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Reflexo no espelho-relógio da obra sem título (2023) de Rita Senra.
Sandra Silva
Investigadora em arte e curadoria contemporânea
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Qual a última boa exposição que viu?
“Um Percurso Pela Diversidade Genética Humana”, no i3S.
Que livro está a ler?
“Solenoide” de Mircea Cărtărescu.
Que música está no topo da sua playlist atual?
Não tenho uma música em específico que esteja no topo da minha playlist. Neste momento, ando a ouvir coisas tão diversas como Sisters of Mercy, Stevie Nicks, Depeche Mode, Nicholas Britell, entre outros.
Um filme que gostaria de rever…
“Jeanne Dielman” de Chantal Akerman.
Filme longo, pausado, e sem receio o digo, custoso de ver. Mas é dessa forma que a realizadora é exímia em projetar a mesmice do quotidiano de uma mulher que vive entre as convenções (questionáveis) da sociedade e o seu contrário. Tem uma densidade mascarada na simplicidade. E é tão regrado que chega a ser paradoxalmente caótico. O final é avassalador.
O que deve mudar?
Extremismos, radicalismos e ideias imperialistas que só perpetuam a destruição e a morte.
O que deve ficar na mesma?
No outro dia deparei-me com o poema “Small Kindnesses”, de Danusha Laméris. As pequenas gentilezas são das muitas coisas que devem perdurar.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
Não foi uma obra, mas um pintor. Recordo quando ainda era muito nova, e muito longe de pensar que seguiria algo ligado à arte, de encontrar numa livraria, um livro sobre Caravaggio. Mais tarde, já com outros conhecimentos, consegui elaborar esse fascínio. Mantenho-o, mas obviamente alarguei horizontes.
Qual a próxima viagem a fazer?
Não tenho nada planeado, mas num futuro próximo gostaria de ir ao Japão e à Escócia.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Investigação na área das Ciências Forenses.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
É difícil elaborar uma resposta concreta, porque tentaria formular um programa atendendo à personalidade e interesses da pessoa em questão.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Optando pelo campo do fantástico juntava 4 mulheres que já não estão entre nós. Duas ligadas à arte como a Artemisia Gentileschi e a Aurélia de Sousa, e as outras duas alinhadas com a ciência, Marie Curie e Ada Lovelace.
Quais os seus projetos para o futuro?
Nada em específico, mas a vida consegue, por vezes, surpreender.