennó, Tropical I, 2012. Prova de gelatina sal de prata virada em selénio. Cortesia: Museu Colecção Berardo


Rosângela Rennó, Tropical IV, 2012. Prova de gelatina sal de prata virada em selénio. Cortesia: Museu Colecção Berardo

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ARQUIVO:


COLETIVA

BES Photo 2012




MUSEU COLEÇÃO BERARDO
Praça do Império
1499-003 Lisboa

14 MAR - 27 MAI 2012



O Prémio BES Photo 2012 apresentado no Museu Colecção Berardo reúne trabalhos inéditos de Duarte Amaral Netto (PT), do colectivo CIA de Foto (BR), de Mauro Pinto (MZ) e Rosângela Rennó (BR). Uma selecção organizada por Diógenes Moura (BR), Delfim Sardo (PT) e Bisi Silva (NE) com premiação feita por Dirk Snauwaert (BE), Dominique Fontaine (CA) e Ulrich Loock (DE). A atribuição acontecerá a 17 de Abril, para posteriormente a selecção ser mostrada na Pinacoteca do Estado de São Paulo.


A competição surge inicialmente de uma co-produção entre o CCB e o Banco Espirito Santo, com o objectivo maior de premiar artistas portugueses ou residentes em Portugal, que utilizem a fotografia como medium. Como forma de restrição, a selecção do grupo de artistas, é baseada em exposições que tenham decorrido no ano anterior, muito à semelhança do processo de apuramento utilizado no Prémio AICA.


Desde há seis anos, ou seja, após a instalação do Museu Colecção Berardo no CCB, deu-se à alteração na co-produção, sendo substituído o CCB pelo Museu Colecção Berardo, resultando na diminuição da carga curatorial, encabeçada até então por Delfim Sardo.


A edição 2011 ficou marcada pela internacionalização do prémio, alargado a artistas de nacionalidade brasileira e de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), um passo que expressa uma constante necessidade de adaptação a novas realidades e propostas, convenientes à abertura de possibilidades dentro de outros meios e mercados.


A actual exposição é adaptada a um espaço continuo e sequencial, de percurso único e por isso, obrigatório. A limitação estrutural da exposição acaba por sucumbir ao isolamento do trabalho de cada artista, como se de quatro exposições individuais se tratassem, unidos apenas por um mútuo princípio: expor para a posterior premiação.

Z de Duarte Amaral Netto, conta a história de um estudante de medicina que se encontra no hospital de Braunschweig (Alemanha) a fazer uma especialização em lesões faciais, quando no ano de 1939 rebenta a Grande Guerra. Esta narrativa é então ilustrada por um conjunto de fotografias e objectos utilizados por Z neste período (luvas, máquina fotográfica, mapas), que se distribuem pelas paredes da exposição e por vitrines, com a intencionalidade de musealizar um dado momento. Nas paredes, as fotografias expostas apresentam-se dentro de uma mesma tipologia: registos de vivências quotidianas de uma elite aburguesada que no decorrer de dois anos sofre profundas alterações, nomeadamente com o início da guerra. Fotografias que traduzem algum amadorismo e despreocupação, visível no grão, no desfocado e nas pequenas imperfeições.


Simultaneamente é dado a conhecer uma compilação de registos fotográficos dos progressos médicos organizados por Z, materializados num vasto conjunto fotografias com a função de servir como documento do objecto em estudo, promovendo a abertura ao questionamento dos inúmeros significados e possibilidades da fotografia enquanto meio e suporte.


O espectador é então convencido de que assiste a uma história verídica, posta em causa apenas pelo espectador mais atento, que se apercebe de algumas “falhasâ€, umas mais subtis que outras. A omissão do nome desta personagem dever ser entendida como a primeira pista para a dúvida, o secretismo, uma tendência para a parcial anulação de identidade. O retrato de um tempo é óbvio no motivo fotografado e na tecnologia utilizada para a sua execução, mas ambíguo na estranha e particular passagem do tempo, que não deixou marcas nas fotografias reveladas há 70 anos.


O que Duarte Amaral Netto admite fazer é a construção de uma memória ficcionada, a criação de uma narrativa de fundamentação injustificada, estimulando a ilusão e o confronto dual entre o ser e o parecer. Uma manipulação disfarçada que leva o visitante a entrar numa história que teria quase tudo para corresponder a uma realidade plausível.


Agora, Sobre o sol, Separados de CIA de Foto, é um trabalho dividido entre fotografia e video. Este colectivo criado em 2003 em São Paulo, composto por Pio Figueiroa, Rafael Jacinto, João Kehl e Carol Lopes propõe um trabalho que entra em confronto directo com o trabalho anterior. As fotografias e o vídeo apresentados dão a conhecer uma profunda pesquisa técnica, de trabalho de edição que busca um ideal de perfeição, irreal e inconcebível sem um trabalho de pós-produção extremamente planeado. Fotografias de grande dimensão, de referências cinematográficas óbvias, conseguidas através de um forte jogo de contrastes, onde as sombras enaltecem o objecto iluminado, de luz pontual e objectivamente direccionada.


A presença humana é na maioria das vezes pontual, pessoas que esperam ou que se deslocam sem grande convicção, como se deambulassem sem sentido aparente, confundindo a leitura da peça, na ambivalência do confronto entre a inexistência de referências temporais e a imediatez das referências visuais.


Dá licença de Mauro Pinto, são doze fotografias formalmente semelhantes - dimensão, ângulo, luz e objecto retratado - reunidas num conjunto que documenta interiores habitacionais de um bairro em Maputo. As portas destes lares foram abertas a Mauro Pinto, criando a possibilidade de tornar do conhecimento público parte daquilo que até então era privado. São locais sem a presença humana, logo sem a identidade que caracteriza o privado.


O trabalho é mostrado sobre uma robusta estrutura expositiva de grande impacto, que se demarca dentro da linha expositiva geral, demostrando vontade de isolar as imagens obrigando ao controlo da direcção do olhar.


Tropical I, II, III, IV, Madeiras I, II, III, IV, Estrada I, II, III, IV de Rosângela Rennó, são parte da série Lanterna mágica, partilham de uma regra usual na produção da artista, a reutilização. Trata-se de um trabalho de procura e reaproveitamento de objectos que foram já postos de parte por outros. Produto de uma recolha, arquivismo e colecionismo que funciona como ferramenta organizadora de um caos, uma selecção do que fica e do que vai. A construção de uma memória, que não era a sua, mas que agora toma esse lugar, o exercício de imaginação que ultrapassa a recordação, alterando e manipulando o tempo.


As doze fotografias foram realizadas a partir de negativos fora da validade, comprados em segunda mão. Posteriormente a fotografia é queimada no acto da revelação, um processo com uma larga escala de erro e de difícil controlo que joga com as possibilidades do acaso. Esta técnica produz uma mancha negra com dimensões e formas levemente diferentes que impedem a leitura da imagem, remetendo para o desconhecido, ou para a censura de quem não quer lembrar, geradora de uma falha de memória intencional. Em oposição foi construída uma zona reservada, uma pequena sala, com três projectores de diapositivos, que emitem sob a ordem do espectador uma imagem completa: idílica, impecável que fomenta o momento de contemplação.


Ao longo das oito edições o Prémio BES Photo mantém a vontade de estimular o diálogo, materializado em entrevistas entre os artistas seleccionados e os curadores e críticos conhecedores do trabalho, o que resulta na produção de um catálogo que revisita cada um de forma igualmente individualista e autocentrada. No panorama artístico nacional, e especificamente no campo da fotografia este prémio é o que maior notabilidade tem, agora com uma significativa abertura ao exterior, promove por um lado uma cada vez mais apertada e difícil selecção, mas por outro oferece as ferramentas necessárias, a uma nova escala, para a promoção dos artistas escolhidos.


Flávia Violante