Links

ENTREVISTA


Brian Griffin, fotografado por Ashley Franklin.


Conferência “Encontros do Olharâ€, Plataforma Revólver, Julho 2014.


Marito, Vila Real, Portugal, 2013.


Liam – Steel Erector, série St. Pancras HS1.


Margaret Thatcher, Downing St., London, 1986.


A Broken Frame, Depeche Mode, 1982. Fotografia para a capa do álbum.


Siouxsie and the Banshees – Dazzle


David Hockney, 1980’s, Polaroid.

Outras entrevistas:

ROMY CASTRO



AIDA CASTRO E MARIA MIRE



TITA MARAVILHA



FERNANDO SANTOS



FABÃOLA PASSOS



INÊS TELES



LUÃS ALVES DE MATOS E PEDRO SOUSA



PAULO LISBOA



CATARINA LEITÃO



JOSÉ BRAGANÇA DE MIRANDA



FÃTIMA RODRIGO



JENS RISCH



ISABEL CORDOVIL



FRANCISCA ALMEIDA E VERA MENEZES



RÄ DI MARTINO



NATXO CHECA



TERESA AREGA



UMBRAL — ooOoOoooOoOooOo



ANA RITO



TALES FREY



FÃTIMA MOTA



INÊS MENDES LEAL



LUÃS CASTRO



LUÃSA FERREIRA



JOÃO PIMENTA GOMES



PEDRO SENNA NUNES



SUZY BILA



INEZ TEIXEIRA



ABDIAS NASCIMENTO E O MUSEU DE ARTE NEGRA



CRISTIANO MANGOVO



HELENA FALCÃO CARNEIRO



DIOGO LANÇA BRANCO



FERNANDO AGUIAR



JOANA RIBEIRO



O STAND



CRISTINA ATAÃDE



DANIEL V. MELIM _ Parte II



DANIEL V. MELIM _ Parte I



RITA FERREIRA



CLÃUDIA MADEIRA



PEDRO BARREIRO



DORI NIGRO



ANTÓNIO OLAIO



MANOEL BARBOSA



MARIANA BRANDÃO



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO E SANDRA VIEIRA JÜRGENS



INÊS BRITES



JOÃO LEONARDO



LUÃS CASTANHEIRA LOUREIRO



MAFALDA MIRANDA JACINTO



PROJECTO PARALAXE: LUÃSA ABREU, CAROLINA GRILO SANTOS, DIANA GEIROTO GONÇALVES



PATRÃCIA LINO



JOANA APARÃCIO TEJO



RAÚL MIRANDA



RACHEL KORMAN



MÓNICA ÃLVAREZ CAREAGA



FERNANDA BRENNER



JOÃO GABRIEL



RUI HORTA PEREIRA



JOHN AKOMFRAH



NUNO CERA



NUNO CENTENO



MEIKE HARTELUST



LUÃSA JACINTO



VERA CORTÊS



ANTÓNIO BARROS



MIGUEL GARCIA



VASCO ARAÚJO



CARLOS ANTUNES



XANA



PEDRO NEVES MARQUES



MAX HOOPER SCHNEIDER



BEATRIZ ALBUQUERQUE



VIRGINIA TORRENTE, JACOBO CASTELLANO E NOÉ SENDAS



PENELOPE CURTIS



EUGÉNIA MUSSA E CRISTIANA TEJO



RUI CHAFES



PAULO RIBEIRO



KERRY JAMES MARSHALL



CÃNTIA GIL



NOÉ SENDAS



FELIX MULA



ALEX KATZ



PEDRO TUDELA



SANDRO RESENDE



ANA JOTTA



ROSELEE GOLDBERG



MARTA MESTRE



NICOLAS BOURRIAUD



SOLANGE FARKAS



JOÃO FERREIRA



POGO TEATRO



JOSÉ BARRIAS



JORGE MOLDER



RUI POÇAS



JACK HALBERSTAM



JORGE GASPAR e ANA MARIN



GIULIANA BRUNO



IRINA POPOVA



CAMILLE MORINEAU



MIGUEL WANDSCHNEIDER



ÂNGELA M. FERREIRA



DELFIM SARDO



ÂNGELA FERREIRA



PEDRO CABRAL SANTO



CARLA OLIVEIRA



NUNO FARIA



EUGENIO LOPEZ



JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA



ISABEL CARLOS



TEIXEIRA COELHO



PEDRO COSTA



AUGUSTO CANEDO - BIENAL DE CERVEIRA



LUCAS CIMINO, GALERISTA



NEVILLE D’ALMEIDA



MICHAEL PETRY - Diretor do MOCA London



PAULO HERKENHOFF



CHUS MARTÃNEZ



MASSIMILIANO GIONI



MÃRIO TEIXEIRA DA SILVA ::: MÓDULO - CENTRO DIFUSOR DE ARTE



ANTON VIDOKLE



TOBI MAIER



ELIZABETH DE PORTZAMPARC



DOCLISBOA’ 12



PEDRO LAPA



CUAUHTÉMOC MEDINA



ANNA RAMOS (RÀDIO WEB MACBA)



CATARINA MARTINS



NICOLAS GALLEY



GABRIELA VAZ-PINHEIRO



BARTOMEU MARÃ



MARTINE ROBIN - Château de Servières



BABETTE MANGOLTE
Entrevista de Luciana Fina



RUI PRATA - Encontros da Imagem



BETTINA FUNCKE, editora de 100 NOTES – 100 THOUGHTS / dOCUMENTA (13)



JOSÉ ROCA - 8ª Bienal do Mercosul



LUÃS SILVA - Kunsthalle Lissabon



GERARDO MOSQUERA - PHotoEspaña



GIULIETTA SPERANZA



RUTH ADDISON



BÃRBARA COUTINHO



CARLOS URROZ



SUSANA GOMES DA SILVA



CAROLYN CHRISTOV-BAKARGIEV



HELENA BARRANHA



MARTA GILI



MOACIR DOS ANJOS



HELENA DE FREITAS



JOSÉ MAIA



CHRISTINE BUCI-GLUCKSMANN



ALOÑA INTXAURRANDIETA



TIAGO HESPANHA



TINY DOMINGOS



DAVID SANTOS



EDUARDO GARCÃA NIETO



VALERIE KABOV



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO



PAULO REIS



GERARDO MOSQUERA



EUGENE TAN



PAULO CUNHA E SILVA



NICOLAS BOURRIAUD



JOSÉ ANTÓNIO FERNANDES DIAS



PEDRO GADANHO



GABRIEL ABRANTES



HU FANG



IVO MESQUITA



ANTHONY HUBERMAN



MAGDA DANYSZ



SÉRGIO MAH



ANDREW HOWARD



ALEXANDRE POMAR



CATHERINE MILLET



JOÃO PINHARANDA



LISETTE LAGNADO



NATASA PETRESIN



PABLO LEÓN DE LA BARRA



ESRA SARIGEDIK



FERNANDO ALVIM



ANNETTE MESSAGER



RAQUEL HENRIQUES DA SILVA



JEAN-FRANÇOIS CHOUGNET



MARC-OLIVIER WAHLER



JORGE DIAS



GEORG SCHÖLLHAMMER



JOÃO RIBAS



LUÃS SERPA



JOSÉ AMARAL LOPES



LUÃS SÃRAGGA LEAL



ANTOINE DE GALBERT



JORGE MOLDER



MANUEL J. BORJA-VILLEL



MIGUEL VON HAFE PÉREZ



JOÃO RENDEIRO



MARGARIDA VEIGA




BRIAN GRIFFIN


Diz que a forma como chega às ideias é-lhe desconhecida e que só conhece os retratados no momento de os fotografar. Usa sempre o tripé e trabalha com os sujeitos, manipulando-os até conseguir o que quer. Para Brian Griffin, um dos mais importantes fotógrafos da actualidade, a fotografia deve muito ao acaso e à sorte, reconhecendo na pintura muita da sua inspiração.
Por ocasião da sua vinda a Lisboa, para participar numa das conferência dos Encontros do Olhar, organizada pelo Instituto Português de Fotografia (IPF), a Artecapital teve a oportunidade de o entrevistar informalmente.


Por Liz Vahia

>>>>>>


LV: Veio a Lisboa convidado pelo IPF para falar do projecto Entre Margens. Quer explicar-nos em que consistiu a sua participação nesse projecto?

BG:
No Entre Margens, que aconteceu no ano passado no Vale do Douro, eu fui um dos fotógrafos presentes convidados a participar nesse projecto. Eu fiz fotografias e compilei uma sessão em Powerpoint, através da qual posso expandir todas as fotos que tirei.
Vim cá para trabalhar no projecto durante 2 semanas. Trabalhámos numa velha casa que é propriedade do Museu do Douro, mas também usámos algumas salas do hotel onde ficámos, um hotel muito grande na cidade da Régua. O ambiente no meu trabalho não é assim tão importante, de facto, eu até gosto de estar em sítio nenhum, pode ser qualquer lado, porque quando se começa a pensar no ambiente, começamos a afastar-nos da essência da imagem que queremos fazer - o sujeito - que neste caso eram as pessoas do Vale do Douro. Eu gosto, preferentemente, de colocar as pessoas nas suas situações reais, uma parede, duas paredes, qualquer coisa minimal, e isso o hotel providenciava muito bem. É bom ter qualquer coisa por onde começar, como uma agulha e um fio, é bom ter um fio só para ajudar a encaminhar. Portanto, eu dei uma volta pelo Porto, nalgumas lojas de materiais artísticos, e gastei cerca de 50 euros em coisas que levei para o Vale do Douro para usar. Não me perguntem porquê, porque não tenho nenhuma ideia. Parte do meu trabalho não tem uma razão concreta que explique porque fiz aquilo, eu tiro fotografias como forma de descobrir o porquê, porque estou interessado em saber [risos]. “Porque é que ele faz estas coisas? Porque é que ele toma estas decisões? Quais são as razões por trás?†Muitas vezes não há uma racionalização para isso, talvez com o tempo eu perceba porquê. Eu trabalho em automático, eu respondo automaticamente a forças exteriores e estou interessado em saber porquê, e a única maneira de descobrir é não pensar muito no que vou fazer, é ir com a corrente. Neste projecto específico acho que fiz isso. Voltei à Régua e comprei um grande saco de açúcar e um grande saco de sal e juntei-os aos outros adereços que já tinha. Não os usei em todas as fotografias, mas se calhar em 75% delas.

LV: Os adereços são um aspecto importante na sua fotografia. Há uma espécie de encontro performático entre o sujeito e os materiais. Essa relação é trabalhada entre si e o fotografado ou tem já uma imagem pré-definida que quer compor?

BG:
O sujeito traz muito à fotografia, pelo menos 25%, pois não se consegue controlar totalmente a imagem. É preciso que venha o sujeito com as suas ideias. No processo de fotografar há um adereço, que dá o mote para se começar a trabalhar, mas o fotografar é uma situação muito íntima, é preciso gostar da experiência de estarmos juntos ou pelo menos achá-la interessante. O fotógrafo precisa de ser carismático e de certa forma manipular o sujeito. É um talento que se tem se se nasce com ele, depois é só desenvolvê-lo e torna-lo cada vez melhor. Tenta-se muitos truques, muitas brincadeiras com atitudes, com o tempo, piadas... Percebemos que é a única oportunidade para conseguirmos uma boa fotografia, por isso é-se impiedoso!


LV: E conhece as pessoas antes?

BG:
Não. É mais difícil controlar o sujeito se ele te conhece. É melhor serem estranhos e controlar a situação. Se eles te conhecerem vão começar a criar resistência. Eu nunca fotografo os meus amigos. Não queres conhecer as pessoas, queres chegar lá e vê-las à frente e jogar o jogo.


LV: Começou a fotografar no início do anos 1970. Como é que era ser fotógrafo profissional naquela altura, comparado com a actualidade?

BG:
Era maravilhoso. Era difícil começar, porque era uma coisa que muita gente queria fazer, e a única maneira de fazer caminho era ser diferente. Eu trabalhei muito para tentar ser diferente. Eu era um homem simples e como tanta gente queria ser fotógrafo. Mas era preciso ser diferente para se conseguir viver disso. Eu comecei num campo muito chato da fotografia, que era fotografar homens de negócios, mas transformou-se no melhor lugar para estar quando o ambiente mudou com o advento da Thatcher, pois tornou-se a parte mais importante da fotografia. Em segundo lugar, eu tenho formação em engenharia e quando se tratava de fotografia de publicidade, eu tinha uma boa cabeça matemática, eu podia tirar fotografias muito complexas, com exposições múltiplas, construía as minhas próprias luzes, etc. Por isso, pagavam-me muito dinheiro para tirar fotografias para as campanhas publicitárias. Isto actualmente já não serve de muito, até porque já não é preciso esse tipo de fotografia. Mas na altura sim, e éramos só uns poucos em Inglaterra. Nós éramos mestres e antes do computador eram precisas pessoas como nós, pois conseguiam fazer magia com as câmaras. Ganhei muito dinheiro e com isso consegui publicar os meus próprios livros.


LV: E o lado artístico da fotografia?

BG:
Isto é puramente a minha opinião, mas a “digitalização†da fotografia permitiu tirar fotografias e recolher informação correcta o suficiente para “lermos†a fotografia. Conseguimos entender sobre que é a fotografia porque o computador, que é a câmara, se encarregou disso. É só apontar a câmara. E isso facilitou muito a escolha de ser fotógrafo. Há muitas fotografias e ideias nas fotografias, mas isso não quer dizer que sejam boas fotografias. Também acho que os curadores actualmente não têm padrões tão elevados na sua selecção das fotografias. A maioria dos fotógrafos são terríveis. Mas isto é só a minha opinião. Era tão difícil há 30 ou 40 anos ser tecnicamente bom, actualmente parece muito fácil. Isto ajudou toda a gente a ser bom fotógrafo da família, mas....
Os jovens agora vão para a escola e saem de lá a querer logo um livro e uma exposição. Nós nunca pensámos assim, havia uma série de anos antes da primeira exposição e de um livro.


LV: Costuma trabalhar com assistentes vindos de escolas. Uma das suas críticas aos actuais estudantes de fotografia passa então pela capacidade técnica que adquirem.

BG:
Primeiro, não sabem como iluminar. Muito pouca gente percebe como iluminar e por isso os estudantes saem das escolas com poucos conhecimentos de iluminação. A maior parte das pessoas usa a luz disponível, ou seja, a luz natural. Não se vê muita gente actualmente a usar luz artificial. O saber usar a luz está a desaparecer.


LV: Na sua diversa carreia, que vai desde a fotografia comercial e de moda até à arte contemporânea, o retrato é um campo constante no seu trabalho. Foi algo que surgiu naturalmente e se foi consolidando, ou foi uma coisa que procurou como imagem de marca?

BG:
Eu fui forçado pelas circunstâncias a entrar nesse campo. Se começamos a fazer muito bem uma coisa, qualquer que seja (pode ser fotografar gelados) vamos tendo cada vez mais disso. Cada vez mais e mais da mesma área da fotografia. Mas eu queria ser fotógrafo de moda, como todos os rapazes dos anos 1970, porque isso era glamoroso.
É preciso criar o seu próprio mundo fotográfico. Trabalhar arduamente e ser obsessivo, verdadeiramente dedicado, só assim se pode desenvolver uma nova forma de ver e uma vida de sucesso na fotografia.