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Alejandro Manzano Tomás
Artista
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Qual a última boa exposição que viu?
Compose, de Yuko Mohri para o pavilhão do Japão na 60ª Edição da Bienal de Veneza. Uma maravilha de instalação realizada com objectos quotidianos.
Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia
Que livro está a ler?
Agora mesmo estou a reler One Thing I Know, de Patti Hill, uma jóia pouco conhecida, publicado pela Daisy Editions. O próximo livro que começarei a ler será As Pequenas Memórias de Saramago.
Que música está no topo da sua playlist actual?
Bom, se há uma cantora de que nunca me poderei cansar é Aldous Harding. Os seus dois últimos discos Warm Chris (2022) e Designer (2019), são tão intrigantes como divertidos.
Um filme que gostaria de rever…
Há um filme que o meu professor de Cinema Experimental passou e que gostaria de voltar a ver. Chama-se Quand Je Serai Dictateur de Yäel André. Muito poucos filmes me inspiraram tanto como este.
O que deve mudar?
O modo como vivemos. Olhar a vida de frente e não deixar que a cultura consumista que nos foi imposta nos tolde a visão. É uma resposta muito cliché, mas acho mesmo que precisamos de encontrar outros sistemas de vida. A estrada que tomámos só nos levará à unicamente à extenuação.
O que deve ficar na mesma?
A força da cultura. É a ferramenta para a mudança, por isso devemos continuar a alimentá-la.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
Foi a obra de Anne-Marie Schneider. Estava no meu primeiro ano de faculdade, penso eu, quando fui ver uma retrospectiva da artista que o Museu Reina Sofia tinha organizado. Compreendi que traços simples podem ser suficientes para expressar os pensamentos mais complexos. Visitei a exposição várias vezes e foi aí que decidi tornar-me artista.
Qual a próxima viagem a fazer?
A minha próxima viagem será a Lisboa. Tenho uma exposição para tratar. Chama-se My House, My Vessel e é a minha primeira exposição individual, com curadoria do meu melhor amigo Alberto Agüero Blanco. Se quereis espreitar, está na ANTECÂMARA RÁDIO E GALERIA e estará até 14 de março! Aproveitarei também para visitar os Jardins Gulbenkian, que é um dos meus locais preferidos na cidade.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Sempre quis ser bailarino profissional.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Mostrar-lhe-ia as melhores livrarias da cidade. Depois íamos ao mercado comprar os melhores ingredientes para um bom jantar. E depois a sobremesa, cheia de conversas interessantes e um ou outro cigarro.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Marguerite Duras, Chantal Akerman, Louise Glück e Louise Bourgeois. Seria explosivo.
Quais os seus projetos para o futuro?
Gostaria de expor My House, My Vessel noutras galerias para lhe dar maior visibilidade, incorporando novas peças, especialmente esculturas e também instalações.
Interessa-me explorar o conceito de lar a partir de diferentes perspectivas: a recordação, a idealização, o desejo e a frustração. Além disso, pensei organizar workshops, tertúlias e encontros com pessoas de diferentes idades e contextos para descobrir como a palavra casa ressoa na mente de outros. Através destes diálogos, quero identificar os denominadores comuns num mundo onde ter o seu próprio espaço é cada vez mais difícil.