|
António Olaio
Artista
_________________________________________________________________________________________________
Qual a ultima boa exposição que viu?
A exposição LIBERDADE no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. Foi uma exposição que fizémos com a colaboração do Centro de Documentação 25 de Abril que nos emprestou cartazes que reproduzimos, ampliando-os imenso, e que percorriam todas as salas da exposição, contaminando e deixando-se contaminar pelas peças dos artistas (e de um arquitecto). Uma exposição sobre a ideia de liberdade mas também com a evocação dos tempos da revolução de Abril, aqui explorando a sua dimensão evocatória e prospectiva para além da comemoração nostálgica. As peças do Hugo Canoilas, da Alice Geirinhas, dos Sparring Partners, as do Paulo Mendes, Pedro Pousada, José António Bandeirinha, Nuno Sousa Vieira, José Maçãs de Carvalho, Armando Azevedo, dos AkillsB e as minhas encontraram um espaço onde poderiam ser olhadas enquanto manifestação ou questionamento da ideia de liberdade, na arte, na universidade, na sua dimensão cívica e urbana, …
Perante o lugar-comum que é o esperar-se que a arte seja um espaço de liberdade, nesta exposição essa relação revelou-se mais complexa e interessante do que o mero exercício de uma redundância que a associação imediata da arte à liberdade poderia levar a crer.
Que livro está a ler?
HOTEL de Paulo Varela Gomes editado este ano pela Tinta-da-china.
Apresenta-se desde logo como sendo uma mistura entre arquitectura e pornografia (espero que esta informação tenha sido eficaz nas vendas), o que desperta logo um interesse e cria uma expectativa que ainda é mais deliciosa nas passagens que não são nada pornográficas. E nas que são também, num simulacro antipoético que diz muito do próprio autor. Que nunca se está nas tintas, mesmo quando faz de conta que sim. Até porque muitas vezes parece estar em todas as personagens, sobretudo quando todas decidem mostrar um enorme interesse (e por vezes mesmo erudição) quando falam das coisas da arquitectura.
Que música está no topo da sua playlist actual?
As canções do Sondheim, porque gosto e porque são a banda sonora da vida aqui em casa sempre que a minha filha Margarida está por cá.
Um filme da última década que gostaria de rever…
Talvez Uma história de violência do David Cronenberg. Nem todos os bons filmes resistem bem a serem vistos muitas vezes. Este talvez sim, porque é o primeiro Cronenberg que continua a sê-lo mesmo sem a visceralidade do seu cinema anterior, mas que é assombrado por ela. Aparentemente um retorno a um cinema onde a expressão de uma forte marca autoral parece diluir-se. Mas só aparentemente. Um filme de transição para uma época onde os grandes autores parecem estar em estado de hibernação.
O que deve mudar?
A Arte.
O que deve ficar na mesma?
A Arte.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
A Mona Lisa.
Qual a próxima viagem a fazer?
Para a praia.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Acho que até tenho uma canção sobre isso. Onde pergunto o que é que seria se não fosse artista. E ser artista acaba por ser definido por tudo o que se poderia fazer em alternativa…Fazer arte é fazer algo em vez de todo o resto que há para fazer, por isso acaba por incluir todo o resto.
Claro que também sou professor e outras coisas, mas tudo deriva do facto de ser artista.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Iria almoçar com ele ao Zé Neto. E, no fim do dia, convidava mais amigos e iríamos jantar. Sobretudo pela conversa, amigos entre amigos. Entretanto talvez lhe mostrasse alguma coisa de Coimbra (o Convento de Santa Clara-a-Velha e o túmulo do Afonso Henriques, ou os museus da universidade, e o Círculo de Artes Plásticas, se o meu amigo se interessasse por arte, claro).
A sua última obsessão...
A última é sempre a próxima. Se é que tenho obsessões, sou sobretudo obcecado em inventar algo novo para fazer. Por isso a resposta está na próxima pergunta.
Quais os seus projetos para o futuro?
Uma exposição para a Appleton Square (com a curadoria do João Silvério) que já está muito adiantada, apesar de ser para Março de 2015. Mais canções com o João Taborda. Um livro para os “Stolen books” do Luís Alegre. Mais projectos para o Colégio das Artes, em várias frentes. E algumas coisas mais…
Faço sempre projectos para um futuro próximo, aqueles que posso começar já a realizar.