REMOTE CONTROL
De 28 de Setembro a 3 de Novembro
Inauguração: 27 Setembro, 22h ARTISTAS ANTÓNIO OLAIO
FREDERICO FERREIRA C/ BLASTED MECHANISM
GRAÇA SARSFIELD
JOÃO FONTE SANTA
LUÃS ALEGRE C/ JANCL
MIGUEL SOARES
NUNO REBELO
PEDRO TUDELA
VALDJIU
Remote Control - quando a música se encontra com as artes plásticas numa exposição dedicada ao relacionamento entre as duas disciplinas, explorando links criados entre artistas e músicos, na actualidade.
A música liga tudo: através da influência que exerce, e da sua imprescindibilidade no dia a dia, no nosso contacto com o exterior.
A música primeiro que tudo é um objecto cultural.
Desde a segunda metade do século vinte até ao tempo em que vivemos, o nosso estilo de vida mudou muito.
Nos anos sessenta assistiu-se a um ataque à normalidade e ao consenso cultural do pós-guerra. Tudo quanto era incontrolável desabou e a transformação irreversÃvel dos jovens havia começado: o impacto foi revolucionário, as coisas mudaram para sempre!
Nos anos sessenta a música mudou para uma dimensão intensa da vida -democratizando o direito ao prazer-, criando movimentos de massas e "ligou os jovens" apreendidos por essa intensidade necessária para derrotar os defensores das normas.
Os jovens usavam a música da mesma maneira que usavam a marijuana, como um propulsor, como o emblema da sua insubordinação, a provocação para o vandalismo erótico. (Philip Roth,
O animal moribundo)
A exposição
Remote Control* apresenta uma ligação entre a música e a arte, e a riqueza das suas combinações, através de trabalhos criados por artistas e músicos, onde a música é o tema.
A música inspirou a concepção desta exposição, que revela -através das obras áudio e vÃdeo- um contexto plurisensorial, e a sua percepção visual e sonora como dimensão estética; obras de áudio e vÃdeo, instalação e performance, são o instrumento ideal para produzir a união entre as imagens e músicas.
A exposição convida o observador a isolar-se acusticamente e a concentrar-se na audição especifica de cada obra: o espectador só frui a obra através dos auscultadores que está obrigado a utilizar, para recepcionar o som.
O espaço expositivo revela uma aparente imersão silenciosa -um aparente silêncio auditivo-, mas de facto o visitante é invadido por uma multiplicidade de fontes de som, que transformam o espaço da Plataforma Revólver numa proposta -instrumento de reflexão-, sobre a experiência estética do casamento entre imagens e música, nos nossos dias.
victor pinto da fonseca * Remote Control é o tÃtulo de um álbum dos The Tubes, 1979
Artistas e Obras em Exposição:
António Olaio “What happened to Henri Matisse?†1999, video, duração: 3'30''
música: João Taborda e António Olaio
letra: António Olaio
A forte ligação à performance levou António Olaio à música, num curto-circuito entre as artes plásticas e a cultura Pop.
Este video surge a partir de uma das canções que o artista fez com o músico João Taborda, e cuja letra é reveladora da forma desconcertante como encara a relação com o campo da pintura.
Aqui a referência a Henri Matisse, o grande pintor da felicidade, da pura plasticidade, é feita pela voz de um sádico que, ao mesmo tempo que tortura alguém vai perguntando: O que é que aconteceu ao Henri Matisse?
Confrontando assim o formalismo etéreo da pintura com a objectividade mais crua.
What Happened to Henri Matisse? I cut your tongue in slices
in slices tastes like ham
Your finger nails are dirty
I tear them one by one
As I feel high, I cut you low
I want your heart before you go
You can always meet your soul
don’t you cry, say ho, ho, ho
And now, you must be wondering
what happened to Henri Matisse?
He lives in a house, down by the sea
His cupboards keep candies for you and for me
The pretty mermaids are combing his hair
When you knock his door, nobody is there
Your eyes need wider orbits
I throw them to the sun
All your globules, red and white, felt too tight
and now see how they run
Frederico Ferreira c/ Blasted Mechanism “Pleroma†2007, dimensões variáveis, Fibra de vidro, resina de poliester, tinta acrÃlica, metal, componentes electrónicos e som.
som: Blasted Mechanism
dimensões variáveis
Pleroma é uma obra desenvolvida em conjunto com o projecto Blasted Mechanism responsável pela concepção sonora da mesma.
Pleroma é uma obra que busca os limites da percepção e entendimento da escultura enquanto manifestação estética táctil, volumétrica e espacialmente definida.
É uma abordagem ao campo expandido da escultura, explorando uma das possibilidades de modelação espacial em estados de densidade da matéria mais sublimes. O som é assim utilizado como modo limite desta modelação permitindo uma experiência de percepção sensorial táctil para além da visualidade plástica.
Pleroma é uma escultura sonora que se desenvolve através de canais de informação digital, a partir de uma ligação on-line, utilizando a electricidade como estÃmulo primordial que define a sua própria morfologia em permanente mutação.
Graça Sarsfield “Des (a) parecer†2005, video/composição digital, duração: 3'55''
fotografia: Graça Sarsfield
som: Original de Rui Pereira Jorge
edição: Filipe Luz
A partir de fotografias recolhidas na natureza e posteriormente trabalhadas digitalmente em 3D, a artista cria uma fábula contemporânea.
"Um corredor estranho, atrai a nossa atenção. Sentimo-nos impelidos a percorrê-lo, e deparamos com um espaço -há muito, foi um lugar bem arranjado com o seu pequeno jardim...-, agora, pó, teias de aranha, lixo, vidros opacos de poeira, mas, plantas sobrevivem e no meio delas uma pequena mancha vermelha luminosa.
São flores.
Percorremos com o olhar este espaço que nos surpreende.
No chão, caÃda, uma figura humana! Derrotada, talvez mulher. Indiferente.
Um som musical?, - não é identificável, ouve-se, prolonga-se, a mancha vermelha agita-se com esse som, anima-se e lentamente dirige-se à figura prostrada no chão. Ela estremece, as flores vermelhas rodeiam-na. Foi tocada. As flores e os sons dançam à sua volta, erguem-na do solo.
A mulher envolta em flôres deixa-se levar. Percebemos porque são tão luminosas. São papoilas. Brilham de liberdade. Nesse movimento tudo se funde, iniciando um novo ciclo.
João Fonte Santa “Temptations†2001, acrÃlico s/ tela
dimensões: 110x136 cm
“Sly & The Family Stone†2003, acrÃlico s/ tela
dimensões: 123x136 cm
O retrato de grupo “TheTemptations†surge a partir de uma foto que o artista encontrou no interior de uma colectânea do grupo em 2001. Na altura o seu interesse pela música soul dos anos 60/70 do século xx era crescente, e com a compra de novos discos, ia encontrando no seu interior um conjunto de imagens bastante plásticas que descreviam não os heróis mÃticos das capas de discos, ou cartazes de promoção, mas músicos na sua intimidade profissional.
A partir de quatro destas fotos, Fonte Santa desenvolveu -em 2003-, a serie “Do Fotorealismo à Abstracção†para a qual foi executada a pintura “Sly & The Family Stoneâ€.
A musica soul ( e toda a panóplia de géneros associados ), que no seu melhor desenvolve um estilo melódico-futurista, que se repercute, sucessivamente na musica popular ao longo das décadas seguintes, com temas como “Standâ€, “The Revolution Will Not Be Televisedâ€, “Waths Going On?â€, “Say It Loud, I'm Black And I'm Proud†ou “People Get Readyâ€, é caracterizada pela sua profunda ligação à comunidade e pelo seu panfletarismo polÃtico. A sua audição nos dias de hoje permite-nos vislumbrar algo que o neo-liberalismo/neo-conservadorismo tornou utópico: esperança num mundo melhor.
LuÃs Alegre c/ JANCL “Bad Mirror†2007, video musical, duração: 3'45''
música: The Vicious 5
dados da realização: Luis Alegre c/ JANCL - Ricardo Nunes, Luis Silva Campos, Rui Pereira Jorge, Filipe Luz, Filipe Roque do Vale.
O "processo" de trabalho do videoclip Bad Mirror dos “Vicious 5â€, conduz e determina a forma final.
Iniciou-se pela filmagem e edição em vÃdeo, de forma tradicional.
Posteriormente foram impressos todos os frames (4772).
DistribuÃram-se as prints por 125 pessoas, que os desenharam, sobre papel vegetal, de formas diversas e com diferentes medias.
Por último, a digitalização e sequenciação de todos os desenhos originou a edição final do clip, proporcionando um objecto singular que valoriza a interacção de múltiplos criadores e o regresso a um certo fazer analógico.
“Down by Flow†2007, video musical, duração: 3'45''
música: Micro Audio Waves
dados da realização: Luis Alegre c/ JANCL - Ricardo Nunes, Luis Silva Campos, Rui Pereira Jorge, Filipe Luz, Filipe Roque do Vale.
O vÃdeo - Down by Flow - é a resposta do colectivo JANCL à proposta feita pelos Micro Ãudio Waves para a realização de um teledisco para a sua música.
Conceptualmente este vÃdeo assume, de forma quase dogmática, a utilização de estratégias/técnicas marcadamente analógicas e economizando ao máximo os infinitos recursos a processos digitais.
A ideia assenta visualmente numa sequência de imagens fluida, depurada, que surge e se movimenta de forma arbitrária e infinitamente variável.Seguindo um registo marcadamente gráfico, este vÃdeo, assume uma montagem aparentemente ocasional.
Tal como em anteriores projectos – como o teledisco Bad Mirror / The Vicious Five – insistimos num certo fazer manual, no inesperado do resultados, numa elaboração que analogicamente pretende estruturar todo vÃdeo. Isto é, conseguir efeitos cinemáticos, aparentemente conotados com processos digitais (ex. efeitos 3D, filtragens algorÃtmicas tÃpicas das tecnologias de pós-produção digital, etc.) de uma forma muito simples e artesanal. Para tal recorremos à gravação de imagens que resultam das reacções obtidas pela mistura de materiais “banaisâ€, tais como lÃquidos: água, tintas, gorduras, colorantes, diluentes, etc. Também os espelhos reais, serviram à criação de imagens reflectidas, simétricas e caleidoscópicas, criando um conjunto de efeitos visualmente estimulante, que nos dias de hoje poderiam ter sido facilmente obtidos através dos chamados “filtros†digitais.
Captadas as imagens dos materiais seguiu-se o registo dos músicos, que por sua vez assumiu uma plasticidade fotográfica de “alto contrasteâ€, visando a sua posterior relação de sobreposição com os materiais de fundo (lÃquidos).
Dado os pressupostos e o procedimento seguido, a criação do vÃdeo acabou por radicar fundamentalmente na fase de captação das imagens. Pois na pós-produção detivemo-nos sobretudo no alinhamento das mesmas com a música, de forma mais ou menos sÃncrona, bem como a rectificar aspectos como o equilÃbrio de cores e contrates.
Miguel Soares “untitled (playing with Gould playing Bach)†2007, video, duração:10'21''
Pequenas porções de um concerto de Glenn Gould de 1962 são remontadas de forma a criar nova música.
Brandemburg Concert n.5, de J. S. Bach
interpretação: Baker (Flauta), Shumsky (Violino), Glenn Gould (Piano).
Nuno Rebelo “3 Composições audiovisuais para guitarra portuguesa mutante†1993 e1998, 3 videos, duração: 2' cada
concepção: Nuno Rebelo
som: Nuno Rebelo
filmagem: Nuno Rebelo e Nuno Olim
Apesar das filmagens das três vÃdeo-composições que aqui se apresentam terem sido realizadas em 1998, com o objectivo de integrarem o espectáculo "As Guitarras Portuguesas Mutantes!!!" que o músico apresentou no festival "Mergulho no Futuro"/ Expo 98, apenas uma "Persistência" foi concebida nesse ano. As outras duas obras "Agonia de um insecto" e "Re-puxo" foram criadas anos antes, em 1993, ano em que Nuno Rebelo iniciou as suas experiências com a guitarra portuguesa mutante.
"Persistência" é dedicada ao seu parente João Garcia, que conquistou o estatuto de herói nacional ao escalar o Everest sem oxigénio. "Persistência", porque já quinze anos antes ele dizia que havia de lá ir. "Persistência" porque, apesar das consequências fÃsicas (e seguramente psicológicas) que resultaram daquela escalada, João Garcia continua a subir as mais altas montanhas do planeta.
"Reflexões" é um exercÃcio meditativo. A primeira versão, de 1993, tem cerca de 20 minutos, em que nada mais acontece senão o que acontece aqui nesta versão de dois minutos.
A "Agonia de um Insecto" , das três peças, é aquela em que o sistema se desenrola por si só, sem necessidade de nenhuma outra intervenção humana, para além da inicial, que coloca o sistema em movimento; a caixa de música (cujo cilindro foi recolocado invertido - originando uma melodia diferente da original) funciona também como mecanismo para a deslocação do "insecto".
Tudo o que se ouve nos três vÃdeos são os próprios sons da guitarra portuguesa mutante tal como são produzidos como se observa na imagem. Em "reflexões" e "agonia de um insecto" são usados processadores de som em tempo real; em "persistência" recorri à inversão da imagem para que o pequeno picapau suba o poste, em vez de o descer, como acontece na realidade. Como tal, também os sons estão invertidos, correspondendo deste modo à imagem.
Pedro Tudela “Soft†2006, Esponja, plástico, metais, e cd audio
dimensões variáveis
Para o trabalho "Soft" Pedro Tudela tratou dois elementos plásticos com processos antagónicos. Todos os elementos visuais, quer pelo seu comportamento como pelo preconceito adjacente aos materiais utilizados, remetem a realidades associadas ao macio e a uma temperatura quente. Quanto à matéria sonora (que parte da captação do arranhar e raspar, tanto com objectos como a própria mão, sobre a esponja), remete para sensações de frio e aspereza. A soma e a forma imposta, não deixa de valorizar a vocábulo “Softâ€.
Valdjiu “ONO ZONE†2007, video, duração:
realização/argumento/montagem/musica: Valdjiu
assistente de realização: Rita Seixas
direcção de fotografia: Rui Afonso
cameraman: Miguel Manso, Rato.
produção: Samuraicut
Segundo as doutrinas esotéricas como a Teosofia da Helena Blavatski o planeta terra já foi habitado por varias raças raiz. Actualmente a humanidade pertence á quinta raça também chamada Ãria.
Foi minha intenção através da ligação que tenho com o grupo de musica Blasted Mechanism e com a bailarina SÃlvia Rijmer elaborar uma historia que nos coloca-se frente a frente com o momento preciso em que o Homem já transformado penetra de novo na mãe Terra para dar inicio á sexta raça raiz. A esta raça será dado o sentido astral.
RUA DA BOAVISTA, 84, 3º l 1200-068 LISBOA l tel: +351 21 3433259 l
plataformarevolver@net.novis.pt
A Plataforma Revólver, núcleo da Contemporaneidade, tem como objectivo primordial funcionar enquanto instrumento de difusão, oferecendo possibilidades aos artistas plásticos de poderem dar a conhecer o seu trabalho, colmatando, deste modo, um dos problemas fundamentais com que se debatem os novos criadores: a dificuldade em encontrar um lugar a partir do qual se façam conhecer, expressando-se e, simultâneamente, receber o contacto com o público – vital para que os seus projectos evoluam - submetendo-se ao seu olhar, olhar esse que poderá ser absolutamente crÃtico ou complacente.
Neste sentido, a Plataforma Revólver apoia e estimula a criação de arte contemporânea, fornecendo um ambiente no qual os artistas podem expôr trabalho inconvencional e trocar ideias com os seus pares. Com este intuito, são produzidas exposições não comerciais e temporárias, cuja composição é ditada, por um lado, por um comissariado exterior à direcção do espaço, por outro, pelo enfôque que dão ao papel da arte no desenvolvimento da cultura cÃvica e do pluralismo. "Dizer que a obra de arte faz parte da cultura é uma coisa um pouco escolar e artificial. A obra de arte faz parte do real e é destino, realização, salvação e vida"
(Sophia de Mello Breyner)