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Francisco Camacho
Coreógrafo
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Qual a ultima boa exposição que viu?
Impressionou-me a densidade e o reticulado das múltiplas camadas das telas expostas em “Julie Mehretu: Uma História Universal de Tudo e de Nada”, no Museu de Serralves.
Que livro está a ler?
Acredito que ler antes de adormecer me permite dormir melhor. Alterno ficção e poesia, tendo agora em mãos “Hasta no verte Jesús mío” de Elena Poniatowska e a antologia “Habitarei o meu nome” de Saint-John Perse. As leituras diurnas actuais são “Sei passeggiate nei boschi narrativi” de Umberto Eco e “A Divina Comédia” de Dante Alighieri.
Que música está no topo da sua playlist actual?
Os álbuns de Nick Cave costumam predominar, destronando-se entre si.
Um filme que gostaria de rever…
O problema é ter tempo para todos os filmes que se acumularam à espera de os rever - o que me evita o embaraço da escolha!
O que deve mudar?
Para alguma coisa poder mudar, devemos começar por levantar os olhos dos smartphones mais vezes.
O que deve ficar na mesma?
Ser-me-ia difícil perder a possibilidade de ler livros em papel.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
As férias de verão na infância incluíam idas a Lagos, onde a estátua de D. Sebastião da autoria de João Cutileiro, inaugurada naqueles anos, provocava reacções altissonantes. Foi a primeira vez em que fui interpelado quanto ao gosto e a tomar uma posição estética.
Qual a próxima viagem a fazer?
A Cuba, onde conciliarei o trabalho com a descoberta do território.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Onde passo mais tempo é preso nas malhas burocráticas e administrativas a que obriga manter a EIRA, a minha estrutura. Se conseguisse libertar-me, gostava de ser artista.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Descer calmamente a Avenida Almirante Reis, fazendo incursões nas colinas de ambos os lados. Depois, atravessar o Tejo para Cacilhas, a tempo de apanhar o pôr-do-sol e ver a paisagem de Lisboa a mudar com a luz. Da outra margem, a minha cidade natal tem outro encanto.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Emily Dickinson e quem está por detrás de Elena Ferrante, que presumivelmente não compareceriam, deixando mais espaço para confrontar o registo obsessivo do mundo através da câmara de Vivian Maier, revelada anos após a sua morte, e o retrato da humanidade, através de se fotografar a si mesma incessantemente, de Cindy Sherman.
Quais os seus projetos para o futuro?
Entre as digressões e a actividade pedagógica, vou preparando o desenvolvimento do projecto “Viagem Sentimental”, cuja primeira etapa se baseou na pesquisa em Loulé, onde foi apresentado em Abril, e de uma nova criação de grupo. Ainda não desisti de me dedicar também à escrita.