A CORTE DO NORTE
Artistas: Bela Silva, FabrÃzio Matos, Frederico Ferreira, Gil Heitor Cortesão, Inez Teixeira, LuÃs Nobre, Pedro Vaz, Rodrigo Oliveira, Rosa Carvalho, Sofia Aguiar, Sofia Leitão, Tomás Colaço 03 Fevereiro > 18 Março
A exposição
A Corte do Norte retira o seu tÃtulo ao livro escrito em 1987 por Agustina Bessa-LuÃs. O livro trata do trajecto moral de Rosalina de Sousa, senhora do Funchal e que foi baronesa de Madalena do Mar; a novela passa-se entre o Funchal e a Ponta Delgada. O epicentro do livro é uma pequena vila de elegantes casas de veraneio, a Corte do Norte - situada na Ponta Delgada e tratada como ponto cardeal do sentimento insular que se instaura no uso da saudade, como algo que tudo invade e imobiliza.
Como uma forma civilizadora e, no entanto, precária. (Agustina Bessa-LuÃs in A Corte do Norte)
A literatura cria relações com diferentes meios da criatividade contemporânea, nomeadamente as artes plásticas, a música e o cinema.
A exposição A Corte do Norte é como emprestar um livro do qual se gostou muito, mas também é uma directa homenagem à escritora.
A ideia do titulo A Corte do Norte parece fazer crer que a exposição se inspira na leitura da novela (parece estar a contar qualquer coisa), mas na verdade a exposição não transmite qualquer reinterpretação ou vislumbre do romance de Agustina, antes se apresenta muito ambÃgua à existência do livro – a exposição não representa um ponto cardeal e não tem a preocupação de referir uma identidade geográfica ou temperamento especifico, que permita alguma correspondência com o livro.
Realmente, esta é uma exposição que permanece ambÃgua na sua precisão, entre o especÃfico e o arbitrário: trabalha com uma referência literária, mas foge dessa referencialidade, libertando os artistas aqui reunidos de produzirem uma reflexão sobre o tema - motivo pelo qual a exposição se apresenta autónoma da novela, não podendo ser associada a uma procura formal ou categoria estética comum, que crie uma analogia, um fim em si, que tenha inspirado a escolha dos artistas presentes.
A Corte do Norte pretende ser uma exposição que, como os bons livros que lemos, nos surpreenda, nos inquiete, nos transmita beleza e felicidade. Sem a imaginação que disserta na arte, serÃamos menos conscientes da importância da liberdade para que a vida seja vivida.
É evidente que, o que foi dito apenas serve para explicar uma parte essencial do processo, a partir do qual nasce o sentido da exposição: o encontro de mundos possÃveis entre a arte e a literatura.
A exposição apresenta diversos trabalhos de 12 artistas, de diferentes gerações, que partilham a caracterÃstica de uma intensa e obsessiva prática de trabalho.
victor pinto da Fonseca
A Plataforma Revólver é uma associação privada, independente e não comercial, para a promoção da arte contemporânea.
A Plataforma Revólver construiu um espaço activo para o público de Lisboa, plataforma de novas ideias acerca da arte contemporânea; Produz exposições temporárias, oferecendo a possibilidade aos artistas plásticos para poderem apresentar e discutir os seus trabalhos, colmatando, deste modo, um dos problemas fundamentais com que se debatem os novos criadores: a dificuldade em encontrar um lugar a partir do qual se façam conhecer, expressando-se e, simultâneamente, receber o contacto com o público – vital para que os seus projectos evoluam - submetendo-se ao seu olhar, olhar esse que poderá ser absolutamente crÃtico ou complacente. Apesar do foco ser a arte que os mais jovens actualmente fazem, o programa da Plataforma Revólver também inclui artistas bem-conhecidos, estabelecidos.
A Plataforma Revólver apoia e estimula a criação de arte contemporânea, em concordancia com o caracter da pratica artistica nos dias de hoje, integrando as exposições varios meios e metodos de produção. A composição das exposições é ditada, por um lado, por um comissariado exterior à direcção do espaço, por outro, pela preocupação com a arte contemporânea e onde a arte assume um papel no desenvolvimento da cultura cÃvica e do pluralismo. Dizer que a obra de arte faz parte da cultura é uma coisa um pouco escolar e artificial. A obra de arte faz parte do real e é destino, realização, salvação e vida.
(Sophia de Mello Breyner)