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Qual a última boa exposição que viu?
Tarefas infinitas, com curadoria do Paulo Pires do Vale. Acho-a exemplar no modo como diversifica os dispositivos de apresentação dos livros escolhidos (a partir das características das obras). E também equilibrada na sua componente mais pedagógica (refiro-me aos textos de parede: justificam muito bem cada núcleo). São textos que dão informação essencial para cada visitante se orientar no percurso, têm a medida eficaz.
Que livro está a ler?
Comecei agorinha mesmo A Festa do Chibo do Mario Vargas Llosa (ofereceram-me pelos anos). É um regresso ao romance histórico depois de muitos anos a ler sobretudo catálogos de exposições e livros sobre teoria da imagem/cultura.
Qual a música que que está no topo da sua playlist atual?
“Brindo” do Devendra Banhart. Oiço-a em repeat durante alguns minutos quase todos os dias, depois já sei que vou ficar um tempo sem poder sequer chegar perto… Mas ainda estou a “curtir” a beleza e a leveza deste tema.
Um filme da última década que gostaria de rever…
“Tabu” do Miguel Gomes… são dois filmes dentro de um, muito densos. Gostaria de rever para tirar mais partido dessa densidade, dissecar os pormenores. Só vi uma vez no cinema, quando voltar a passar quero rever.
O que tem nos bolsos?
Raramente tenho alguma coisa, guardo tudo na mala, de preferência bem espaçosa (risos). Mas se me apanhares com alguma coisa serão moedas (de cêntimos) ou um talão do multibanco... ou uma fatura (também perdida) de um táxi.
Coleciona? O quê?
Livros de fotografia (Photobooks), mas tenho abrandado o ritmo..
Se só pudesse viver com uma única obra de arte, qual seria?
Dentro de casa? Qualquer uma que eu pudesse escolher?… É difícil decidir-me por uma única, mas se pudesse ser qualquer uma escolheria entre as colagens dos anos 60 do Manuel Figueira (S. Vicente, Cabo Verde). Pela estética, pelo conteúdo politizado, pela ponte Cabo Verde-Portugal.
Qual a próxima viagem a fazer?
Espero ir ao Cairo em breve. Quero muito ir conhecer pelo menos a capital e, se tiver tempo para ficar mais, aproveitar para também ir até Alexandria (gosto de ficar mais tempo em poucos lugares e sobretudo viajar para lugares onde encontro amigos que me podem acolher e mostrar a cidade à sua maneira).
Se tivesse de criar uma cápsula do tempo o que colocaria lá dentro?
Livros, um bloco de notas e caneta, talvez um espelho (não tanto porque goste de me ver mas porque estou a pensar no que poderia ser interessante mostrar ao que encontrar..). E um computador preparado para aceder à internet, essa grande revolução dos nossos tempos (esse acesso).
Se receber em Lisboa um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
De certeza, um roteiro gastronómico ao pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar, para mostrar a maior variedade que pudesse de cafés, restaurantes, tascas e no intervalo, percorreria com ele a cidade o mais possível a pé, entre miradouros (Nossa Senhora do Monte e S. Pedro de Alcântara) e um museu (que estivesse no caminho). Se ainda “sobrasse” tempo fariamos o 28 entre a Graça e a Estrela para lhe mostrar o jardim/parque da Tapada as Necessidades, tão especial dentro da cidade.
A sua última obsessão…
Arranjar maneira de viajar para tantos países que ainda não conheço. Tenho sempre a tentação de voltar aos lugares onde já estive para visitar amigos, mas tenho muita vontade de conhecer mais países a Oriente.
Quais os seus projetos para o futuro?
Continuar a colaboração com o Próximo Futuro (na Gulbenkian) pelo menos por mais dois anos (para finalizar esta etapa da minha vida, mais ligada à produção) e voltar a concentrar-me na atividade curatorial. Gosto da aliança teórico-prática da curadoria e sobretudo das relações humanas que implica: o contato com pessoas muito diferentes, dos artistas aos parceiros institucionais. Surpreendo-me sempre nesse “caminho”.