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Mirian Tavares
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Qual a última boa exposição que viu?
A do Hélio Oiticica no Museu Berardo. O autor de Seja marginal. Seja herói continua atual. A Tropicália assumiu a mistura e incorporou a massa − peso e leveza. Antropofagia e carnavalização. Nunca tinha visto a obra dele ao vivo. O museu é o mundo. Mas os artistas, e suas obras, paradoxalmente, habitam ainda os museus do mundo.
Que livro está a ler?
Produção de Presença, do Hans Gumbrecht e A Mulher que escreveu a Bíblia do Moacyr Scliar (não consigo ler apenas um livro de cada vez).
Qual a música que está no topo da sua playlist atual?
“Big Japan”, versão da Ane Brun (ou qualquer coisa que ela cante).
Um filme da última década que gostaria de rever…
César deve morrer, dos irmãos Taviani.
O que tem nos bolsos?
Como na música, nada nos bolsos ou nas mãos… a mala é uma extensão natural do meu corpo.
Coleciona? O quê?
Já colecionei girafas… agora só coleciono romances policiais.
Se só pudesse viver com uma única obra de arte, qual seria?
Fresh Widow (French Window) do Duchamp.
Qual a próxima viagem a fazer?
A Linz, com alunos e colegas de um doutoramento em Média e Artes Digitais. Visita à Ars Electronica e troca de (in)formação.
Se tivesse de criar uma cápsula do tempo o que colocaria lá dentro?
Se fosse para permanecer como memória, artistas. Se fosse para desaparecer e ficar perdido num espaço “entre”, maus políticos.
Se receber na sua cidade um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Iria com ele à Galeria Arco, fim de tarde. De lá vê-se a ria, o mar, os trilhos do comboio, barcos… é tão bonito que chega a ser kitsch. Mas, como disse um artista de quem já não me recordo o nome, o kitsch é a busca desenfreada da felicidade.
A sua última obsessão?
Palavras cruzadas e poéticas digitais.
Quais os seus projetos para o futuro?
Ter futuro. De alguma forma o futuro é aqui e agora. Quando falo do futuro, ele já está a acontecer. O presente é uma abstração. Quero continuar a trabalhar com arte e artistas que é o que me dá mais prazer.