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NUNO CENTENO
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DO PORTO PARA O MUNDO: UMA ESPÉCIE DE SUPER-HERÓI
Uma Entrevista Por Sérgio Parreira Com o Galerista Nuno Centeno
Em conversa com Sérgio Parreira, e a semanas da inauguração do novo espaço da galeria no Porto, o galerista Nuno Centeno reflecte, com um olhar no futuro, sobre a sua história pessoal e profissional. Discute ainda o estado da arte a nível internacional, assim como a posição de Portugal neste complexo mapa.
Setembro de 2018
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Sergio Parreira (SP): Eu diria que um pouco de histórico pessoal é sempre uma ajuda para se entender como chegámos onde estamos hoje. Às vezes algo que nos escapa na “narrativa” das galerias comerciais, que habitualmente têm o nome de um ou mais proprietários, é precisamente como é que estes “indivíduos” se dedicaram às artes. Podes explicar um pouco como começaste? Porquê arte? Porquê arte contemporânea?
Nuno Centeno (NC): O início da minha história é muito intuitivo e natural. Tendo o privilégio de ser filho do artista Sobral Centeno, cresci rodeado de outros artistas, críticos, galeristas e colecionadores de arte. Quando eu era pequeno as presenças em inaugurações eram constantes. Mais tarde, como qualquer jovem, fui à procura de experiências de vida e por isso decidi deixar Portugal numa busca de aventuras. Fiz algumas viagens na Europa de mochila às costas, com o objetivo de conhecer várias cidades e ter várias experiências de trabalho temporário. Depois fixei-me um ano em Londres e em 2002 mudei-me para o Rio de Janeiro, onde me dediquei 100% às artes. No Brasil estudei teoria e prática das artes durante três anos e finalmente encontrei uma série de respostas. Durante esse período, não falhava um único evento na cidade, fossem museus ou galerias, participando também em várias palestras e seminários com professores e artistas históricos do Brasil. Quando cheguei ao Brasil tinha apenas 22 anos e fui extraordinariamente bem-recebido pelas artistas Beatriz Luz e Lygia Pape, ambas próximas do meu pai. A Beatriz convidava-me para almoços e jantares onde era regular a presença de artistas da velha guarda, como é o caso do Ivens Machado e da própria Lygia Pape. Poderia eventualmente ter sido artista, mas rapidamente me apercebi que era a viver o pensamento artístico através do outro que me sentia realizado. Esta também se revelou uma forma possível de receber as mais variadas experiências, através de diferentes abordagens, que cada um faz à arte.
SP: Queres tentar descrever sucintamente como tudo começou: desde 2007 naquele edifício no Porto em frente ao Palácio de Cristal do qual me recordo perfeitamente da inauguração…
NC: Quando regressei em 2005 ao Porto, decidi fazer um curso no Instituto Português de Fotografia (IPF) e durante esse período comecei novamente a frequentar as inaugurações da cidade; foi quando decidi que queria ficar e criar um projeto meu. Na altura não havia um espaço nem galeria, tudo não passava de uma ideia. Conjuntamente com o meu pai, rapidamente comecei a procurar um espaço onde pudesse começar devagar. Encontrei uma sala pequena no último andar de um edifício típico da cidade do Porto, a localização era ótima e ficava mesmo ao lado da rua das galerias principais… deu-se assim o início da galeria Reflexus. A partir desse momento, em 2007, defini uma programação e as coisas aconteceram. Foram anos de muito trabalho e dedicação, em que eu fazia tudo: o que podemos chamar de One Man Show.
Sou muito livre na forma como vejo a arte; considero que a beleza está na diversidade do pensamento, e que existe um espaço para todos. Contudo, sou muito elitista nas minhas escolhas, e entendo que ser artista é principalmente uma questão de compromisso e atitude.
SP: Lembro-me que essa inauguração estava absolutamente repleta de público… Como recordas o que estava a acontecer nesta altura nas artes visuais no Porto e nomeadamente contigo enquanto agente cultural?
NC: Estávamos no início de uma crise nacional, mas a cena artística do Porto estava a começar a aquecer: Serralves com inaugurações cheias de gente e com um espaço Pop Up em pleno centro da cidade, as inaugurações simultâneas da Miguel Bombarda tinham imensos visitantes, e ainda uma série de Artist Run Spaces que agitavam o lado mais livre e independente. A cidade estava velha e decadente, mas foi precisamente nessa época que as coisas começaram a mudar. Tínhamos inaugurações cheias de público e como as coisas estavam a correr bem acabei por arranjar uma outra sala pequena no mesmo edifício, em que a casa de banho virou um espaço de projetos que denominei de Project Room. Passei a apresentar três exposições em simultâneo. Comecei a expandir, convidei artistas jovens de Lisboa e criou-se um primeiro fluxo. Em 2009, a meio da crise e ainda com o espaço ativo no Porto, mudei-me de malas e bagagens para Londres convencido que a melhor decisão seria mudar a galeria para lá. Cheguei a vir ao Porto uma vez por semana. Em Londres criei uma plataforma com dois amigos a que chamámos The Mews (nas traseiras da White Chapel Art Gallery) com intuito de nos impormos na cena artística local. No The Mews apresentávamos dois artistas em simultâneo todos os meses num formato de One Day
Exhibition. Estas exposições eram sempre com um artista Português já com alguma visibilidade e um artista “London Based”. Apresentámos artistas que na época faziam parte das galerias mais cool de Londres, e desta forma fomos ganhando notoriedade.
SP: Em 2010 mudas-te para um novo espaço, correto? O que determinou esta transição? E em 2011 creio que oficialmente passaste a ser “Galeria Nuno Centeno”? Que fatores determinaram essa mudança e quais foram concretamente as especificidades dessa alteração?
NC: Em 2010, após um ano intenso de trabalho, surge a oportunidade de voltar ao Porto com um espaço maior e mais bem localizado e o nome da galeria foi uma mudança puramente natural. Seguiram-se incansáveis viagens e o início da colaboração com artistas internacionais até então desconhecidos, e que, entretanto, conquistaram posições mediáticas e de destaque em algumas das galerias mais importantes do mundo. Surge a vontade de trabalhar novamente no Porto, para o país, e do Porto para o mundo.
SP: Quem eram os artistas nesta altura, em 2010? Os internacionais e nacionais: como estabeleceste, desenvolveste, e fizeste crescer essas relações? Quem se mantém ainda hoje contigo? Conta-me um pouco da relação “galerista” / artista em Portugal: particularmente a tua e como vês também esta mesma relação comercial, internacionalmente.
NC: Até 2010 foram realmente muitos os artistas que colaboraram comigo e de várias maneiras, todos Portugueses. Artistas essencialmente jovens que estavam no início da sua visibilidade como é o caso do Vasco Barata, Nuno Sousa Vieira, Mauro Cerqueira, Bruno Cidra, Yonamine, Ana Cardoso, todos mais ou menos da minha idade. Nesta altura já havia algumas galerias nacionais com reconhecimento internacional, embora as mais jovens não tivessem ainda nenhum destaque lá fora. As relações com os artistas nacionais e internacionais aconteceram de forma espontânea e mantivemos sempre uma relativa proximidade. Para mim as galerias devem ter artistas com os quais se identifiquem, que impulsionem uma programação fluída e enérgica, que acaba por ser a imagem e reflexo do gosto e visão do galerista.
SP: Por vezes, há artistas que me abordam através das redes socias, um pouco na procura de consultoria e como podem entrar no mercado nos Estados Unidos e Nova Iorque, com a ideia de que ser representado por uma galeria aqui (Nova Iorque) pode mudar completamente o rumo das suas carreiras. Eu cada vez mais costumo dizer e explicar que hoje a internacionalização do artista passa mais por assegurar a presença em feiras de arte, e menos pela representação de uma galeria numa das capitais do mercado da arte como é o caso de Nova Iorque, Londres, Paris, ou Hong-Kong, … O que achas desta minha observação? Representação nas principais capitais, ou representação numa galeria independentemente do local, mas que te apresente nas principais feiras de arte? Ou idealmente, ambas?
NC: No que respeita à internacionalização do artista, o importante é que este seja representado por galerias dinâmicas internacionalmente. Há por exemplo galerias com um poder enorme que já não se encontram localizadas nas grandes cidades. Se uma galeria constrói uma marca sólida pode desenvolver-se e crescer em qualquer parte do mundo. Para o artista, as feiras são essenciais porque conseguem num curto espaço de tempo mostrar o trabalho a um público vasto e especializado. Não deixa de ser curioso que, se um artista pouco conhecido e que trabalhe há muitos anos sem grande notoriedade, passar a ser representado por uma galeria poderosa e bem conectada internacionalmente, que os seus preços disparem em flecha, seguindo-se convites para exposições em grandes instituições, e a entrada nas maiores coleções privadas e públicas. Assim como acontece exatamente o oposto se este abandonar uma galeria com estas características. O mercado de arte é certamente bastante complexo, o que o torna extremamente interessante.
SP: Um pouco no seguimento da questão anterior, tu és um excelente exemplo daquilo que acabo de mencionar; conquistaste, e provavelmente com um grande investimento, um lugar merecido nas principais feiras de arte internacionais, Frieze NY, Frieze London, Art Basel Miami Beach, Liste, Independent Brussels, ARCO… Como desenvolveste este percurso, até chegares ao exemplo deste ano na Frieze NY em que ganhaste o prémio “Focus Prize” (Atribuído a galerias com 12 ou menos anos)?
NC: O percurso da galeria foi feito de uma forma sólida e progressiva. Estive presente em muitas feiras ao longo do meu trajeto e sempre com objetivos muito bem definidos. O prémio para o melhor stand que me foi atribuído na Frieze de Nova Iorque, o destaque da plataforma ArtNet entre os 10 galeristas mais respeitados da Europa, ou mais recentemente ao ser inserido pela conceituada revista de arte Apollo na seleção 40 Under 40: Europe 2018, foram o reconhecimento de todos estes anos de galeria.
SP: Eu arriscaria dizer que fazer a gestão/direção de um espaço nosso, como tu fazes a gestão da tua galeria no Porto, é algo seguramente diferente do processo de implementação e produção para uma feira de arte como a Frieze em Nova Iorque. Tenho particularmente interesse e curiosidade na escolha das obras que levas. Fala-me um pouco desta seleção.
NC: O processo para qualquer feira é sempre complexo. Existe a fase de candidatura onde se apresenta o conceito assim como os artistas a apresentar. Eu tento fazer um balanço entre artistas que apresentem diferentes práticas, mas que simultaneamente se cruzem entre elas. Imagino sempre uma apresentação que seja a imagem da galeria, e que quem olhe para o stand possa antever quem eu sou, e também identificar a minha visão. Após a candidatura ser aceite, passamos ao processo logístico, como é exemplo o transporte das obras. No caso de Nova Iorque tentamos fazer com que as obras que pretendo apresentar já estejam lá. Hoje há muitos artistas que passam temporadas na cidade, produzem lá, e com isso evitamos os custos elevados associados a um transporte de Portugal para os Estados Unidos.
SP: Há algum episódio numa feira de arte que gostasses de partilhar, ou pelo lado inesperado ou inusitado, seja com um potencial cliente ou mesmo um visitante. Imagino que possas escolher de tantos que tenham acontecido…
NC: Acontecem sempre episódios interessantes, como ter uma obra virada ao contrário no primeiro dia da feira, uma coisa muito comum e que acontece com inúmeras galerias; ou por exemplo atravessar o Central Park em Nova Iorque com uma obra de baixo do braço às 10 da noite no último dia da feira (porque a pintura não cabia em nenhum táxi), para conseguir fazer a entrega a um colecionador em Upper West Side. As coisas mais curiosas acontecem e são boas de recordar. Outro episódio engraçado foi estar numa feira a falar com o internacional do futebol Luís Figo e ter a sensação de que ele era um ator da televisão Portuguesa. Só mais para o final, no momento da troca dos nossos e-mails, me apercebi quem ele realmente era. Eu de fato achei bastante estranho que várias pessoas o fotografassem no meu stand enquanto falávamos… Isto aconteceu na ARCO em Madrid, há uns anos.
SP: Como referiste anteriormente, o mercado da arte pode ser bastante “complexo”, embora por vezes também bastante previsível, eu diria. Como antevês os próximos cinco anos em Portugal? Estás otimista? Consideras que a ARCO está a trazer uma renovada atenção ao país?
NC: Acredito que serão bons, pois muita gente de fora está a escolher o nosso país como destino para viver, seja em Lisboa ou no Porto. Isso está a trazer uma grande visibilidade e a colocar Portugal no mapa. Não significando que este seja um público potencialmente colecionador, mas eventualmente compradores espontâneos que beneficiam imenso as galerias. Por isso, sim, estou otimista. A ARCO, da qual faço parte do comité de seleção das galerias, também veio estimular o mercado, com novos públicos a quererem descobrir o que se passa culturalmente nas cidades.
SP: Imaginas que Lisboa ou o Porto possam vir a definir uma nova “escala” no calendário mundial das semanas de arte (Feiras de Arte), como acontece em diversas cidades a nível mundial?
NC: Acredito nisso apenas temporariamente, porque hoje Portugal está verdadeiramente na moda! É um privilégio afirmar “Sou português!”, mas o ritmo das tendências a nível mundial também está muito acelerado, e por isso não sabemos o que vai realmente acontecer, ou até quando.
SP: Achas que o governo português está ciente, sensível e suficientemente esclarecido em relação à oportunidade que é a arte como fator de desenvolvimento e investimento?
NC: A consciência é maior, mas continua a não ser uma prioridade para o governo nacional. A arte tem um poder incontornável de mudar e caracterizar públicos específicos como aconteceu em algumas cidades na Suíça ou Alemanha que recebem regularmente pessoas do mundo inteiro. O público desloca-se para visitar certos museus ou feiras, o que muitas das vezes acontece em
cidades pequenas, mas que se afirmaram precisamente através da arte, desenvolvendo uma forte economia local.
SP: Ainda antes de entrar nos projetos que tens a decorrer a título individual, e o novo espaço que vais inaugurar no Porto, gostava de ter a tua opinião em relação ao projeto CONDO (condocomplex.org) da Vanessa Carlos, que se tem afirmado como uma latente alternativa à tradicional feira de arte, acontecendo atualmente em cinco cidades a nível mundial, Nova Iorque, Londres, Shangai, Cidade do México e São Paulo. Como vês esta iniciativa comercialmente e em termos de organização?
NC: A Vanessa teve uma visão incrível com a iniciativa do CONDO, que foi de facto uma ideia simples e muito funcional em termos de sinergias entre colegas galeristas. Das minhas duas participações os resultados foram bons. Não creio que seja uma alternativa às feiras, mas sim uma opção. Trata-se de uma colaboração saudável que permite um olhar curioso de um galerista que fica temporariamente noutra galeria e tem a experiência “do outro”. No meu caso, com a The Approach em Londres ou a Jaqueline Martins em São Paulo, ouve uma pequena troca de potenciais clientes, o que já é extremamente positivo. O CONDO une as galerias que de uma forma orgânica estão espalhadas nos 4 cantos do mundo. Comercialmente, pode ser uma iniciativa satisfatória ou simplesmente neutra, mas vale sempre pelo intercâmbio. As galerias têm as suas redes de contacto que muitas vezes convergem nos mesmos colecionadores e isso também serve para reencontrar amigos.
SP: Achas que existe uma necessidade de procurar alternativas para o modelo tradicional da feira de arte; ou a solução passa por fazer com que os atuais eventos sejam mais inclusivos, através de iniciativas como é o caso da próxima edição da Art Basel em Basel em 2019, que vai aplicar “taxas” de participação mais elevadas para as galerias de topo, com o intuito de facilitar a participação de galerias mais “jovens”?
NC: As feiras são essenciais, o problema é a quantidade e a disputa entre marcas poderosas, que nos deixa a sensação de que temos de estar presentes em todas. Idealmente deveriam ser apenas 3 ou 4, uma concentração em que as galerias pudessem apresentar os artistas que promovem e comercializam durante alguns dias num palco com muitos visitantes. Os eventos paralelos e modelos alternativos podem e devem ir acontecendo das mais variadas formas. Este modelo da feira não vai acabar, mas acredito que vai seguramente sofrer alterações. Quanto às “taxas”, não sei se as galerias grandes devem pagar mais porque isso entra num campo mais complexo. Se o que determina oficialmente o que é uma galeria de topo é a faturação anual e o poder que a mesma tem de colocar os artistas nas grandes coleções ou instituições, então essas galerias terão naturalmente mais dinheiro para terem stands maiores em posições melhores e com mais área, logo mais visibilidade. Estes fatores por si só numa feira de arte já tem um custo associado que as diferencia.
SP: Quanto aos teus projetos e ao futuro, é de conhecimento público que vais inaugurar um novo espaço da galeria, dentro de semanas, no Porto. O que representa este novo espaço para ti e para o crescimento da Galeria Nuno Centeno?
NC: O novo espaço representa mais um passo na minha trajetória, no sonho de ter um local de trabalho mais amplo e com uma história, onde me sinta tão bem como em minha casa. O fato de ser na Cooperativa dos Pedreiros e estar localizado no centro da cidade num edifício projetado em 1937 e tão emblemático do Porto, traz mais carisma ao projeto e identidade à galeria.
SP: Tens ainda outros projetos em simultâneo com a galeria, como é o caso do Artist Book Gallery, e ainda o The Spot. Fala-me um pouco destas iniciativas.
NC: Ambos os projetos surgem da necessidade de expansão das minhas ideias e conceitos sobre o que é ser um agente cultural, mas também comercial, em transformação constante. O Artist Book Gallery é uma galeria dentro de uma galeria; uma espécie de submarca Nuno Centeno e que se dedica exclusivamente à apresentação de livros de artista como objeto singular. A possibilidade de nos próximos anos poder trabalhar com centenas de artistas, criadores de áreas diferentes, em formato livro, permite diálogos e discussões que me vão fazer crescer e aprender mais, despertar a minha curiosidade e aprendizagem. O livro de uma forma generalizada é um objeto mágico, mas infelizmente em vias de extinção. Depois temos o “livro de artista” que vai parar a um nicho de colecionadores, o meu objetivo é facilitar um alcance mais abrangente de público a esta forma de fazer arte. Também estou a considerar propostas de livros digitais ou outros suportes, apesar de me agradar particularmente a ideia na versão de papel.
O Sculpture Park and Outdoor Tendencies (SPOT) é uma ideia que tinha há muitos anos de uma galeria de arte ao ar livre. Esta ideia finalmente surge com a Rita Almeida, consultora e colecionadora de arte que também está ligada a várias plataformas inovadoras. Apresentamos aos colecionadores possibilidades de obras de arte para o exterior das suas casas. Estamos preparados para desenvolver projetos de maior escala no caso destes nos serem solicitados, assim como consultoria a empresas ou privados. Queremos incutir a necessidade e a importância da arte em tudo que seja estética Outdoor ao mais alto nível.
Para mim o centro de tudo é a galeria e estes projetos são ramificações que comunicam entre si.
SP: Por fim, gostava de entender como fazes a gestão da tua vida pessoal e familiar entre tantos compromissos profissionais. Há um envolvimento da tua família? Achas que à semelhança do que aconteceu com o teu pai, a arte vai ser uma vez mais um fio condutor genealógico?
NC: Atualmente a minha mulher está 100% envolvida em todos os procedimentos da galeria e isso é um contributo muito grande, uma profissional exterior à arte, que olha para tudo de uma forma mais pragmática. Por enquanto, evito o envolvimento dos miúdos nas atividades, mas o mais velho já sente que o pai tem um trabalho diferente dos outros pais. A vida de galerista não tem horas marcadas e envolve muitas viagens. Por certo que este é o momento mais intenso da minha carreira. Tenho dois filhos, de um e quatro anos (menina e menino respetivamente), o que necessariamente torna a vida muito mais exigente, mas também mais gratificante. Por vezes tenho a sensação que trabalho mesmo quando estou a dormir. Pode parecer um cliché, mas a família é o meu bem mais valioso e eles serão sempre a minha prioridade. Família esta da qual faz parte o famoso Tobias! Um incrível cão que ia para abate e foi resgatado por nós… Uma espécie de Super-Herói!
Sérgio Parreira
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