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De Heróis está o Inferno cheio
De heróis está o inferno cheio parte de uma discussão colectiva sobre a noção de herói enquanto figura arquetípica do homem. O conceito de herói como ponto de partida para o questionamento da referencialidade na cultura contemporânea, já que no herói figura a idealização humana e o desejo colectivo. A crescente autonomização do sujeito social em detrimento da construção de um sentido referencial conduz a uma alienação histórica e identitária do homem. Por outro lado, o conceito de arquétipo está associado à criação de imagens ideais, regidas por cânones morais e éticas, circunscrevendo-se de uma forma mais abrangente numa lógica de categorização. Neste sentido, colocamos algumas questões que tentamos responder nesta exposição: terá o heroísmo lugar na cultura contemporânea? que género de heroicidade existe actualmente? há heroicidade na prática artística? manifestará o homem de hoje a sede por um protagonismo histórico e dramático? A interpretação do herói como alguém que se posiciona entre a figura divina e o homem leva incontrolavelmente à exploração de outras problemáticas adjacentes, nomeadamente o posicionamento social, cultural e político do sujeito nos dias de hoje.
"If I Can't Dance, I Don't Want to be Part of your Revolution"
Alice Geirinhas, Ana Pérez-Quiroga, Cristina Mateus, Isabel Ribeiro, Nuno Ramalho e Susana Chiocca são os artistas que compõem a exposição “If I Can't Dance, I Don't Want to be Part of your Revolution”. Seis artistas, três nascidos na década de 60, três na de 70 e de duas cidades, Lisboa e Porto que se reúnem a convite de Alice Geirinhas para pensarem sobre revolução, anarquia, utopia e arte tendo como livro de cabeceira o ensaio biográfico da investigadora Clara Queiroz sobre a anarquista oitocentista Ema Goldman. Revolucionária, contestatária, oradora carismática e editora da revista Mother Earth, Emma lutou toda a sua vida pelos direitos dos trabalhadores, das mulheres, dos homossexuais, pela liberdade sexual, controlo da natalidade, maternidade voluntária e contra a natureza repressiva do estado e da religião. As suas ideias foram recuperadas pelas feministas americanas e canadianas dos anos 70 do séc. XX e a sua frase que dá título a esta exposição, tornou-se num slogan das manifestações feministas, gritado e impresso em faixas e t-shirts. Emma poderia ter sido uma das activistas da revolução de Maio 68, uma miúda flower power a reivindicar pela paz, pelo direito ao sexo livre e pela pílula, uma amiga de John McLaren e da Vivienne Westwood no punk londrino, ou uma estudante lisboeta e revolucionária de 74 – as revoluções estéticoideológicas que marcaram as décadas em que os seis artistas nasceram. If I Can't Dance, I Don't Want to be Part of your Revolution, reflecte sobre a arte, o que é, onde está e para onde vai, de um modo artisticamente incorrecto no sótão de uma galeria lisboeta. Esta exposição conta ainda com a colaboração dos artistas António Olaio, Carla Cruz, Carlos Vidal, Fernando Ribeiro, Francisco Queirós, Gonçalo Pena, João Fonte Santa, Paulo Mendes, Pedro Amaral, Pedro Cabral Santo, Pedro Pousada e o designer Jorge Silva na realização de uma peça (um livro de artista) da artista/curadora, intitulada Aliceʼs Guest Book. Alice Geirinhas
A PLATAFORMA REVÓLVER é uma associação privada, independente e não comercial. Promove a arte contemporânea através da organização de exposições e de residências artísticas, e participa activamente na difusão e no diálogo internacional da arte. A Plataforma Revólver construiu um espaço activo para o público de Lisboa, plataforma de novas ideias acerca da arte contemporânea; organiza exposições temporárias, oferecendo a possibilidade aos artistas plásticos para poderem apresentar e discutir os seus trabalhos, colmatando, deste modo, um dos problemas fundamentais com que se debatem os novos criadores: a dificuldade em encontrar um lugar a partir do qual se façam conhecer, expressando-se e, simultâneamente, receber o contacto com o público – vital para que os seus projectos evoluam - submetendo-se ao seu olhar, olhar esse que poderá ser absolutamente crítico ou complacente. Apesar do foco ser a arte que os mais jovens actualmente fazem, o programa da Plataforma Revólver também inclui artistas bem-conhecidos, estabelecidos. A Plataforma Revólver apoia e estimula a criação de arte contemporânea, em concordancia com o caracter da pratica artistica nos dias de hoje, integrando as exposições varios meios e metodos de produção. A composição das exposições é ditada, por um lado, por um comissariado exterior à direcção do espaço, por outro, pela preocupação com a arte contemporânea e onde a arte assume um papel no desenvolvimento da cultura cívica e do pluralismo.
Dizer que a obra de arte faz parte da cultura é uma coisa um pouco escolar e artificial. A obra de arte faz parte do real e é destino, realização, salvação e vida. (Sophia de Mello Breyner)