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Rita Barros
Artista
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Qual a ultima boa exposição que viu?
“Zero Base” de Marco Breuer na Yossi Milo Gallery. Uma exposição que lida com o processo mecânico da fotografia onde a superfície do papel é trabalhada intensivamente com técnicas variadas criando uma linguagem abstracta dum grande lirismo e humanismo. As fotografias de tamanho médio não são feitas através dum negativo contrariando a ideia pré-concebida de que a fotografia é uma reprodução e não um objecto único com a sua própria ‘aura’. Breuer mantém desta forma o diálogo aberto com a pintura, diálogo esse que já data dos primórdios da fotografia.
Que livro está a ler?
“Never Mind” de Edward St Aubyn. Livro autobiográfico em que o narrador relata um dia da sua infância numa família inglesa totalmente disfuncional. As descrições são brilhantes e os diálogos dum ‘wit’ extraordinário. O horror e crueldade são misturados com um fascínio dum mundo perfeito à superfície. Não é uma versão piegas de victimização mas sim um apanhado de circunstâncias que têm consequências profundas no comportamento dos vários personagens.
Que música está no topo da sua playlist actual?
O silêncio.
Um filme que gostaria de rever…
“Mon Oncle” de Jacques Tati. Hilariante esta versão do pós-guerra francês que continua bastante actual.
O que deve mudar?
Tudo. Poeticamente o mundo deveria mudar para ser um sítio melhor mas infelizmente a realidade nunca foi essa.
O que deve ficar na mesma?
Nada. Estamos a assistir a grandes mudanças no mundo e a dificuldade é a adaptação a essa novas realidades.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
A Ilha da Morte de Arnold Bocklin.
Qual a próxima viagem a fazer?
Ir a Lisboa em Outubro para a recepção (dia 13) e mesa redonda (dia 15) da exposição/retrospectiva que tenho na FCT/UNL, Monte da Caparica. Não consegui estar presente para a abertura no dia 15 de Setembro o que me deixou um pouco triste.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Sempre sonhei em ser electricista ou strip teaser. Electricista para criar ambientes de luz mágicos e strip teaser….. já é tarde demais.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Mostraria o que no momento acho importante de ser visto na cidade, sejam exposições, espaços novos, ou simples passeios pela cidade que é o que eu gosto mais de fazer. Ando bastante e sempre que possível tento novos percursos, outras ruas. É uma maneira de descobrir uma cidade que está sempre em mutação. Com companhia é sempre mais excitante.
A sua última obsessão...
Conseguir sobreviver à re-habilitação do Chelsea Hotel onde vivo há 30 anos.
Quais os seus projetos para o futuro?
Neste momento estou à espera de duas respostas para apresentação de projectos. Se forem positivas será maravilhoso. Por enquanto prefiro não mencioná-las não vá o diabo tecê-las.