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Maria João Machado
Programadora e produtora.
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Qual a ultima boa exposição que viu?
A mais memoráveis ultimamente foram instalações. Desse lado do Atlântico, Manifesto de Julian Rosefeldt no Hamburger Bahnhof, Berlim. Do lado de cá, Réquiem, de Carlos Motta no MALBA, Buenos Aires.
Manifesto de Julian Rosefeldt.
Réquiem, de Carlos Motta.
Que livro está a ler?
Desde que sou emigrante, sempre dois ao mesmo tempo: Photomaton & Vox do Herberto Helder, Todos los fuegos el fuego, de Júlio Cortázar.
Que música está no topo da sua playlist actual?
Sempre Billy Holiday e Charlie Parker; os novos para mim, Benjamin Clementine e Father John Misty; os ancorados há anos Patty Smith, Bowie e Sonic Youth; podia continuar, playlists não, moods.
Um filme que gostaria de rever…
Playtime de Jacques Tati.
O que deve mudar?
As idiossincrasias velhas jarretas, minadas, erradas.
O que deve ficar na mesma?
A inquietude.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
Histoires du Cinema de Jean-Luc Godard no último ano da Secundária, foi uma revelação.
Qual a próxima viagem a fazer?
São três. Portugal, primeira paragem, sempre. Depois, alguma cidade Latino Americana por trabalho. Finalmente, voltar a Paris por amor.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Adoro imaginar que seria chef. Um forno a lenha no centro da minha cozinha e uma horta mesmo ao lado.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Proponho o jogo ao contrario, pode ser? Como não vivo em Portugal, cada vez que regresso assumo todos os clichés de emigrante sem pudor. Então, estamos em Junho e vão buscar-me ao aeroporto. Começamos por ir beber uma bica ao Príncipe Real, depois descemos a pé até ao Chiado, Rua do Alecrim abaixo até ao Cais do Sodré e vamos almoçar um arroz de peixe cheio de coentros por aí. Depois aparece o meu irmão e leva-me a atravessar a ponte 25 de abril de mota, bebemos uma cerveja ao pé do mar e rimos até chorar, mandamos um mergulho e chegamos a Lisboa a tempo de ver o pôr-do-sol no miradouro da Nossa Senhora do Monte. Agarramos no carro e vamos jantar ao Cartaxo uma sopa da minha mãe com pão da Ereira, queijo de ovelha bem curado, azeitonas do Senhor Manel e vinho tinto.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Todos próximos, divertidos, epicuristas e amantes das tragédias gregas, Vasco Araújo, Júlio Bressane, João Canijo e Beatriz Sarlo.
Quais os seus projetos para o futuro?
Que a VAIVEM, plataforma que criei com a Susana Santos Rodrigues e o Francisco Lezama, com sede em Buenos Aires e Lisboa, continue cheia de ideias e a crescer.