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© Bjorn Badetti
Lluís Hortalà
Artista
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Qual a última boa exposição que viu?
Ultimamente vou menos, ou poucas vezes, ver exposições de maneira presencial. Se podemos chamar a esta uma boa exposição, a última que me impactou foi voltar a visitar recentemente a Wallace Collection em Londres.
Que livro está a ler?
Tantos livros abertos que vou lendo e relendo. Nestes últimos anos leio mais ensaio, mas dependendo do cansaço que tenho do estudo durante a noite, também leio novela. Se me recomendam boas novelas, durmo menos, em detrimento do rendimento no trabalho nos dias seguintes…. (em caso grave termino o livro e durmo no estúdio...) Sou um leitor voraz, caótico, mas perseverante. Por causa da quantidade de livros acumulados que tenho inacabados, esqueço-me cada vez mais das coisas que leio, não só pela quantidade... Isso sim, mantenho firme, sempre que me lembro, o propósito de não levar muito a sério esta realidade, pois é uma chatice não se lembrar bem do que se leu. Eu tomo isto com humor... 😂
Que música está no topo da sua playlist actual?
Nestes meses fiquei obcecado por um autor que havia esquecido completamente e que descobri em Londres nos anos 90, Talvin Singh, músico inglês, conhecido por fundir música clássica indiana e drum and bass. Tive o privilégio de estar numa festa do mundo da arte na Whitechapel Gallery, onde ele era DJ, o que foi espectacular. No estúdio ouço obsessivamente em loop álbuns próprios ou em colaboração com outros artistas durante todo o dia. Esta música é a minha única companhia na obra que estou a pintar actualmente sobre o Museu do Prado. “Tenho a certeza, (citação literal) que sem ela eu estaria a pintar este quadro de forma diferente ou não o estaria a pintar…”. 😂😂
Um filme que gostaria de rever…
Qualquer filme de Pedro Costa. Por muitas razões, mas sobretudo porque nas minhas obras partilho, como ele, uma obsessão que tem nos seus filmes pelas portas e janelas.
"Hay un guardian Ante la Ley”, Museo Nacional Thyssen Bornemisza, Madrid. Óleo sobre lienzo. 2020-2022. Cortesia Galeria Rociosantacruz.
“Before de Law (Spanish room). National Gallery London”. Óleo sobre lienzo. 2018-20. Colección Fundacion Banco de Sabadell.
O que deve mudar?
Tento responder a essa pergunta e confundo-me: demasiadas coisas me vêm à cabeça para especificar essa pergunta numa única e curta resposta.
O que deve ficar na mesma?
Tal como na anterior, sinto-me incapaz de responder a esta pergunta de uma forma simples.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
A minha mãe contou-me que quando eu era jovenzinho me levou a ver uma exposição onde estava exposto o quadro La Vicaría de Mariano Fortuny, e que eu lhe disse que depois de conseguir pintar assim (com tanto detalhe) já se podia morrer … 😂
Qual a próxima viagem a fazer?
A Nuremberg, para o meu próximo projecto.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Fui alpinista profissional quando jovem e fui muito, muito feliz 'dentro das montanhas', digo muitas vezes a mim mesmo que se não fizesse arte continuaria a escalar, mas não é verdade.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Ui! Com o escasso que são, qualquer plano é um bom plano: comer, beber e tentar cantar de alegria durante todo o dia é o que fazemos quando um grande amigo de fora me vem visitar… e é verdade! 😂😂😂
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Gostava de ressuscitar, hahahaha!, e convidar para a mesma mesa, especialmente Rembrandt, mas também Poussin, para discutir com Caravaggio, e depois, num Afterhours, beber uns copos a mais com Michelangelo Buonarroti que, com relutância, tenho a certeza que nos acompanharia... todos juntos, seria brutal!!!
PS: Sobre o lugar…Roma estaria bem, mas decidimos depois a cidade, digo isto sobretudo por causa de Rembrandt.
Quais os seus projetos para o futuro?
Ter mais saúde.