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Mário Teixeira da Silva
Galerista
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Qual a ultima boa exposição que viu?
Consideraria 3 casos diferentes:
1. Fotografia: Retrospectiva de Josef Koudelka na Fundação Mapfre, em Madrid. Um trabalho notável entre o artístico e o documental;
2. Arte de todos os tempos: Colecção Abelló, no Centro Cultural Cibeles, em Madrid. Obras de primeira escolha em pintura desde o gótico até aos anos 70;
3. Arte contemporânea: Individual de Mary Heilmann na galeria 303 de Nova Iorque. Pujança de uma linguagem pictórica de uma pintora de 75 anos.
Que livro está a ler?
Leio sempre mais que um livro. Neste momento Désir sacré et profane: Lecorps dans la peinture de la renaissance italienne de Daniel Arasse, Tristram Shandy ou o livro dos livros de Laurence Sterne e Court traité du paysage de Alain Roger.
Que música está no topo da sua playlist actual?
Fundamentalmente obras em piano desde os clássicos por Arturo Benedetti Michelangeli ou Alexandre Tharaud até ao jazz com Bernardo Sassetti (Indigo, por exemplo).
Um filme que gostaria de rever…
Diria antes uma antologia do Syberberg.
O que deve mudar?
A desatenção continuada no nosso país pelos assuntos culturais, particularmente nas artes plásticas.
Num país de tão pequena dimensão lamento ver a criação esquartejada pelos que são vistos pelos "soit disant opinion makers" e tudo o resto ignorado, onde muito frequentemente está o mais interessante.
O que deve ficar na mesma?
Um país que oferece excelentes condições de vida ao nível do que se come, do clima e ainda alguma paisagem intocada.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
A retrospectiva de Matisse na Tate Gallery de Londres em 1968.
Qual a próxima viagem a fazer?
Mantua e Ferrara para visitar esses dois cadinhos do renascimento italiano sob as cortes dos Gonzaga e dos Este. Ver as obras que ainda aí se encontram, como por ex. os frescos de Mantegna ou as pinturas de Rosso Fiorentino. E ainda os vários casos da escola ferrarense que tão bem estudada foi por Roberto Longhi e que se demarca pelo seu realismo das escolas de Florença, Roma e Veneza.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Poderia ter ficado fora do país, após a bolsa Smithsonian, mas sempre a trabalhar no mundo das artes plásticas.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Como país de poetas que somos, levá-lo-ia a Sintra ou mostrar-lhe-ia a vista de Lisboa vista da outra banda.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Convidaria 4 galeristas espanhóis que dedicaram uma atenção especial a alguns dos meus artistas: Angeles Baños (Badajoz), Rafael Ortiz (Sevilha), Jacobo Fitz-James-Stuart (Espaço Valverde, Madrid) e Blanca Berlin (Madrid).
Quais os seus projetos para o futuro?
Seguir a linha iniciada há mais de 40 anos, ou seja, continuar a mostrar novos artistas, sem "parti pris" de linguagens, apenas obras que me possam surpreender pela qualidade manifesta; seguir com os artistas que tenho mostrado e sair, sempre que possível, com os artistas para fora do país, quer para feiras, quer para exposições em espaços institucionais ou privados.