Links

SNAPSHOT. NO ATELIER DE...




Vista da exposição Inverted on Us, 2024-2025, MAAT. © Pedro Pina / Cortesia MAAT


Vista da exposição Inverted on Us, 2024-2025, MAAT. © Pedro Pina / Cortesia MAAT


Vista da exposição Inverted on Us, 2024-2025, MAAT. © Pedro Pina / Cortesia MAAT


Vista da exposição Inverted on Us, 2024-2025, MAAT. © Pedro Pina / Cortesia MAAT


AS WILD ANIMALS, 2024. Acrílico sobre papel, 204 x 152 cm. Cortesia da artista.


Vista de exposição Through Wet Air, Pavilhão Branco, 2024. © Bruno Lopes


Catarina Dias, Sem título (2024). Impressão sobre pano; 2 x (500 x 1015 cm). Vista da exposição Through Wet Air, Pavilhão Branco. Cortesia do artista. © Bruno Lopes

Outros registos:

Ana Loureiro



celine s diaz



Guilherme Figueiredo



Babu



Tiago Loureiro



S/ Título



Francisco Rivas



Beatriz Roquette



César Barrio



João Gomes Gago



Joana Franco



Rudi Brito



Pedro Batista



Coletivo Artístico Pedra no Rim



José Almeida Pereira



Nuno Cera



Vanda Madureira



João Ferro Martins



Mattia Denisse



Catarina Patrício



Bruna Vettori



André Silva



Manoela Medeiros



Tiago Madaleno



Catarina Cubelo



Bruno Silva



HElena Valsecchi



Diogo da Cruz



José Costa



Maria Bernardino



Melissa Rodrigues



Tânia Geiroto Marcelino



Xavier Ovídio



André Alves



Adrian Conde Novoa



Samuel Silva



Rui Castanho



James Newitt



Mariana Gomes



Daniel Fernandes



Diana Carvalho



Giammarco Cugusi



Rita Senra e João Pedro Trindade



Catarina Domingues



Cristina Regadas



Lionel Cruet



Pedro Vaz



Luís Nobre



Joana Taya



Angel Ihosvanny Cisneros



Rodrigo Gomes



Ludgero Almeida



Francisco Sousa Lobo



Letícia Ramos



Valter Vinagre



Andrés Galeano



João Pedro Fonseca



Pedro Proença



Tiago Baptista



António Guimarães Ferreira



João Seguro



Isabel Madureira Andrade



Fernando Marques Penteado



Virgílio Ferreira



Antonio Fiorentino



Alexandre Conefrey



Filipe Cortez



João Fonte Santa



André Sier



Rui Algarvio



Rui Calçada Bastos



Paulo Quintas



Miguel Ângelo Rocha



Miguel Palma



Miguel Bonneville



Ana Tecedeiro



João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira



João Serra



André Gomes



Pauliana Valente Pimentel



Christine Henry



Joanna Latka



Fabrizio Matos



Andrea Brandão e Daniel Barroca



Jarosław Fliciński



Pedro Gomes



Pedro Calapez



João Jacinto



Atelier Concorde



Noronha da Costa



Pedro Valdez Cardoso



João Queiroz



Pedro Pousada



Gonçalo Pena



São Trindade



Inez Teixeira



Binelde Hyrcan



António Júlio Duarte



Délio Jasse



Nástio Mosquito



José Pedro Cortes




CATARINA DIAS

LIZ VAHIA


28/01/2025

 

 

Catarina Dias nasceu em Londres, em 1979. Vive e trabalha em Lisboa. Após concluir o Curso Avançado na Ar.Co Lisboa em 2002, concluiu o Mestrado em Artes Plásticas pela Byam Shaw School of Arts, Londres, em 2003. Em 2011, foi nomeada para o Prémio EDP Novos Artistas.

Das suas exposições individuais, destacam-se: Inverted on Us (MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia), Through Wet Air (Pavilhão Branco, Galerias Municipais de Lisboa, 2024), We Know You Don’t See Us (Project Space, Encounter e Galeria Jahn und Jahn, Lisboa, 2023), Mamute (Galeria Vera Cortês, Lisboa, 2019), This is Heat (Happening no espaço Old School, #42, Lisboa, 2016).
Das várias exposições colectivas em que participou, destacam-se: Contravisões, A Fotografia na Coleção António Cachola (Elvas, 2023), Come Here There’s Something I Want To Show You (com Corita Kent, UPPERCUT, Lisboa, 2019),10000 anos depois de Vénus e Marte (Galeria Municipal do Porto, 2017), The Colour of an Eclipse (com Pedro A. H. Paixão, Ar Sólido, Lisboa, 2016), entre outras.

Tem vindo a colaborar regularmente, desde 2012, com a dupla Sofia Dias & Victor Roriz em diversos projectos cenográficos, entre os quais: Ruído (2024), Partícula (2023), Arremesso IX (2021), Sons (Mentirosos) Misteriosos (2020), O que não acontece (2018), Satélites (2015).

O seu trabalho é representado pela Galeria Jahn und Jahn.



Por Liz Vahia

 

>>>

 


LV: Está patente neste momento no MAAT a tua exposição “Inverted on Us”. Nela podemos ver a continuação de uma exploração da junção entre a imagem como matéria e superfície e a palavra como forma e linguagem. Visualmente, há uma espécie de contaminação entre aparência e legibilidade, e uma questão permanente que se poderá colocar é: “o que vemos realmente?”. Há uma qualidade corpórea do invisível que sobressai aqui? 
 
CD: Existe uma série de contradições em cada imagem e são essas contradições que a permitem subsistir no tempo. A meu ver, a imagem e o tempo são inseparáveis. 
Cada imagem carrega em si uma impossibilidade, tal como a linguagem. A linguagem subsiste enquanto houver nela subjectividade e ambivalência. É isso que a mantém viva. A imagem, ao mesmo tempo que nos revela algo, é também aquilo que nos cega. E ela vive desta própria contradição. É no momento dessa transição ou limiar visual, digamos, que podemos e conseguimos ver melhor. É nesse momento que tudo vem à superfície... Isto faz-me lembrar uma frase de um poema da Emily Dickinson (1263): “The Truth must dazzle gradually. Or every man be blind —“
 

LV: As palavras e o texto estão muito presentes na tua obra. No entanto, têm uma posição instável, por exemplo, “ler” não quer dizer que fiquemos a “perceber” algo, antes parece acrescentar camadas em vez de criar uma sensação de elucidação. As palavras e as imagens são coisas densas e acho que o uso de tecidos em algumas das tuas obras (como a cortina) torna visível esse aspecto. Concordas?
 
CD: Talvez isso dependa da imaginação de cada pessoa. Isto é, a imaginação enquanto actividade de criar uma imagem mental. O mesmo acontece no acto de ler. Criam-se imagens mentais (um cinema da mente), e o grau de subjetivação ou ambivalência vai depender dessa relação com o universo imagético de cada um.
 
As ‘cortinas’ (elementos que têm um longo historial cinematográfico), são uma parte do meu trabalho onde exploro ideias de ritmo e de corte da imagem. No caso da cortina da exposição Through Wet Air, o seu duplo... E sim, aprecio a ideia de chegar a uma certa densidade de matéria e à abertura da possibilidade de uma determinada estranheza ao nível da percepção.
 

LV: Precisamente nesta exposição há uma obra que parece “verter-se” na sala, ou projectar-se a partir do chão, e nos coloca numa perspectiva estranha como espectadores. Mas essa sensação de estranheza espacial é já sentida nas obras onde letras distorcidas e texto se sobrepõem. Como se dá a escolha de um texto no teu processo de criação?
 
CD: Aquilo que tinha a aparência de uma projecção que se estendia do chão à parede tinha um duplo, um desenho que se encontra num outro lugar físico.
 
O texto surge no próprio fazer do trabalho. Da mesma forma que tenho um arquivo de imagens, tenho um arquivo de palavras, frases que vou acumulando. À medida que vou trabalhando em pequenos fragmentos de imagens, vão ativando-se certas palavras ou frases. Vão ganhando presença. 
 

LV: Nas tuas obras vemos uma junção de materiais e técnicas, entre a impressão gráfica e a intervenção plástica. Existe uma ideia de arquivo a partir de onde recolhes visualmente esses materiais? Procuras uma nova revelação para imagens pré-existentes?
 
CD: A relação com as imagens é muito profunda. É curioso, pois ainda hoje falava com a minha irmã sobre isto. Este universo que vamos acumulando, no meu caso, o de imagens, vamos acumulando desde a infância. Criamos e transformamos, potenciamos uma dada intensidade a um corpo aberto onde todos esses elementos fazem parte.
 
A revelação de que falas talvez aconteça no acto de ver coisas nas coisas.
 

LV: Participaste numa das Millennium Art Talks da feira Drawing Room, a convite da Cristina Robalo. Como respondes à proposta que ela lançou, de que “vê” desenho no teu trabalho? Onde é que crês que podemos encontrar esse desenho? Há um desenho como prática ou há um desenho como forma de pensamento, de organização visual e espacial de ideias?
 
CD: A conversa com a Cristina foi muito interessante. Penso que existem ambas as coisas. O desenho é uma prática que nos leva a ver para lá do aparente. É um exercício contínuo, que convoca muitas percepções diferentes. Depois existe o lado físico desse exercício, que é sempre uma oportunidade para uma coisa se atualizar, para acontecer.
 

LV: Neste momento estás a desenvolver algum projecto ou tema que nos queiras comentar? Onde é que proximamente vamos ver o teu trabalho?
 
CD: Estou a trabalhar para a minha próxima exposição indivivual For Every Last Thing, que inaugura a 22 de Fevereiro no Rialto6. Pela proximidade temporal da exposição Through Wet Air e Inverted on Us, estou a trabalhar de uma forma ligeiramente diferente, mais ‘improvisada’ do que aquela em que costumo trabalhar. Vou convocar vários elementos temporais diferentes e espero que seja uma experiência tão estranha como as outras.

 

:::