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José Maia / Manuel Santos Maia
Artista – curador
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Qual a ultima boa exposição que viu?
“Abertura dos Portões!” de João Sousa Cardoso. João Sousa Cardoso abriu os portões do espaço onde funcionou, em tempos, o Matadouro Industrial, em Campanhã, no Porto e convidou o público a assistir à rodagem de cenas do seu próximo filme “A SANTA JOANA DOS MATADOUROS” e a experimentar um plateau de cinema tornado teatro.
A admirável instalação "Parque Noir" que Ricardo Jacinto concebeu especificamente para o CIAJG - Centro Internacional das Artes José de Guimarães.
“Abertura dos Portões!” de João Sousa Cardoso
"Parque Noir" de Ricardo Jacinto
Que livro está a ler?
Estou a reler “Na Casa de Julho e Agosto” e a ler “A Palavra Imediata (Os papéis avulsos de Llansol). Livro de Horas IV.” de Maria Gabriela Llansol.
Parafraseando a autora, a sua obra é “uma paisagem permanentemente marejada de pensamentos”, uma obra impregnada de “múltiplas perspectivas e não menos contradições e sonhos”.
Continuo a ler-ver o “Zombie” de Marco Mendes,
Llansol diz: “o lugar de alguém é fundamentalmente o olhar”; no caso de Marco Mendes é o modo de ver-dizer a espessura do mundo. Este livro a vida política, social e cultural da cidade Porto, devolve-nos a situação actual no país.
Que música está no topo da sua playlist actual?
Os olhos da música de Panda Bear. As vibrações dissonantes do último trabalho “Panda Bear Meets the Grim Reaper”
Panda Bear - “tropic of cancer”
Um filme que gostaria de rever…
“Le Soulier de satin”, “Benilde ou a Virgem-Mãe” e ou “Amor de Perdição” de Manoel de Oliveira
O que deve mudar?
O menosprezo por parte da maioria dos agentes do sistema artístico nacional, a completa indiferença dos historiadores e da totalidade dos autores de livros sobre a Arte Contemporânea em Portugal e a desvalorização dos responsáveis artísticos em relação às iniciativas organizadas por artistas. É considerável o número projectos curatoriais e é notável a diversidade de iniciativas organizadas por artistas-curadores e por colectivos de artistas. No norte litoral de Portugal, entre as duas capitais europeias da cultura (Porto 2001 e Guimarães 2012) foram mais de 140 os projectos desenvolvido por artistas que envolveram um número significativo de criadores de diferentes áreas artísticas.
O que deve ficar na mesma?
A acção de uma comunidade criadores que, desde a década anterior até ao presente, têm uma postura atuante face à conjuntura cultural do Porto e do país. Enquanto artistas-editores, artistas-curadores ou artistas-investigadores, são ativos dinamizadores da cultura na cidade, onde – paralelamente à criação artística – desenvolveram espaços de apresentação, reflexão e partilha de trabalho que, com as instituições artísticas e espaços galerísticos, dilataram a oferta cultural.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
Provavelmente o “Aniki Bóbó” de Manoel de Oliveira. Numa tarde de inverno, num Domingo de 1977 ou 1978, vi, em família, em casa, um filme cuja história me marcou. Anos mais tarde, já adolescente, entrei numa sala de cinema para ver a primeira longa metragem do mestre Manoel de Oliveira e reencontrei o filme que me tinha marcado em criança.
Qual a próxima viagem a fazer?
Madrid. A ARCO é um motivo para ver as exposições patentes nas diversas instituições e galerias da cidade e rever os museus.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Observar com os afectos e para lá da memória conhecida a obra de Eduardo Batarda, Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Lourdes Castro, Amadeo de Souza-Cardoso, Aurélia de Sousa, Manoel de Oliveira, José Álvaro Morais , João César Monteiro, entre outros.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Passeio pelo rio Douro até à Foz. Almoço num dos restaurantes da Foz. Visita ao museu e parque de Serralves. Passeio pelo parque Nova Sintra (Águas do Porto EM – CMP) e visita à casa de Agostinho da Silva, Aurélia de Sousa e Aurélio Paz dos Reis. Visita e lanche no Espaço MIRA, em Campanhã. Jantar num dos bons restaurantes do centro da cidade do Porto. Assistir a uma performance ou espetáculo de dança no Rivoli e tomar um copo num dos bares das galerias de Paris.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Manoel de Oliveira, Maria Gabriela Llansol, Eduardo Batarda e Álvaro Lapa.
Quais os seus projetos para o futuro?
A curadoria do projecto artístico “lugares de viagem”, para a Bienal da Maia. “lugares de viagem” apresenta criadores de diferentes gerações, áreas artísticas e geografias que têm reflectido, inscrito e dinamizado a zona metropolitana do Porto e as sub-regiões do Norte (como os distritos de Viana do Castelo, Braga e Guimarães). O projecto expande-se do Fórum da Maia, ao Hospital de Dia da Maia, ao Jardim do Oxigénio e a outros locais do espaço público da cidade, e, estará patente de Março a Novembro de 2015.
A exposição individual de Cristina Mateus, que irá inaugurar dia 28 de Fevereiro e as exposições comemorativas dos 40 anos da independência de Moçambique e Angola, em Junho e Novembro, no Espaço Mira
O lançamento do livro que documenta o primeiro ano de actividade do Espaço Mira.
Enquanto artistas, a apresentação da última fase do projecto artístico “alheava” e apresentação do filme “é um outro país”.