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ENTREVISTA


© Jorge Carmona / Antena 2


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Quadríptico da Coleção CAP. Casa Armanda Passos. © Filipe Braga


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Carvão em destaque da Coleção de Arte Contemporânea da Fundação Altice. Casa Armanda Passos. © Filipe Braga


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FABÍOLA PASSOS


27/05/2024

 


Ao longo de duas semanas, e até ao dia 2 de junho, a ‘Casa Armanda Passos’ localizada na Foz do Porto, estará aberta ao público pela primeira vez para apresentar 45 óleos e carvões inéditos dos anos 80, provenientes de coleções públicas e privadas, que podem ser admirados de quarta-feira a domingo das 14h30 às 19h30. As visitas guiadas decorrem ao fim-de-semana, de hora em hora, das 15 às 18 horas.

O percurso de Armanda Passos (1944-2021) – pintora portuense de criação, vida e alma – anuncia por si só a missão de um ser maior, visionário, que pinta o que está para além da visão humana, quiçá em forma de espécie de seres titânicos dum mundo paralelo. Armanda fez tudo o que devia ter feito e como tinha de o fazer porque a sua obra diz o mundo de si e dos outros na sua metamorfose, máscaras, identidades e contemplação. Jamais temia a verdade doesse a quem doesse. E esta breve retrospectiva descortina uma ínfima parte dessa verdade.

À frente da ‘Casa Armanda Passos’ projetada pelo arquitecto Álvaro Siza, amigo da artista, a filha da pintora Fabíola Passos Valença (ou Fabíola Passos como assina desde o desaparecimento da mãe) – investigadora, conservadora e curadora do legado – abriu pela primeira vez a casa-atelier ao público para assinalar os 80 do nascimento da grande pintora Armanda Passos, sua mãe, “mais alta do que a casa” (nas palavras de Álvaro Siza) – o templo – e não completamente divulgada na sua amplitude e dimensão.

Também artista plástica, doutorada pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP), Fabíola Passos fala-nos sobre este novo e amplo projeto de investigação / procura / atualização do arquivo para formato digital da obra artística emblemática e única que visa a descoberta, a revelação e o entendimento do trabalho intenso de Armanda Passos. Agora, não apenas para uma elite de intelectuais que rodeavam Armanda, mas para um público mais alargado que a admira e acrescenta outros sentidos e emoções à sua vasta obra em número, em força, em essência ou em significação, e em grande parte dispersa. Porque a artista era absolutamente desprendida, doava o seu trabalho e apoiava os seres animais que tanto desenha e pinta.

Não obstante ter organizado nos últimos anos de vida várias exposições temáticas – mormente na Reitoria da Universidade do Porto ou no Tribunal da Relação do Porto, entre outros – Armanda Passos (sempre de mãos dadas a Fabíola) viveu para si e para os seus num mundo quase inacessível, muito especial e clarividente, deixando-nos ainda mais perplexos com a sua criação.

Armanda Passos deu poucas entrevistas a quem quis e como pretendeu dar; revelou mais em privado do que em público a sua obra e cerne, como a própria preferiu; doou-a também generosa e amplamente a quem desejou; expôs como e onde idealizou, nunca traindo a sua liberdade. Armanda Passos, o templo maior que a sua própria catedral assinada por Siza, como um Michelangelo na Sistina que num toque dá vida à figuração humana e animal (na tela, não a barro). O poder. Sem nome e título, como a maioria das suas obras.

As impressionantes obras em carvão, como aquela pertencente à Coleção de Arte Contemporânea da Fundação Altice, “a obra em maior escala em carvão” (150 x 330 cm): “Foi uma das encontradas", refere Fabíola Passos.


 

Por Helena Osório

 

 

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Helena Osório: Pela primeira vez a ‘Casa Armanda Passos’ abre as portas ao público para uma exposição da pintora. Era este o desejo de Armanda, converter o espaço projetado por Siza que funcionava também como atelier, numa casa-museu com exposições temporárias e permanentes ou temáticas da sua obra?

Fabíola Passos: A Casa abre ao público com o propósito maior de assinalar os 80 anos da pintora e associar a esta celebração uma seleção de obras criadas nos anos 80, provenientes de coleções de todo o país, públicas e privadas.
Se era este o desejo de minha Mãe? Não, nunca foi. Desde logo porque, durante as duas décadas que habitou a Casa, nunca realizou exposições do seu trabalho com abertura ao público. Está registado numa publicação de 2006: “Se me pergunta se [esta casa] representa o que desejava fazer neste planeta, dir-lhe-ei que não. O que eu quero é pintar. (…) Ela [Fabíola] tem a função para a casa. (…) Eu não estarei cá, mas na casa vão crescer os guerreiros da nossa espécie.”

 

Armanda Passos com o Goji, o ca?o que adoeceu e faleceu com a mesma doenc?a da pintora, a observarem uma gaivota. Fotografia de arquivo.

 


HO: Depois da exposição dos dinâmicos anos 80, em Lisboa, marcando de alguma forma o desaparecimento da pintora fundamental para a História da Arte Portuguesa, esta que inaugura a casa-atelier comemorando os 80 anos do seu nascimento tráz ao Porto as mesmas obras emblemáticas ou outra curadoria?

FP: A exposição póstuma em Lisboa, realizada há dois anos, não foi exclusivamente relativa à década de 1980, mas incluiu também as décadas de 1990 e 2000.
Esta, sim, é uma nova curadoria exclusiva dos anos 80, com obras que foram encontradas na busca que tenho vindo a realizar, muitas delas cujos atuais proprietários me eram desconhecidos e acederam com gosto em partilhar com o público a sua peça na exposição comemorativa.
Consegui trazer também algumas dos anos 80 que foram expostas na retrospectiva na Fundação Champalimaud em Lisboa.


HO: Quantas obras estão expostas e qual o critério de apresentação?

FP: Mais de quatro dezenas de obras. O critério de montagem de exposição foi o que eu aprendi, desde pequena, ao ver a minha Mãe a montar as suas exposições.


HO: Armanda Passos era muito culta e visionária, com uma sensibilidade e posicionamento imensamente à frente do seu tempo, mas também muito empreendedora e ‘terra-a-terra’, nem sempre compreendida na sua essência refletida na obra.
A ideia de dar esta perspectiva da mulher-artista, mulher-humana preocupada com os animais e ambiente, e mãe, foi uma preocupação da Fabíola enquanto curadora da exposição, artista plástica também e filha da pintora com uma cumplicidade rara?

FP: Estes temas sempre estiveram presentes na obra de minha Mãe.
Hoje em dia já é algo normal encontrar preocupações semelhantes, mas na altura não se falava nestes assuntos e eram o foco de atenção na obra de minha Mãe, desde os anos 70.
Tanto as preocupações da presença da figuração da mulher e do animal como eixo da pintura, diria até, emblema, é uma das marcas mais autorais da pintora.


HO: Tudo compensa o esforço a todos os níveis de organização desta e doutras exposições temporárias já planeadas, com períodos temporais tão curtos?

FP: Completamente. São apenas duas semanas para um esforço de mais um ano de trabalho. Mas o privilégio de ver as telas expostas, ao meu redor, é como se os seres criados pela minha Mãe de há 40 anos viessem indagar…
A obra de Armanda Passos é uma “Obra Aberta” que nos interpela, porque a artista permite que a sua obra exista sem nome, sem data, e sem história, como uma brecha. E o privilégio de receber as telas no espaço onde a sua autora trabalhou é para as próprias telas um encontro na Casa-Mãe. E um encontro entre esses seres.
Por último, cumprindo-se a vocação da partilha da arte em campo mais alargado, é uma oportunidade única para os visitantes sentirem a energia da autora no Porto.


HO: A periodicidade das mostras resulta, e tornam-se estas depois itinerantes?

FP: Excelente questão.
Resulta porque os colecionadores começam a aderir com naturalidade ao convite da sua peça se tornar parte integrante de uma exposição, percebendo que é do interesse comum atualizar a localização das obras para serem fotografadas de novo e com qualidade digital, porque os slides da época em arquivo não apresentam a resolução exigida para os catálogos atuais. E principalmente conseguir desfrutar, em exposições, as décadas retrospectivas.
Quanto à itinerância, esta Casa tem uma área de exposição excelente diria que foi concebida para tudo aqui acontecer.


HO: Quantas exposições prevê organizar neste ano comemorativo na ‘Casa Armanda Passos’ (como a própria pintora designava) e onde mais?

FP: Começo por dizer que foi o arquitecto que atribuiu o nome ‘Casa Armanda Passos’ quando concluiu a obra.
Para este ano, mais nenhuma está prevista. Foram organizadas a 17 de fevereiro, dia em que nasceu a minha Mãe, exposições com uma única obra. A CCDR-Norte, a Torre dos Clérigos, a União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde convidaram obras de diferentes museus para a sua fruição na cidade do Porto, ainda se encontram em exposição; e a Fundação da Casa de Mateus, Fundação Manuel António da Mota, Fundação Museu de Serralves, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Faculdade de Direito e Fundação José Saramago assinalaram a data com obras pertencentes à sua Coleção, expondo-as nas suas redes sociais.
Esta é a única exposição que organizei para este ano assinar os 80 anos do aniversário do nascimento de Armanda Passos. Quanto a futuras exposições, está em conceção uma próxima retrospectiva da década de 1970.


HO: Quando e onde se irão repetir, caso haja itinerância?

FP: A ‘Casa Armanda Passos’ será seguramente o local para estudar e expor as décadas, as fases, as técnicas por onde a artista procurou a comunicação.


HO: Os anos 80 estão também relacionados com os 80 anos da data de nascimento da pintora, como aliás o título sugere?

FP: Escolhi os anos 80 para assinalar os 80 anos porque são os anos em que eu era uma criança e não via a minha Mãe como pintora… Mas agora, com tudo que tenho estado a observar na sua Obra, as cartas que me deixou, um livro escrito pelo seu punho, sinto-me ainda mais pequena perante Armanda Passos.


HO: Qual foi o critério de seleção das obras neste caso. O espaço condicionou a seleção / mostra? Como e porquê?

FP: Condicionou. Tivesse eu mais paredes, a exposição seria maior. Esta retrospectiva anos 80 é tão-somente uma seleção.


HO: Para a Fabíola como filha e simultaneamente admiradora da mãe, este empenho é uma forma de manter sempre acesa a memória de si para os outros?

FP: Não. A minha preocupação é atualizar o arquivo de Armanda Passos.


HO: Vai dedicar-se inteiramente a esta causa ou igualmente à sua própria obra artística, uma vez que esta casa é sua de raiz e foi inaugurada com os seus Zoides?!

FP: Já dediquei muito tempo à minha procura. Ocupei as paredes desta casa durante muitos anos e devia ter sido com o trabalho de minha Mãe. Só agora percebi.

 

A?lvaro Siza a desenhar a parede no interior da 'Casa Armanda Passos'. Fotografia de arquivo.

 


HO: O arquitecto Álvaro Siza como bom amigo da mãe e da família, que projetou a ‘Casa Armanda Passos’, a par e passo com a Armanda e com a Fabíola, opina na curadoria destas exposições póstumas?

FP: A minha Mãe era amiga do arquitecto e sempre a ouvi dizer que a Arquitectura é frágil. Não se deve acrescentar nada sem consultar o autor. Por isso, para esta exposição, como precisei de incluir uma parede para pendurar um friso de telas, fui buscar o arquitecto e fotografei o momento a desenhar na ‘Casa Armanda Passos’, pela primeira vez sem o diálogo com a minha Mãe.
Depois, trouxe o arquitecto para desenhar um mastro para a tela dos '80 anos Armanda Passos'.
E com isto termino. O arquitecto escolheu o local da implantação do mastro e começou a desenhar. O mastro ultrapassava a altura da casa. Perguntei: “Arquitecto Siza, quer um mastro tão alto, mais alto do que a casa?" Respondeu: “A tua Mãe é mais alta do que a casa”.

 

 

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Helena Osório
Nascida em Benguela, Angola, é jornalista cultural, editora e escritora doutorada em Estudos sobre a História da Arte e da Música pela Universidade de Santiago de Compostela, com reconhecimento da Universidade do Porto; mestre e pós-graduada em Artes Decorativas pela Universidade Católica Portuguesa. Investigadora no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (i2ADS / FBAUP).