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João Pinharanda
Historiador, crítico de arte, programador artístico da Fundação EDP
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Qual a ultima boa exposição que viu?
TSAE - Tesouros Submersos do Antigo Egipto, um momento de admirável síntese / expansão do trabalho de Francisco Tropa. No Pavilhão Branco do Museu da Cidade, em Lisboa, atravessamos um espaço minuciosamente cenografado / ficcionado mas onde o que é da ordem do visível (mesmo / principalmente quando se revela através da invisibilidade) se mantém sempre dominante.
Que livro está a ler?
Ajax, de Sófocles, com tradução de Maria Helena da Rocha Pereira (uma reedição da FCG, lamentavelmente, com grafia actualizada segundo o AO): uma obra sobre o poder e a perda de poder, a loucura, a humilhação, a honra, o sacríficio...
Que música está no topo da sua playlist actual?
Sem novidades, sempre os mesmos: entre Bach e Mozart, Beethoven e Mahler, Rolling Stones e Doors, Lou Reed e Tom Waits...
Um filme da última década que gostaria de rever…
Ando a rever toda a obra de Pedro Costa.
O que deve mudar?
Tudo. Mas se tiver que escolher um exemplo: deve mudar o sistema de ensino. Porém, ele só mudará se mudarem muitas outras coisas: será como pegar na ponta de um novelo e começar a puxar...
O que deve ficar na mesma?
A nossa vontade de mudar tudo.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
Vivi, em pequeno, rodeado de pintura da 3ª ou 4ª geração naturalista portuguesa... Depois disso, El Greco (O Enterro do Conde de Orgaz que vi em Toledo aos 12 ou 13 anos ) e Tapiès foram as minhas primeiras paixões adolescentes.
Qual a próxima viagem a fazer?
Por razões de trabalho, Madrid (exposição Jorge Molder no Circulo de Bellas Artes, em Fevereiro).
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Poderia ser escritor de ficção ou jornalista de viagens, poderia ser chef mas, sendo realista, poderia ser um muito atento e eficaz empregado de mesa num restaurante clássico.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Se gostar de arte levo-o, de manhã ao MNAA e à FCG; se gostar de praia, à tarde, levo-o ao Guincho; à noite, se gostar de comer bem, levo-o ao Pap'açorda; finalmente, se gostar de dançar, acabamos no Lux.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Escolhendo apenas possibilidades reais entre pessoas que nunca jantaram cá em casa: Eduardo Lourenço, António Guerreiro, Paula Rego, Pedro Tamen. Também gostava de convidar o Herberto Helder mas já sei que ele iria recusar.
Quais os seus projectos para o futuro?
Pelo menos isto: continuar a acompanhar o trabalho dos artistas (através das exposições que organizo e dos texto que escrevo) tentando compreendê-los a partir do que eles mesmos pensam sobre aquilo que fazem.
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[o autor escreve de acordo com a antiga ortografia]