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Luís Castanheira Loureiro
Arquitecto e galerista
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Qual a última boa exposição que viu?
9 kg de oxigénio na Galeria Municipal do Porto (curadoria / Uma Certa Falta de Coerência)
Que livro está a ler?
O último livro da série Ph, Ph.03 Helena Almeida (ed. Imprensa Nacional c/ direcção de Cláudio Garrudo e ensaio de Delfim Sardo).
Que música está no topo da sua playlist actual?
„Senhor Lobo“, Panda e os Caricas.
Um filme que gostaria de rever…
Não costumo planear rever filmes.
O que deve mudar?
Ainda há pouco tempo um polícia agredia covardemente uma mulher negra e dias depois assumia funções um novo director geral da PSP que dizia não ter visto „qualquer infracção“ na actuação daquele agente. Temos a Síria em guerra há dez anos, um conflito israelo-árabe desde a (segunda) guerra mundial, um mentecapto como presidente da maior potência mundial e um país que deveria liderar ideologicamente a Europa a celebrar a saída da EU. Continua a haver desigualdades obvias de direitos e oportunidades entre mulheres e homens, todos os dias pessoas de raça, nacionalidade, orientação sexual e credo diferentes são perseguidas e diminuídas. E isto são apenas observações avulso num tal absurdo que caracteriza o momento actual da Humanidade que é impossível contemplá-lo todo em simultâneo, quanto mais apontar precisamente para o que deve mudar. Suponho que o que deva mudar sejam as pessoas (ou seja, mais ou menos tudo). É verdade que vamos assistindo a uma mudança, mas o que muda vai mudando lentamente, e há coisas que entretanto regridem rapidamente.
O que deve ficar na mesma?
Comida, bebida, cultura e boa companhia têm o condão de nos irem abstraindo de algumas destas coisas.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
O Panteão de Roma. Citando o Pancho Guedes, „I claim for architects the rights and liberties that painters and poets have held for so long“.
Qual a próxima viagem a fazer?
Madrid.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Já deixei de fazer coisas para fazer outras coisas, mas nunca deixei de ser nada. Continuo a ser arquitecto, e se a galeria fechasse por qualquer motivo continuaria a ser galerista. A galeria é o mais próximo que consigo estar do meu ideal de vida, e tem vindo a entranhar-se de tal forma na nossa vida que me é muito difícil a este ponto imaginar deixá-la para fazer outra coisa. Mas estou certo de que seria muito bom a não ter de fazer nada, e a querer fazer tudo.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Faria todos os possíveis por não fazer nada de especial.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Quaisquer quatro pessoas normais, cada vez mais me parece que o normal é a nova elite.
Quais os seus projetos para o futuro?
Temos vindo a trabalhar uma renovação do projecto de galeria, que se tem vindo a materializar na entrada de novos artistas, e que terá como principal momento definidor a mudança para novas instalações e a mudança de nome. A galeria passará a chamar-se NO·NO e o novo espaço inaugurará com „Leap of Faith“, uma colectiva com a curadoria do Miguel Mesquita, que para além dos artistas representados pela galeria (Ana Pérez-Quiroga, Carlos Arteiro, Carlos Mensil, Diogo Bolota, Filipe Cortez, Gema Rupérez, Magda Delgado, Pablo Barreiro e Pedro Pascoinho) contará com alguns convidados (Ana Rebordão, Catarina Real, Januário Jano e Mariana Caló + Francisco Queimadela).
Mas os projectos mais importantes continuam a ser ser um bom amigo para os meus amigos, um bom filho para os meus pais, um bom companheiro para a Raquel, e sobretudo um bom pai para a Nonô.