|
Adriana Molder
Artista
_________________________________________________________________________________________________
Qual a ultima boa exposição que viu?
Vi várias, mas a que me impressionou mais foi a Covered in Time and History: The Films of Ana Mendieta no Martin Gropius Bau em Berlin.
Que livro está a ler?
Estou a ler um livro Policial que vou alternando com o Livro das Imagens do Rilke (que está ligado aos desenhos que estou de momento a fazer).
Que música está no topo da sua playlist actual?
Ando a ouvir em repetição o álbum The End da Nico. Estou a desenhá-lo (uma nova série de desenhos que vou apresentar na Feira Drawing Room, em Lisboa, em Outubro deste ano). Foi um disco que ouvi muito nos primeiros meses da minha gravidez, e que é agora um precioso instrumento de trabalho. É um disco bastante pesado, intenso e obscuro. De vez em quando tenho de parar e ouvir outras coisas, (esta semana foram os UNKLE e umas peças de Ravel) para não entrar num buraco negro.
Um filme que gostaria de rever…
Todos anos revejo o The Ghost and Mrs. Muir, do Mankiewicz, mas este ano já revi. Também é um filme perfeito, não há nada que quisesse mudar! Noutro dia, a propósito desta ideia absurda que que os artistas devem ser boas pessoas, lembrei-me da personagem interpretada pelo Willem Dafoe num filme que se chama Viver e Morrer em L.A. Fiquei cheia de vontade de o rever.
O que deve mudar?
Vi este filme pela primeira vez numa festa e sem som, quando o voltei a ver achei a música horrível. Mudava a música, a música deste filme não podia ser pior!
O que deve ficar na mesma?
Tudo o resto, é um bom testemunho dos anos 80 (se calhar incluindo a música).
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
Acho que foi um postal duma fotografia da Helena Almeida. Devia ter uns 8, 9 anos e fiquei bastante intrigada com a aquela mulher que se fazia desaparecer no azul.
Helena Almeida, Pintura Habitada, 1976.
Qual a próxima viagem a fazer?
No final de Setembro vou de Berlim a Famalicão para a minha exposição na Ala da Frente.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Gosto particularmente de cozinhar e de estudar mapas astrais. Ser artista não é uma profissão que acaba com a reforma, vem desde sempre e continua para sempre. O bom e o mau disto é que podemos fazer muitas outras coisas sem deixarmos de ser artistas.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Em Berlim, num domingo, uma vista à feira em Arkonaplatz, um café no Weinerei, um intervalo para o amigo passear sozinho e à noite jantar e filme em casa. Em Lisboa, num sábado, uma visita à feira da Ladra, um almoço no Cardoso, um intervalo para o amigo passear sozinho e à noite um jantar em casa e um serão na varanda a ver a vista e a contar aviões.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Há imensos possíveis, mas nem com todos gostaria de jantar. Seríamos cinco, um jantar com o Gustavo (Sumpta), a nossa filha Victoria, a Käthe Kollwitz e o Raoul Walsh, era uma noite bem passada.
Selbstbildnis (1904), Käthe Kollwitz
Quais os seus projetos para o futuro?
Para um futuro próximo, acabar a série O Fim e finalmente ver publicado o meu livro Fantasmagoriana, depois disso o grande projecto é chegar ao futuro.