Convite Cordial
Exposição comissariada por: Beatrice Catanzaro, Dani Sotter e Victor Pinto da Fonseca
Artistas: Alessandro Nassiri Tabibzadeh (it), António Júlio Duarte, Beatrice Catanzaro (it), Carla Esperanza Tommasini (it), Claudia Tavares (br), Daniela Dinkelmann (br), Dani Sotter (br), Gustavo Sumpta, Marta Sicurella (it), Pablo Lobato (br) e PatrÃcia Leal
Transboavista* é um edifÃcio sito na Rua da Boavista 84, que pretende ligar a Rua da Boavista em Lisboa a outros pontos de criação e produção de arte contemporânea, algures em Portugal e no Mundo, partindo do conceito "Pensar global e agir localmente".
"Convite Cordial" é uma exposição sobre a importância nos dias de hoje -consequência de uma maior globalização -, da hospitalidade e migração. A exposição explora estas questões através da noção de convite cordial, compreendido como o acto simbólico que pode ser utilizado para se negociar entre dois ou mais imaginários, e na prática, trocar ideias.
"Convite Cordial" é uma exposição concebida para o EdifÃcio Transboavista e a apresentar no espaço da Plataforma Revólver: o edifÃcio dedica-se à produção e divulgação da arte contemporânea, independente, e sua cultura. A exposição -tal como o edifÃcio - traça (sinaliza) a função de pretender construir uma realidade global, transformando eventualmente a Plataforma Revólver num "território transcultural", em permanente mutação.
O mundo continua a mover-se: com os ventos da globalização a empurrarem o centro de gravidade económico e artÃstico para leste e oriente, Portugal terá de ter uma nova ambição de estabelecer parcerias -projectos comuns - com parceiros de outras culturas e civilizações, para assim acelerar o seu desenvolvimento cultural e ter capacidade de atrair outros. Estamos num novo século, já não existem divisões artificiais.
Assim, a exposição Convite Cordial visa estabelecer relações pessoais -transculturais- que desenvolvam a troca de ideias e diplomacia; Relações e troca de ideias entre pessoas (que se preocupam com a arte contemporânea), de forma a que se criem mais rapidamente condições de comunicação para que "estrangeiros" sejam bem recebidos e desenvolvam trabalho criativo em Portugal, e onde a arte assume um papel estratégico.
A partir deste enunciado o propósito é constituir uma exposição organizada por um grupo de 3 comissários (Beatrice Catanzaro (IT), Dani Soter (BR) e Victor Pinto da Fonseca), que seja o reflexo do entendimento do tema: desta maneira, cada comissário apresenta uma escolha pessoal de 3 artistas, associada directamente à intercessão de algumas questões relacionadas com o tema de trabalho de forma a constituir um todo.
«No seu estudo "The Turbulence of Migration" sobre as inúmeras razões pelas quais as pessoas migram, Nikos Papastergiadis faz questão de incluir as viagens dos artistas. "Os artistas não estão apenas entre os membros mais móveis de uma comunidade, são também, frequentemente, os batedores das transformações entre o local e o global".
Podemos distinguir duas formas pelas quais os artistas e o tema da migração podem relacionar-se. Primeiro, o próprio artista pode levar uma vida de migração; e segundo o artista pode pegar na migração como o tema do seu trabalho.
à primeira vista, poderia parecer que, relativamente aos artistas, fosse necessário distinguir cuidadosamente o termo migração do termo viagem (independentemente de curta ou longa) mas não é fácil fazê-lo. Actualmente, talvez coexistam ambos como parte de um fenómeno -a complexidade das viagens dos artistas no perÃodo moderno - cultural que permanece pouco analisado.
"Talvez tenha chegado a hora de os cientistas sociais encararem a representação mais complexa da realidade que resulta da sensibilidade artÃstica"» Guy Brett
Beatrice Catanzaro, Dani Soter, Marta Sicurella, António Júlio Duarte e Gustavo Sumpta são viajantes entre culturas ou migrantes, artistas cujo trabalho seleccionei, como referência ao tema da exposição (Convite Cordial)
*victor pinto da fonseca, director do edifÃcio Transboavista
Trajectórias não convencionais Por Beatrice Catanzaro
Respiro fundo e sigo o CO2 a entrar pelas minhas narinas acima… Dirijo o ar para os pulmões e expando-o até à ponta dos meus dedos… repito o movimento, desta vez de dentro para fora directamente para o teclado com o qual estou a escrever.
E cá vamos nós…
A epistemologia do DelÃrio relaciona-se com a actividade de “andar fora do caminho habitualâ€; Em termos espaciais, poderia significar: passar as fronteiras da cidade.
Trajectórias não convencionais através de obstáculos/fronteiras/elementos sólidos.
Assim, delÃrio poderia descrever a actividade de um atleta que, seguindo a sua trajectória, percorre áreas que ainda não foram delineadas por caminhos.
As trajectórias, de facto são descritas no seu ponto de partida, como impulso/necessidade/urgência de começar. Aquela eleita representa uma dos milhares e possibilidades. Possibilidades essas que, por uma série de razões, não seguimos e sequer vemos.
Trans-border Por Dani Sotter
A ideia de reunir três artistas que abordam a questão da fronteira em seus trabalhos, surgiu após uma conversa com Victor Pinto da Fonseca a respeito do objectivo artÃstico da Plataforma Revólver_ espaço de livre circulação de ideias, de trocas, de encontros e corredor de expressões diferentes. Isto é, praticamente uma definição de "fronteira", que é esta linha invisÃvel, abstracta, que ao mesmo tempo separa e une, que é ponto de encontro, de passagem de um mundo para outro...A Plataforma Revolver pareceu-me, pois, o local ideal para abordar o conceito de fronteira e suas novas definições, examinadas pela arte contemporânea.
As fronteiras geográficas são tão questionadas quanto a arte. Elas incluem e excluem, se transformam, estão em constante mudança. É neste contexto que os artistas brasileiros Claudia Tavares (Rio de Janeiro), Pablo Lobato (Belo Horizonte) e Daniela Dinkelmann (São Paulo) fazem suas leituras sobre este assunto ora de maneira poética, ora se referindo ao espaço fÃsico, ora sugerindo uma nova cartografia, usando expressões e suportes diferentes, como a fotografia, o vÃdeo ou mapas. São três abordagens distintas mas que levam o observador à uma única uestão: "toda fronteira é mesmo ilusão, traçada para nos assegurar"
A Plataforma Revólver é uma associação privada, independente e não comercial, para a promoção da arte contemporânea.
A Plataforma Revólver construiu um espaço activo para o público de Lisboa, plataforma de novas ideias acerca da arte contemporânea; Produz seis exposições anualmente, oferecendo a possibilidade aos artistas plásticos para poderem apresentar e discutir os seus trabalhos, colmatando, deste modo, um dos problemas fundamentais com que se debatem os novos criadores: a dificuldade em encontrar um lugar a partir do qual se façam conhecer, expressando-se e, simultâneamente, receber o contacto com o público – vital para que os seus projectos evoluam - submetendo-se ao seu olhar, olhar esse que poderá ser absolutamente crÃtico ou complacente. Apesar do foco ser a arte que os mais jovens actualmente fazem, o programa da Plataforma Revólver também inclui artistas bem-conhecidos, estabelecidos.
A Plataforma Revólver apoia e estimula a criação de arte contemporânea, em concordancia com o caracter da pratica artistica nos dias de hoje, integrando as exposições varios meios e metodos de produção. A composição das exposições é ditada, por um lado, por um comissariado exterior à direcção do espaço, por outro, pela preocupação com a arte contemporânea e onde a arte assume um papel no desenvolvimento da cultura cÃvica e do pluralismo. Dizer que a obra de arte faz parte da cultura é uma coisa um pouco escolar e artificial. A obra de arte faz parte do real e é destino, realização, salvação e vida.
(Sophia de Mello Breyner)
Plataforma Revólver is a nonprofit association for the contemporary art, its main goal is the development of cultural activities, to produce, to spread and to participate in events, promote exhibitions, conferences, contests, inquiries and other cultural activities.
While an alternative space, it supports and stimulates the creation of contemporary art, supplying an environment in which the artists can show their unconventional work and exchange ideas with his colleagues. The intention, is to produce temporary exhibitions with a external curator.