|
Albuquerque Mendes
Artista
_________________________________________________________________________________________________
Qual a ultima boa exposição que viu?
Santiago de Compostela, ON THE ROAD com a curadoria de Gloria Moure, no Paço de Xelmirez e em vários outros lugares na cidade. Esta exposição marca os 800 anos da viagem de São Francisco de Assis em peregrinação a Santiago de Compostela. Jack Kerouac aonde estiver vai gostar. Nam June Paik, Sublime o trabalho apresentado na Igreja de São Domingos de Bonaval. A transformação do objecto em luz, da luz em memória. Olhando esta obra, fica-se ainda mais perto de Deus.
Que livro está a ler?
Livro não…livros. 40 Histórias de Donald Barthelme da Editora Antígona e As mamas de Tirésias de Guilhaume Apollinaire da editora Sistema Solar. Sempre presente, o genial João Miguel Fernandes Jorge.
Que música está no topo da sua playlist actual?
My Funny Valentine de Chet Baker e claro, o Roberto Carlos cantado por Elas.
Um filme da última década que gostaria de rever…
De rever muitas vezes…o filme Shame de Steve McQueen. Neste filme Brandon somos todos nós. O filme é como caminhar sobre cacos de vidro, quebrados pelo quotidiano da vida de um humano. Tudo é simbólico. É como mostrar o interior do corpo no seu desgaste permanente.
O que deve mudar?
O exagero do tempo. Os desafios do velho mundo. O desejado. A glória do efémero.
O que deve ficar na mesma?
A bravura serena e profunda do olhar.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
Em 1970 nas aulas de história de arte dadas pelo Ângelo de Sousa no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. Ás quartas feiras houve um slide a preto e branco (como todos os outros), que me chamou a atenção dos meus 17 anos de jovem de Trancoso. Uma caixa com todo o universo dentro. Boite en Valise de Marcel Duchamps, será sempre o meu farol. As nuvens negras passam e a busca da direção da origem do silêncio ficará sempre dentro dessa caixa, na minha memória.
Qual a próxima viagem a fazer?
Casablanca. Em Outubro com as cumplicidades da Cristina Ataíde, Ana Vidigal e Graça Pereira Coutinho, para participarmos na 2ª Biennale Internationale de Casablanca, com o lema Un autre monde est possible, mais il est dans celui-ci, Paul Eluard, assim o disse.
O que imaginaria que poderia fazer se não fizesse o que faz?
O caminho é percorrido em fuga do descanso do corpo. Quando o ofício ficar repetitivo é altura do suicídio. O frio na pele é bálsamo.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Penso que um dia a ver os programas da RTP1, faria bem a qualquer mortal.
A sua última obsessão?
O encanto comporta sempre aos lugares do momento da verdade. Precisamos sempre desse lamento?
Quais os seus projectos para o futuro?
Respirar… tudo vem a seguir de mansinho, na secura dos dias.