Vista da Exposição | Imagem:Fabio Salvo


João Onofre | Imagem: Fabio Salvo©


Ernesto de Sousa | Imagem: Fabio Salvo©


Pedro Vaz | Imagem: Fabio Salvo©


"The Age of Divinity" | Liao Chi-Yu Imagem:Fabio Salvo©


Hugo Barata | Imagem: Fabio Salvo©


José Drummond | Imagem: Fabio Salvo©


Catarina Mil-Homens | Imagem: Fabio Salvo©


Johanna Billing | Imagem: Fabio Salvo©

Exposições anteriores:

2022-11-09


(tempo) destempo




2022-09-22


UM ENORME PASSADO PELA FRENTE




2022-05-31


TENHO DE CONTINUAR, NÃO POSSO CONTINUAR, VOU CONTINUAR




2022-04-05


SYNCHRONICITY | UMA EXPOSIÇÃO DE PARTILHA




2021-11-17


NO PAST NO FUTURE: THE PRESENT IS LOOPED




2021-09-20


comunidade




2021-06-03


DA TERRA À LUA, A PÉ




2020-10-27


MANOEL BARBOSA: TROUMT




2017-11-09


A SHOW TO MORE VOICES | MOSTRA ESPANHA 2017




2017-09-21


LIGHTS, CAMERA, ACTION - Retratos do Cinema




2015-11-11


GERAÇÃO 2015




2015-09-01


TWIST THE REAL




2015-05-15


ABSOLUTELY + The Pogo Collection_screenings




2014-09-18


Devido à chuva a revolução foi adiada




2014-05-15


ART STABS POWER - que se vayan todos!




2014-03-06


Nós




2013-11-14


MOSTRA ESPANHA




2013-09-26


Dive in




2013-05-30


6749/010.013




2013-03-07


THE AGE OF DIVINITY




2012-11-05


CABEDAL | THE OPERA




2012-09-27


DIG DIG: DIGGING FOR CULTURE IN A CRASHING ECONOMY




2012-06-05


LIMBO




2012-04-12


O PESO E A IDEIA




2011-11-10


SUBTLE CONSTRUCTION | PANÓPTICO




2011-09-29


INFILTRATION // Le privilège des chemins




2011-06-22


AT THE EDGE OF LOGIC




2011-05-04


O QUE PASSOU CONTINUA A MUDAR




2011-03-17


UMA IDEIA NOVA DECLINA-SE FORÇOSAMENTE COM UMA DEFINIÇÃO INÉDITA




2011-01-21


A CORTE DO NORTE




2010-11-20


Pieces and Parts




2010-09-14


Tough Love - uma série de promessas




2010-06-17


De Heróis está o Inferno cheio (Piso 1) / If I Can't Dance, I Don't Want to be Part of your Revolution (Piso 3)




2010-04-07


Marginalia d'après Edgar Allan Poe (Piso 3)/Play Them (Piso 1)




2010-01-18


Objet Perdu




2009-11-12


Colectivo [Kameraphoto] (Piso 1) | VOYAGER (Piso 3)




2009-09-08


HEIMWEH_SAUDADE




2009-05-12


AGORA LUANDA - Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves




2009-03-21


A Escolha da Crítica




2009-01-14


Convite Cordial




2008-11-15


O Contrato do Desenhista - Exposição com curadoria de Paulo Reis




2008-09-15


ALL WORK AND NO PLAY - Exposição Colectiva




2008-06-11


TERRITORIAL PISSINGS - Exposição Colectiva




2008-04-28


NOVAS GEOGRAFIAS, LISBOA | Mónica de Miranda




2008-03-17


uma combinação | Armanda Duarte




2008-01-24


Central Europa 2019




2007-11-22


Video Killed The Painting Stars




2007-09-14


REMOTE CONTROL




2007-06-23


DEBAIXO DO TAPETE




2007-05-02


747.3




2007-03-22


VOYAGE, VOYAGE




2007-03-20


MUXIMA | Alfredo Jaar




2007-01-19


DECRESCENTE FÉRTIL




2006-11-14


SCULP YOUR MIND l MARIAGE BLANC l ANALOGÓNIA




2006-09-26


(RE) VOLVER




2006-06-23


OLHEI PARA O CÉU E NADA VI




2006-05-06


PEDRO LOUREIRO: FOTOGRAFIAS 94-05




  
share |

THE AGE OF DIVINITY


Johanna Billing, Eric Corne, José Drummond, Jan Fabre, Raquel Melgue, Catarina Mil-Homens, João Onofre, Raúl Perez, Ana Rito, Ernesto de Sousa, Pedro Vaz, Liao Chi-Yu, Hugo Barata

Uma proposta de Hugo Barata

Exposição produzida por Balaclava Noir: consultoria técnica artes visuais e Plataforma Revólver

site: http://theageofdivinity-exhibition.com

«En aquel tiempo, el mundo de los espejos y el mundo de los hombres no estaban, como ahora, incomunicados. Eran, además, muy diversos; no coincidían ni los seres ni los colores ni las formas. Ambos reinos, el especular y el humano, vivían en paz; se entraba y se salía por los espejos.
Una noche, la gente del espejo invadió la Tierra. Su fuerza era grande, pero al cabo de sangrientas batallas las artes mágicas del Emperador Amarillo prevalecieron. Éste rechazó a los invasores, los encarceló en los espejos y les impuso la tarea de repetir, como en una especie de sueño, todos los actos de los hombres. Los privó de su fuerza y de su figura y los redujo a simples reflejos serviles. Un día, sin embargo, sacudirán ese letargo mágico.»


Jorge Luís Borges, “Animales de los espejosâ€,
in Libro de los seres imaginarios.



Esta jornada poderia ser encarada como o início de uma estória, um relato ténue daquilo que se poderia apelidar de imaginação manifesta. É uma jornada acerca da nossa condição de seres imaginantes, entidades não governadas por normas da ciência, da razão ou da verdade, mas antes governadas pelo tributo dos sonhos e dos pesadelos na configuração de uma expressão do mundo. No conto de Jorge Luís Borges descreve-se um tempo no qual as criaturas que viviam nos espelhos, ao apoderar-se do espaço terreno que era pertença do ser humano, são novamente aprisionadas e condenadas eternamente a mimetizar e a refletir a imagem do mundo “realâ€. Nesta obra do escritor argentino, baseada no mito chinês do Imperador Amarelo e da fauna existente nos espelhos como universo alternativo, somos confrontados com a ideia de “seres†irrequietos – imagens desobedientes – que se transportaram para a nossa realidade para aí iniciarem a destruição e o caos. Dir-nos-á a história das crenças que, graças a um poderoso feitiço do Imperador Huang Di, os entes foram controlados e derrotados.

A estória que se deseja contar cresce da reflexão em torno da relação “real†↔ “imaginárioâ€, imagem e reflexo. Ambos os conceitos são considerados como momentos que se nos impõem e que, através da arte, se cruzam ou trocam de lugar, produzindo sombras, aterrorizando padrões de representação, razão ou verdade, fundindo ou deformando relações simbólicas que esperaríamos estáveis. Assim sendo, observe-se o artista como aquele que lança falsificações para a “realidade real†e também, vice-versa, aquele que aprisiona essa mesma “realidade†nas representações e nos objetos que cria. A noção de parergon, exposta por Jacques Derrida1 como o espaço entre – o dentro e fora simultâneos - institui interpretações de simultaneidade, ambiguidade, permeabilidade e contaminação. O artista enquanto pecador demiúrgico, ilusionista e falsificador, xamã e feiticeiro, é consciente da força das imagens que criou durante milénios (e de outras que renovou, substituiu ou raptou) e da sua eterna função em fazê-las coincidir com a imago da divindade. Na sua obra Hyperion oder Der Eremit in Griechenland (Hipérion ou o eremita da Grécia, 17972), Hölderlin apresenta, num formato estruturado por cartas, a nostalgia relativamente aos dramas seculares exaltando a natureza divina, sublinhando um conjunto de forças invisíveis, conflitos, ideais de beleza e de esperança.
A noção que temos ao ler algumas das suas passagens, noção essa perfeitamente ilustrada pela luta da independência grega, é a de que, agora, trata-se antes de saber falar com os deuses, estar verdadeiramente ao seu nível («O primeiro filho da beleza humana, divina, é a arte. Nela o homem divino rejuvenesce», Hipérion). O que significa que homem e deuses estão juntos, nenhum se suplanta ao outro, não existe desafio possível. Heidegger, intérprete de Hölderlin, afirma em jeito de epígrafe na sua obra completa3 «Wege – nicht Werke!», «caminhos – não obras!», intitulação que apresentará em torno de vários dos seus escritos, por exemplo Marcas do caminho (1935-1946) ou A caminho da linguagem (1950-1959). Na sua conferência Hölderlin e a essência da poesia (1936), Heidegger induz uma aproximação da poesia a uma compreensão quasi-instrumental, tendo na palavra poética uma espécie de excelência da palavra em si mesma, do rigor de sentido, a partir do qual a nomeação poética consagra um resvalamento do ordinário para o transfigurado, para o extraordinário (Paul Valéry acerca de Mallarmé afirmará mesmo que a poesia se veicula a um estado anterior à escrita e à própria crítica). Não poderemos, contudo, assegurar que o poeta ou o artista visual – como aqui pretendemos – domina a natureza apenas pelo facto de a nomear ou que a determina através de uma sua representação, mas que tal nomeação é uma escuta sensível a partir da subjetividade criativa, desembocando nos “caminhos da linguagemâ€, ou seja, nas múltiplas bifurcações de que nos fala Borges. Poder-se-ia também afirmar que em Borges se encontra aquilo que Paul Virilio salientou como a “inutilidade†dos mapas, das referências, da cartografia, diríamos por assim dizer, da representação.

Algumas das linhas de Borges também perscrutam a crença utópica de Virilio na qual, num futuro possível poderíamos encarar esta possibilidade da “inutilidadeâ€, de forma a afastarmo-nos da obsessão com a metafísica e com o virtual (virtual aqui entendido como algo que não se encontra aqui e agora), caminhando na senda de valorizar e testemunhar, antes, a realidade na sua imediaticidade. Ora, como se viu em autores como Kant, Heidegger ou Zizek, é ao homem impossível obter uma experiência direta dessa mesma realidade por existir sempre uma distância ínfima entre a nossa compreensão do mundo e a experiência de estar no mundo. Aquilo que a história de Borges ilustra (e que se pode reler a partir de Virilio) é que a distância entre a apreensão cognitiva da realidade (mundo) e a realidade ela mesma foi algo trabalhado pela modernidade e pela pós-modernidade como uma espécie de “desertificação do mundo†(por exemplo descrita por Zizek em Bem-vindo ao deserto do real)4. Passemos então através do espelho e, aí, encaremos o ponto de vista que não reflete, mas que deixa ver através. O que nos chegará primeiro enquanto criaturas que olham: o espelho ou aquilo que vemos nele refletido? Talvez como no conto de Borges, estes “entes-reflexos†possam
agora reemergir do “ecrã-espelho†como verdadeiras presenças. Assim sendo, e a partir da poesia como pretexto, a exposição THE AGE OF DIVINITY é uma leitura aberta que procura desapontar a esperança de um qualquer literalismo, e que solicitou a cada artista a apresentação de uma obra que envolvesse e que explorasse alguns dos devaneios descritos anteriormente.

Hugo Barata, Lisboa, novembro de 2012



1DERRIDA, Jacques, The truth in painting. Chicago: University of Chicago Press, 1987, p.9.
2Cf. HÖLDERLIN, Johann Christian Friedrich, Hipérion ou o eremita na Grécia. Lisboa: Assírio&Alvim, 1997.
3Cf. HEIDEGGER, Martin, Gesamtausgabe. Frankfurt : Vittorio Klostermann, 1975.
4 C.f. ZIZEK, Slavoj, Bem vindo ao deserto do real. Lisboa: Relógio de Ãgua, 2002.




Programação paralela:


13.04.2013, Sábado, 16h30
Autonomia do Ver: espelhamento e visão com vontade própria, por Carlos Vidal
Jorge Luís Borges - Atlas, por José A. Bragança de Miranda
Apresentado por: Hugo Barata
ENTRADA LIVRE


16.03.2013, Sábado, 16h30
Visita orientada com o curador Hugo Barata
ENTRADA LIVRE

________________________________________________________________________


Para mais informações: plataformarevolver@gmail.com | M 961106590 T 213433259
www.artecapital.net/plataforma.php | transboavista-vpf.net



Fundada em 2006, a Plataforma Revólver é uma inovadora estrutura de arte contemporânea localizada em Lisboa. Promove um programa de exposições e de residências artísticas internacionais, participando ativamente na promoção e no diálogo internacional da arte.
A Plataforma Revólver funciona genuinamente para benefício público, operando um espaço independente e não lucrativo, de entrada livre. Visitas por marcação. Aberta de quarta a sábado das 14:00 às 19:00.

Registe-se para receber os convites das nossas exposições:

Nome:

Email:

Telefone:

Morada:

Localidade:

Código Postal:


Insira os caracteres: