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ENTREVISTA


Silvestre Pestana. Imagem cortesia do artista.


Silvestre Pestana, Biovirtual, 1984. Fotografia a cores. Exposição "Silvestre Pestana: Tecnoforma”, Serralves, 2016. Fotografia: cortesia do artista


Silvestre Pestana, ação “ZangĂ”es, 2016” para 4 drones phantom; 8 varas de 6 x 300 cm  de leds azul; 4 buzinas olx Portugal. Exposição Tecnoforma, 2016, Museu de Serralves. © Silvestre Pestana


Silvestre Pestana, Pautas, 1975. Inserida na exposição SILVESTRE PESTANA: UM ARTISTA DE CONTRACICLOS, Serralves, 2019.


Vista da exposição SILVESTRE PESTANA: UM ARTISTA DE CONTRACICLOS, Serralves, 2019.


Vista da exposição SILVESTRE PESTANA: UM ARTISTA DE CONTRACICLOS, Serralves, 2019.


Silvestre Pestana, TANKAR I LISSABON. @ Uma Certa Falta de CoerĂȘncia


Drones, intervenção de Silvestre Pestana com Vitor Rua, no espaço Uma Certa Falta de CoerĂȘncia, Porto.


Detalhe da versão digital da revista ArtForum, Dezembro de 2024. Informação sobre imagem da capa, com obra de Sofía Cordova.


Revista ArtForum, Dezembro de 2024. Secção Top Ten.


Detalhe da secção Top Ten da revista ArtForum, Dezembro de 2024.

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SILVESTRE PESTANA


12/01/2025 

 

“Para manter a minha renovada vitalidade não me envolvo no tentar recolher o cabelo que há muito dispersou”

 

 


O artista visual, poeta e performer Silvestre Pestana, natural do Funchal, recusa-se a falar do passado, que no caso foi extremamente criativo, irreverente e pleno, brincando até connosco com o facto da própria queda de cabelo: “Não me envolvo no tentar recolher o cabelo”, vendo-se “sempre confrontado com uma grande dificuldade em elaborar verdadeiras ou falsas memórias”. Melhor dizendo: o que faz hoje em nada se relaciona com o que fez ontem, tendo unicamente a ver com a atualidade e com o seu pensamento face à sociedade, política e factos do dia a dia.

O seu próprio percurso académico reflete a experimentação multidisciplinar na vida artística e a sede inerente de saber. Licenciado em Artes Gráficas e Design pela ESBAP (atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto), mestre em Ensino de Arte e Design pela De Montford University em Leicester, Reino Unido. Foi professor da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra. Estudou Televisão e Música Electrónica na Universidade de Estocolmo, Suécia, no que foi o seu exílio entre 1969 e 1974, regressando a Portugal num pós 25 de abril de 1974.

A exposição retrospectiva no Museu de Serralves em 2016 e a mostra no Museum of Contemporary Art Santa Barbara em 2017, na Califórnia, deram mais recentemente um grande protagonismo a este que se mantém um dos artistas mais radicais do panorama artístico português. Já em 2020 foi agraciado com o prémio português nas Artes Visuais AICA/ MC/ Millennium BCP 2019, pelo seu longo percurso artístico multidisciplinar que abarca a poesia experimental, multimédia e performance desde meados dos anos 60.
Se nos anos 1960 e 1970, utiliza material gráfico diverso, na década de 1980, recorre ao vídeo e meios informáticos, sendo que a sua poesia para computador abriu novos rumos à poesia experimental. Porém, a energia e intensidade da sua obra experimental renova-se constantemente, impondo-se pela singularidade e radicalidade das intervenções sejam em forma de performance, poesia experimental, vídeo, fotografia, escultura, instalação ou intervenção no espaço público.

Os trabalhos mais recentes dão continuidade às suas reflexões sobre a sociedade e a cultura estendendo-se a tecnologias como os drones ou a criação digital de avatares no Second Life, fundamentais para o entendimento das práticas experimentalistas como percepção das práticas sociais em que se articulam.

Entre setembro e outubro passado, Silvestre Pestana participou no filme denominado "A Santa Joana dos Matadouros" de João Sousa Cardoso, a partir da obra de Bertolt Brecht, que estreou a 29 de novembro na Cinemateca Portuguesa em Lisboa, e a 13 de dezembro no Batalha Centro de Cinema no Porto.

Por entre ciclos e contraciclos, confessa-nos: “A ideia dos contraciclos é interessante por fugir à ideia de ego”.

 

 

Por Helena Osório

 

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HO: Para o Silvestre Pestana é crucial a ‘pertinência’ da introdução do novo na prática artística. Como a gere?

SP: Até à data, como e bem nos informa os registos dos estudos antropológicos, a prática artística apresenta-se como uma constante na produção cultural das sociedades e acompanha o exercício da sua autorrepresentação. Esta constatação dificulta uma apressada definição dos modos da Arte e da sua singularidade no social. Na cultura ocidental, a arte nas suas múltiplas prestações, foi profundamente reorganizada perante a imergência da nova sociedade tecnológica. Esta, viu-se imbuída na tarefa de ter de se fazer acompanhar por uma nova sincronia metafórica validada pela inovação e pela invenção.
Assim, podemos compreender o valor insubstituível das propostas artísticas que acompanharam e mesmo mimetizaram as intensas mudanças exercidas pela reorganização das estruturas tecnológicas e de poder.


HO: De que forma mantém viva a ‘pertinência’?

SP: A Arte de acordo com as necessidades de cada momento da dinâmica social, pode assumir um exercício de representação simbólica e mesmo espiritual (ARS) ou se reorganizar numa continua atualização formal enquanto modo laico de exaltar o Mundo. (Tecno).
Ultrapassada esta dicotomia, que para alguns é intransponível, foi reconhecida à Arte e aos seus artistas, um novo estatuto que legitima a maravilhosa afirmação de que pertence ao domínio da Arte o que os Artistas fazem (de acordo com o Nam June Paik).
Ora se tal for verdadeiro, um artista que se eleve e se proponha ultrapassar o enquadramento do artesão ou do exímio executante talentoso; encontra-se obrigado a ter de se atualizar continuamente, ao estudar, refazer os seus modelos conceptuais de modo a poder validar as novas e imergentes perceções metafóricas ao seu artístico e sincrónico exercitar.


HO: É considerado um artista único, e "de contraciclos", lembra Serralves.
 Como interpreta a própria persistência e irreverência que aliás mantém desde sempre, independentemente do correr do tempo hoje tão distante dos anos 1960 que viram a sua obra dar os primeiros passos? E não apenas como artista mas como pessoa, rumando contra a maré...

SP: Eu não quero falar do passado. Aprendi na vida uma coisa importante: apercebi-me desde cedo da queda sistemática do meu cabelo, e como costumo afirmar, que, para manter a minha renovada vitalidade não me envolvo no tentar recolher o cabelo que há muito dispersou.
Encontro-me sempre confrontado com uma grande dificuldade em elaborar verdadeiras ou falsas memórias. Por essa razão, digo-me muitas vezes, que devo evitar deixar cair na armadilha narcisista promovida por esse tipo de ideias. Desde então, tenho mantido a reorganização das prioridades relativas ao que tenho elaborado e avanço para uma outra questão que me ajude a situar num mundo em alta aceleração.
Os amigos nomearam este processo de contraciclo. Desde muito cedo aprendi a selecionar os meus temas, a estar preparado para suportar os seus custos económicos e sociais. Este modo de agir tem-me assegurado alguma validade na seleção temática aos surpreendentes movimentos sociais.


HO: E como nomeia o Silvestre Pestana este processo?

SP: A ideia dos contraciclos é interessante por fugir à ideia de ego.
A identificação de que existem contraciclos relativos aos modos da cultura apresenta-se interessante e libertadora. Possibilita questionar a persistente ideia de que existe um poderoso e inato Ego Artístico. Este modo avaliativo é muito valorizado quando enquadrado por uma assinatura reconhecível e promovido enquanto estilo.


HO: Diz-nos entrelinhas que ‘é o que a malta jovem tem de fazer hoje’, porque não o faz? Teme a atualidade nos caminhos da arte?

SP: Em Portugal, a produção artística é, em certos casos, muito padronizada apresentando-se no entanto muito elaborada e conceptual. Sabemos que os artistas mais autónomos, exercitam e propõem ideias, elaboram e estudam. Por exemplo, quando visito um grande número de exposições, subsidiadas ou não, que se apresentam nas agendas como recomendáveis constato que estas se encontram maravilhosamente bem concebidas a nível técnico. No entanto, consigo discernir que exaltam grandemente um continuado e desatualizado RETROVISOR CULTURAL.
Quando tal acontece, não me limito a ver o que está a acontecer. Sou cometido muitas vezes por um desajusto percepcional. Sensação, essa, que advém de uma reflexão inquisitiva e cultural. Aparentemente, esta atitude torna-me, para muitos, num artista difícil por assumir este tipo de abordagem e apreciação crítica.

 
HO: Quer exemplificar?

SP: Vejamos um caso muito atual, relativo ao tratamento e estudo historicista relativo à Performance. Esta, quanto a nós, é filha direta da socialização exercida pela televisão ao democratizar intensamente a presença do cidadão até então invisível e enclausurado na denominação depreciativa generalizada de que era um “ZÉ Ninguém” cultural. Presentemente, devido à pressão historicista e do reconhecimento do seu valor, esta reavaliação apresenta-se, muitas vezes, como inovadora ao promover a produção de ‘remakes’ relativas a performances e a AÇÕES, ao bom modo das indústrias culturais. No entanto testemunhamos, porque fizemos parte destes acontecimentos, que estes foram maioritariamente exercidos na altura como ações vincadamente espontâneas. Ações, essas, que vincadamente se distanciavam o mais possível dos modelos teatrais baseados estruturalmente por num argumento, desenvolvimento e conclusão.


HO: Não aprendemos nada com o passado?

SP: Na arqueologia enquanto ciência o que conta é o que é realmente encontrado.
Desde a revolução iluminista que se começou a atribuir aos artistas o mesmo estatuto então grandemente reclamado pelos investigadores. Estatuto, esse, que valoriza a liberdade de escolha da temática e a sua materialização.
Quando começamos a refletir, perguntamos como é possível em pleno século XXI, detetar uma subtil, mas persistente promoção que desvaloriza o interesse insubstituível e exaltante de um Maravilhoso Mundo N_OVO? = desvalorização da inquietação?
Os artistas devem obedecer primeiro a eles próprios e depois às circunstâncias.

 
HO: O que está realmente a acontecer nas artes?

SP: O que está realmente a acontecer nas artes? Para minha grande surpresa só há dois dias consegui encontrar a revista ArtForum que não existe na maioria dos quiosques por ser cara. Tem na capa uma pomba, não um falcão, para grande surpresa minha. A arte pode dar representações de situações globais.
O número da ArtForum de dezembro de 2024, tem na capa UMA POMBA (sabendo que um FALCÃO vai voar de novo em Breve)!
... A Resistência à invenção do novo ...
Também para surpresa minha, o meu trabalho figura aí por iniciativa de um crítico brasileiro que considerou a minha exposição de Leds importante e que é a reflexão de quem pensa como intelectual e como vê o mundo.

 
HO: Participou num sem fim de exposições, coletivas e individuais, a nível nacional e internacional. Quer enumerar as que o marcaram mais pela positiva (ou negativa)?

SP: Sem descrever a cronologia das minhas participações artísticas ao longo da minha vida, refiro especialmente a apresentação da obra performática “VERTIGEM 04: sociedade Aberta” integrada na Bienal da Maia de 2015 e na exposição CÓDIGO ABERTO, no C.A.C.G.M. 2021, constituída por quatro portas deslizantes e interativas, quatro robots e um drone em interação ativa à aproximação do público. Esta obra valorizava, desse modo, a ideia de circulação livre dos cidadãos europeus de acordo com o espaço Schengen. No entanto, já nesta altura, se verificava o aumento do exercício de clausura, que posteriormente pudemos testemunhar com o número crescente de vítimas a tentar entrar no solo europeu.

 
HO: E mais recentemente?

SP: Destaco a inclusão da minha obra TANKER I LISSABON na revista ArtForum de dezembro 2024, que foi apresentada no espaço ‘Uma Certa Falta de Coerência’, integrada nas comemorações dos 50 anos de abril (Porto de 24 de Abril a 18 de Maio). Esta exposição mereceu a nona posição no TOP TEN pelo curador internacional Raphael Fonseca. Destaco que nesta edição a capa oferece como reflexão a reprodução de uma maravilhosa Pomba. Sendo uma revista americana com reconhecimento internacional na área das Artes, esta belíssima obra de Sofia Córdova nos adverte em relação a um crescente fascínio pelo ressurgimento valorativo do militarismo.

 
HO: Tem agenda marcada para próximas exposições?

SP: Agora fazem a programação para dois anos e só tenho contactos para 2026. Para uma pessoa com 75 anos, um ano e meio é uma eternidade.

 

 

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Helena Osório
Nascida em Benguela, Angola, é jornalista cultural, editora e escritora doutorada em Estudos sobre a História da Arte e da Música pela Universidade de Santiago de Compostela, com reconhecimento da Universidade do Porto; mestre e pós-graduada em Artes Decorativas pela Universidade Católica Portuguesa. Investigadora no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (i2ADS / FBAUP).