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Rebecca Moradalizadeh
Artista plástica, performer, arte-educadora
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Qual a última boa exposição que viu?
Nos últimos tempos não tenho conseguido ver muitas exposições pela quantidade de trabalho que me absorve.
No entanto, posso referir duas exposições que tiveram lugar no espaço Rampa, no Porto, e que foram apresentadas este ano.
A primeira “Da imagem Ausente” do amigo Ludgero Almeida; e a segunda, a exposição “Guerrilla Shout-Out! – arquivo gráfico de Alice Neel” (ex-Guerrilla Girl) da qual fiz co-curadoria com Melissa Rodrigues, Susana Gaudêncio e Vera Carmo.
Da Imagem Ausente: Ludgero Almeida, Rampa (2022)
Que livro está a ler?
“In-between Dance Cultures” de Guy Cools que fala sobre as identidades pós-modernas e pós-migrantes dxs coreógrafxs Sidi Larbi Cherkaoui e Akram Khan, e dos seus universos e práticas artísticas.
Que música está no topo da sua playlist actual?
“Baraye” de Shervin Hajipour. Desde a morte de Mahsa Amini no Irão (a 16 de setembro de 2022), este músico iraniano criou aquele que é de momento considerado o hino do Irão no seguimento do movimento “Mulher, Vida, Liberdade”.
A tradução em inglês é a seguinte:
For dancing in the allies and the streets
For the thrill and the fear of getting caught kissing
For my sister, my brother, and unity
For all the times we tried to change their minds and stale beliefs
For the loss of pride, for poverty
For the dream of just a normal life for you and me
For all the children who are starving for a loaf of bread
For the greed of politics and all the lies they spread
For all the mass-polluted air we breathe
For all the litter in the streets and all the dying trees
For all the animals who suffer from elimination
For all the cats and dogs who love us without no conditions
For all the tears that seem to never end
For all the images that keep on turning in our heads
For a simple smile, to last a little while
For the future generations fighting for their time
For empty promises of heaven in the after-life
For all the imprisonment of beautiful minds
For all the babies who are born and for the ones who died
For all the times you told the truth, and all the times you lied
For all the speeches that we heard about a million times
For all the shacks and shelters that were sold to make a dime
For just a glimpse of a peaceful life
For the rising of the sun after an endless night
For all the pills we pop just to get some sleep
For all mankind, and our country
For all the boys and girls who never knew equality
For woman, for life, liberty
For liberty
For liberty
For liberty
Um filme que gostaria de rever…
“O Sabor da Cereja” de Abbas Kiarostami. É um filme que quero revisitar ao longo das minhas várias idades pela frente. Há uma passagem no filme que me marcou imensamente:
Have you ever looked at the sky when you wake in the morning?
Don’t you want to see that again?
You want to close your eyes?
You want to give up the taste of the cherries?
O que deve mudar?
Tudo.
Estamos constantemente em mudanças.
Devemos sobretudo mudarmo-nos a nós mesmos, para que as mudanças tenham maior impacto em termos mais gerais. Assumir e ter a capacidade de aceitar que estamos constantemente a aprender.
O que deve ficar na mesma?
Nada.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
A sequência de fotografias e vídeos de Shirin Neshat como “Women of Allah”, “Turbulent”, “Fervor”, “Soliloquy”. Tinha eu uns 16 anos quando vi pela primeira vez num livro as obras desta artista iraniana, que serviu de influência para o meu trabalho e pensamento artístico dos anos consequentes até à data.
Qual a próxima viagem a fazer?
Ao Irão.
Quero voltar ao Irão, voltar às origens, à família, aos aromas e aos sabores. De preferência voltar quando o cântico que percorre nas ruas de momento "Zan, Zendegi, Azadi / Mulher, Vida, Liberdade” seja implementado.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Teria sempre te ter algo a haver com processos criativos. Mas gostava de me dedicar mais à terra, ao cultivo.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Sempre que recebo alguém de fora convido para vir a casa e ofereço algo comestível. Habitualmente, comida iraniana feita por mim.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Angela Davis, Farrogh Farokhzad, Frida Kahlo e Shirin Neshat.
Quais os seus projetos para o futuro?
Tenho vários sonhos e vários projetos em mente.
Nos próximos tempos quero continuar a criar e espero ter inspiração e a motivação que tenho agora; dar seguimento à minha investigação sobre a minha identidade iraniana que poderá culminar num doutoramento; poder ir ao Irão e complementar a investigação; estar envolvida em vários projetos com várias pessoas; saber fazer férias.