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Durante a quarentena recebi um e-mail. Era uma newsletter, mas também não era, porque informava muito mal. Mas falava, melhor, dizia muito para além do que podia informar. E apaixonaram-me, as palavras ditas e o seu tom profético e confessional. O tom terno do e-mail... epistolar e muito mais sério do que virtual - embora hiperlinkado. É difícil de encaixar. Tudo: o email, o que este projecto é, o que são as participações dos convidados ou proponentes.
Na altura, Sofia agradecia enormemente a André Constantino, Salomé Paiva, Marin Fanjoy-Labrenz, Nuno Gonçalves, Marco Pestana, Ricardo Franco, João Ramos, Tatiana Ramos, Inês Monteiro, Tomás Alemão, Bicho e PiPaS, Francisco Fidalgo, Raul Domingues, Ivo Relveiro, Filipa Jesus, Rui Gonçalves, Raquel Cândido, Ewelina, Daniel Pinheiro, Ivan da Silva, Sara Santiago Pires, Rodrigo Franco, Yi Qing, e a uma das estruturas amantes, a Associação Goela, por onde já aconteceu o Campo Aberto, o cineclube albergado sob o chapéu maior que são Os Esquilos para as Nozes. Agora, agradece a ainda mais gente, e com uma lista em crescendo que tenta mapear o informe trajecto que tem feito. De momento, os encontros do cineclube acontecem na Brotéria. O que é então, o que são, Os Esquilos para as Nozes? O que é e o que não é? É e não é e sobretudo é o que é. Não é só um cineclube, não é uma colecção, não é só um lugar físico, não é uma institucional cultural, não é um pequeno museu, diz-nos, entre outras proposições, a grande responsável pelo projecto (que se constrói pelas presenças, descontinuadas ou assíduas). Não é a netflix, não é um drive in. É uma misturada de todas essas coisas, portanto é uma colecção, uma plataforma, ambas vivas, um lugar de encontro e pensamento e experimentação. Uma comunidade informal e errática. Diz-nos ela também. É um pouco tímida mas está muito certa do que nos diz, que é poroso e sensível, que é uma caixa postal, de correspondência. É tudo o que é, por tudo o que não é, diz Sofia Pires.
OS ESQUILOS PARA AS NOZES, sendo uma comunidade “itinerante, informal e errante”, foram iniciados, fundados, instaurados na Lisboa de 2019 e maturados por todo o território. A cada projecto desta comunidade funda-se chão para lugares de experimentação e partilha que têm como cenário o cinema, a fotografia, a colagem, o recorte, o som, os arquivos e o coleccionismo no geral, e têm como directivas e têm como directiva continuarmos a fazer coisas juntos.
Estado de espírito geral? WORLD WIDE MESS. Era o primeiro mantra deste e-mail.
Por Catarina Real em diálogo com Sofia Pires
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Pela particularidade do pensamento, da voz e da periclitância, decidi colocar a Sofia - figura chave na organização do projecto - perguntas que não se fazem. Perguntei-lhe os porquês de tudo, os quês das coisas, por várias razões ou motivações, da idiotice (à qual aconselho a prática alargada) à inconveniência (que desaconselho, mas abri excepção).
A primeira pergunta foi:
Confias em mim?
A resposta foi:
Sim, confio em ti.
Depois continuaram, perguntantes, as respostas:
CR: Quem és tu?
SP: eu sou a Sofia.
contadora de histórias.
respigadora acidental & de ocasião.
.....
no fundo, talvez seja uma narradora fascinada com os detritos do mundo que conheceu o seu primeiro amor, num irrepetível inverno, numa cabine de projecção,
onde re-conheceu, pela primeiríssima vez, os seus estranhos sonhos a preto e banco na intimidade das imagens de luz e sombra,
tornadas movimento,
pelo movimento intermitente das bobines.
SCARLET STREET, curta de Salomé Paiva
( https://www.youtube.com/watch?v=GW6Qqn2E624&t=9s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
PRIVATE CAT LIFE, curta de Sofia Pires
( https://www.youtube.com/watch?v=0wWBFd0-b6I&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
CR: Quem é esta comunidade?
SP: Gostaria de roubar a deixa ao Blanchot e dizer que esta é uma comunidade por vir. É demasiado fácil, eu sei, mas é verdade.
É o convite à comunidade que não o é ainda e que, no entanto, o é já.
E vive do convite, que vive sendo convite e sendo lançando aos outros.
É uma coisa plástica e informal e errante
e errática.
Como um rio,
que correndo o seu curso
vai apanhando pedras
e, claro, viajantes,
como um comboio,
pelo caminho.
É um lugar de encontro:
para quem quiser encontrar-se,
(consigo,
com os outros,
com a aventura),
para quem quiser desencontrar-se
e também para aqueles que não se querem encontrar com nada
mas que acidentalmente se encontram ali.
É um lugar que não existe, assim, fisicamente,
mas que existe, sim,
do encontro único que o cinema cria
em cada partilha colectiva do tempo.
Se esta comunidade fosse um lugar
estaria entre um velho cinema, a rua, os perdidos e achados e a feira da ladra, e nas suas reuniões gerais encontraríamos: gente obscura, convalescentes diversos, curiosos, diletantes, apaixonados, aficionados, recolectores, respigadores, coleccionadores
e, claro,
sempre, sempre,
agitadores.
Esta é a comunidade que eu gostaria de encontrar mais vezes nos cinemas, nas cinematecas, nos museus e arquivos de imagens em movimento.
Mas à falta dela e da possibilidade de a criar nesses lugares,
encontrei-a nas ruas e nas vielas,
nos lugares de sombra e de margem,
onde se pode enfim conversar e errar,
E ela criou-se assim,
sem-querer,
sem-abrigo:
habitando criativa e criadoramente o museu que eu não possuo
e as colecções que não são minhas.
E ainda bem!
E é, sobretudo
uma comunidade do contra
e que quer ser do contra
porque é fora do lugar,
como a Cluny Brown.
É assim este monte de gente flutuante que curte fazer um pouco de corte e costura pelas margens da propriedade e que se interessa por esta coisa ampla e grandíssima, cujo nome repele tanta gente, chamada audiovisual - som e imagem.
HITCH-HIKER, curta de Nuno Gonçalves
( https://www.youtube.com/watch?v=-MuTI0fTK6o&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
SCARLET STREET, curta de Marin Fanjoy-Labrenz
( https://www.youtube.com/watch?v=Ew5Wiq_atxM&t=80s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
CR: Quem é a figura maior?
SP: Esta é difícil.
Tenho que oferecer um retrato de família.
A concisão não é mesmo o meu forte.
Diria que:
Em plano de fundo, os irmãos Lumière que criaram uma máquina de filmar que era também uma máquina de projectar. E que, assim, não separaram nunca o ofício de colher do ofício de partilhar.
Para que to record (to record » gravar, filmar, registar,) não ficasse nunca separado de recordar (record » é também um arquivo em inglês):
um recuerdo, um recordar junto(s).
De seguida, entre os planos de fundo e de frente,
aqueles todos: fundadores: a Iris Barry, o Henri Langlois, o Amos Vogel, e o Jonas Mekas....
E, depois, em primeiro plano:
as figuras que hão-de permanecer para lá dos tempos neste retrato de família, como as figuras importantes sempre permanecem nas fotografias que encontramos na feira da ladra, o Respeitável e Irrepetível Sr. Maximino Santos, aposentado projeccionista chefe da Cabine de Projecção da Cinemateca Portuguesa, que me iniciou nestas lides e que me apaixonou por este ofício em vias de extinção; e o Jeffrey Babcock, activista, programador, produtor cultural e grandioso ser-humano de já tão raros princípios punko-inabaláveis que organiza há mais de uma década um circuito semanal de cinemas underground em espaços culturais daquilo que sobra (ainda) da cena alternativa da agora gentrificada cidade de Amesterdão e que foi o cicerone da minha verdadeira comunidade artística, sensível e intelectual enquanto lá vivi.
PRIVATE LIFE CAT, curta de André Constantino
( https://www.youtube.com/watch?v=jkcyye0hlBg&t=16s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
SCARLET STREET, curta de Salomé Paiva
( https://www.youtube.com/watch?v=GW6Qqn2E624&t=9s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
CR: O que foi a quarentena?
(pergunta tardia que, à altura, fazia sentido, e que agora leremos com outros olhos)
SP: Foi uma pausa suprema.
ou um still pasmado.
E também:
Viajar à infância.
Voltar ao quarto,
às caixas,
às cartas,
às fotografias,
às roupas,
aos diários,
ao sotão,
à garagem.
&tc...
Uma arqueologia silenciosa e privada,
dos cadernos,
dos retalhos,
de onde emergi com a conclusão muito nítida mas inaudita até então
de que andei todo este tempo vivendo como Hansel e Gretel,
deixando muitas & muitas migalhas atrás de mim:
com medo de me esquecer de algo,
para garantir que não me esqueço de nada.
E saí do meu quarto,
e desta viagem,
com este pensamento
ao qual sempre dou por mim a regressar:
In our moments of megalomaniacal reverie, we tend to see our memory as a kind of history book: we have won and lost battles, discovered empires and abandoned them. At the very least we are the characters of an epic novel (“Quel roman que ma vie!” said Napoleon). A more modest and perhaps more fruitful approach might be to consider the fragments of memory in terms of geography. In every life we would find continents, islands, deserts, swamps, overpopulated territories and terrae incognitae. We could draw the map of such a memory and extract images from it with greater ease (and truthfulness) than from tales and legends. That the subject of this memory should be a photographer and a filmmaker does not mean that his memory is essentially more interesting than that of the next man (or the next woman), but only that he has left traces with which one can work, contours to draw up his maps.
Liner notes from original English edition of Immemory, 1997., by Chris Marker.
PUTOVANJE, curta de Inês Monteiro
( https://www.youtube.com/watch?v=tCYaHPExWg0&t=130s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
CR: O que é um cineclube bonito?
SP: É um cineclube que não se leva demasiado a sério.
Que não é rigido, nem formal, nem dificílimo de mover e de malear.
É uma matéria dúctil, sabes?
Feita de pessoas,
para pessoas.
Talvez esteja mais próximo da botânica, parece-me:
como uma espécie de húmus,
uma matéria rica e orgânica,
um subsolo - uma cave, uma garagem, um subterrâneo, under----ground -
que reúne as condições sensíveis para que no escurinho do cinema
possam nascer relações justas e verdadeiras entre as pessoas e as ideias.
E não é esse o começo da comunidade?
Essa semente invisível que todos os cineclubes germinam, na escuridão....
O Jeffrey (Babcock) escolhe muitas vezes chamar séances às projecções.
É comum chamarem-lhes assim em Francês.
Ele tem um livro lindíssimo, auto-editado, com esse título que é ao mesmo tempo uma topografia afectiva dos espaços alternativos que foram desaparecendo da cidade de Amesterdão,
um pequeno álbum de tantos anos de cineclubes e um documento muito poético dessa relação tão antiga como simbiótica entre as cidades e o cinema.
Eu gosto muito dessa palavra.
Do significado dessa expressão, transposta para o cinema, descendente imediato da fantasmagoria do século XIX: séance, de sessão mas também da mesma raiz de sentar, é este sentarmo-nos com os espíritos.
Traz uma espécie de alquimia a este misterioso espetáculo, bem sei,
mas, para mim, um cineclube bonito é bonito justamente por procurar manifestar a beleza impossível de uma séance em cada sessão.
E, ao mesmo tempo, um cineclube bonito não é nada de transcendental:
é um lugar caloroso e descontraído que recebe as pessoas como uma mesa de jantar muito familiar,
onde há sempre espaço para mais um prato e a conversa fica durando bem pra lá das sobremesas:
E come-se e fala-se e escuta-se e aprende-se e erra-se, e abrimo-nos um pouco mais, no quentinho uns dos outros, do sonho e da refeição.
Não sei se consegui fazê-lo, mas foi sempre este o meu desejo em cada sessão do Campo Aberto:
receber(-vos) assim, para que continuemos durante muitos anos a ver filmes juntos.
«« To host: a session or a friend. »»
NAKED KISS, curta de Tomás Alemão
( https://www.youtube.com/watch?v=0xhMwpX4IfQ&t=4s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
PLAYGROUND OF THE WORLD, curta de Francisco Fidalgo
( https://www.youtube.com/watch?v=IGz-MLXhq8A&t=4s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
CR: O que é a propriedade?
SP: Poderia dizer simplesmente que a propriedade é a posse
e depois seguir enumerando um conjunto de substantivos concretos e plasmantes exímios da propriedade:
o carro, a casa, o telefone, o computador, a roupa, o sapato, a carteira.
poderia depois avançar para o pronome possessivo.
o meu carro, a minha casa, o meu telefone, &tc.
e depois poderia avançar:
como sempre avança a propriedade nas suas circulares e circulares ora mais tangentes ora mais excêntricas de proprietários, heranças e respectivas apropriações.
Por outras palavras:
Poderia dizer
a propriedade é aquilo que é de alguém;
Que pertence a alguém,
ou a qualidade daquilo que é possuído, vulgo, objecto de posse.
Mas prefiro acreditar, mesmo se idilicamente,
que a propriedade também é aquilo que é de todos,
tal como o domínio público.
Só isso me parece verdadeiramente nosso.
Pois só isso, com o tempo, permanece verdadeiramente nosso,
(a troca)
na memória.
CR: Porquê continuar?
SP: Porque continuar significa resistir:
à atomização, à fragmentação, à individualização da vida
comum e colectiva.
A multiplicação de ecrans,
cada vez mais individuais e (re)produtores de experiências individuais e individualizantes do olhar,
é dessa atomização um reflexo gritante
e para mim sufocante.
Continuar fazendo,
recebendo,
organizando,
porque isto é dar continuidade e permanência à experiência colectiva do cinema, em sala.
A meu ver,
a única:
verdadeira.
Continuar para continuar o cinema como esta duração partilhada,
por todos nós.
Continuar para que possamos por largos anos continuar a ver filmes juntos,
a sonhar juntos,
a pensar juntos,
a acreditar, a fazer e a resistir juntos.
Porque só assim a comunidade se mantém germinante,
e o cinema também.
RUN MAN, ALL YOU CAN, curta de Ivo Relveiro
( https://www.youtube.com/watch?v=kEfTL75W5ag&t=9s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
PLAYGROUND OF THE WORLD, curta de Francisco Fidalgo
( https://www.youtube.com/watch?v=IGz-MLXhq8A&t=4s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
CR: Porquê o tempo da memória?
SP: Porque o tempo da memória, das memórias, é tudo o que fica.
E caminhamos, todos, sempre com o passado ao nosso lado.
Só assim podemos descobrir a matéria própria do nosso corpo, do nosso mundo, do nosso corpo-mundo.
E porque a memória é o que conheço (e onde me conheço) melhor.
5 Funny Gifs From Uncomfortable and/or Unethical Footage, “RIOT”, peça Bicho & PiPaS
( https://www.youtube.com/watch?v=dztTjRCO_cw&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
HITCH-HIKER, curta de Nuno Gonçalves
( https://www.youtube.com/watch?v=-MuTI0fTK6o&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
WHAT DOES THE WORKER DO?, curta de Raul Domingues
( https://www.youtube.com/watch?v=e06obc5slQY&t=48s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
CR: Porquê o espaço das imagens?
SP: Porque eu ainda acredito que as imagens não se esquecem.
E permanecem.
E seja entre o momento, o documento, o testemunho, a memória ou a ficção,
elas sempre guardarão latente
um espaço potencial
de compreensão:
do mundo, dos outros,
dos tempos.
WHAT DOES THE WORKER DO?, curta de Raul Domingues
( https://www.youtube.com/watch?v=e06obc5slQY&t=48s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
WHAT DOES THE WORKER DO?, curta de Raul Domingues
( https://www.youtube.com/watch?v=e06obc5slQY&t=48s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
NAKED KISS, curta de Tomás Alemão
( https://www.youtube.com/watch?v=0xhMwpX4IfQ&t=4s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
E mesmo antes de perguntar, ainda eu continuava:
Somos tratados como viajantes, os que recebem com calor esta carta, que se demorou na escrita vinte e duas madrugadas viradas dia pleno. Começa com uma dificuldade de decisão: avanço e esqueço; o mundo, a vida, a paragem forçada? Ou paro e avanço ideias; o mundo forçado na paragem e tantos filmes para serem vistos... mas sem a possibilidade do que é a verdadeira experiência do cinema (nas suas palavras e entendimento) - a partilha de um filme com outros corpos, outros visitantes, num “evento único e irreproduzível no tempo”. Vinha-lhe a tristeza no discurso, a da impossibilidade dos encontros “nestes tempos de afastamento e isolamento social, em que o cinema se tornou uma raridade e preciosidade de expressão quase heróica.“. A mesma tristeza de James Card, “primeiro arquivista, programador e grande impulsionador da colecção da George Eastman House, um dos mais importantes arquivos de imagens em movimento dos Estados Unidos da América” que disse que o seu inferno privado seria ter um projector e todos os filmes disponíveis mas ninguém para os ver com.
O desejo de proximidade, a do cinema, mas a do mundo todo e da sua vivência (ou: sejam ambos o mesmo! - creio que o deseja erraticamente), era o mais premente, o mais urgente. O que ainda não pode, o que ainda fica à nossa espera para uma normalidade (não a nova, a diferente) que tardava em vir, que não nos permitiam. O mesmo desejo que deseja que não nos esqueçamos que somos “seres humanos preparando uma revolução”, e não pequenos humanos perdidos em passatempos. Estamos-somos activos, é o que nos diz. Devemos, temos potência.
Dizia-nos que a continuidade do cineclube significava resistência, uma resistência que poderá revolucionar o presente apático, que nos poderá trazer de volta do desespero à latência da vida, do cinema, do movimento das imagens. E a resistência, de volta ao encontro, ainda cá está. E ainda por cá, o cinema como arma, esse, que dilata o tempo, não só o das imagens, mas todos os tempos que consegue fazer convergir e onde cria simultaneidade de existências. “Pessoalmente, não tenho interesse em recriar a experiência colectiva do cinema num qualquer espécie de simulacro virtual em segunda mão.” - Escreve. E pessoalmente, tive a maior das alegrias em lê-lo. Adaptação sim, mas não a todo o custo. Não face a todas as desistências. E a espera para o retorno às sessões, valeu, agora com agitação mensal na Brotéria.
PRIVATE LIFE CAT, curta de André Constantino
( https://www.youtube.com/watch?v=jkcyye0hlBg&t=16s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
PRIVATE CAT LIFE, curta de Sofia Pires
( https://www.youtube.com/watch?v=0wWBFd0-b6I&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
RUN MAN, ALL YOU CAN, curta de Ivo Relveiro
( https://www.youtube.com/watch?v=kEfTL75W5ag&t=9s&ab_channel=EsquilosparaasNozes )
O conselho é que caminhemos para o canal do Youtube dos Esquilos para as Nozes, assim como para o blogspot que funciona como arquivo, e o site que funciona como propulsor, e adivinhemos o que o não entendermos, e tropecemos em todos os desafios e des_regras.
De resto, a carta que recebi termina com um apelo, colaborem com o projecto que vem do entusiasmo pelas técnicas e imagens - as do cinema, mas também todas as outras onde este se imiscuiu faz muito tempo - de Sofia. Dêem uma mãozinha para que projectos que vêm dos lugares onde se fundam verdadeiramente coisas não se percam, não se dissolvam. E continuemos aqui, juntos.
Na sala de cinema e em todo o lado.
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Catarina Real (Barcelos, 1992) Trabalha na intersecção entre a prática artística e a investigação teórica nos campos expandidos da pintura, escrita e coreografia; maioritariamente em projectos colaborativos de longa duração. É doutoranda do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho com uma investigação que cruza arte, amor e capital. Encontra-se em desenvolvimento da Terapia da Cor, prática aplicada entre teoria da cor, arte postal e intuição coreográfica.