|
Em dias em que não é possível deixar de assistir a comportamentos, convicções, afirmações que denotam atitudes indiferentes, superficiais e individualistas, desligadas de um todo mais comunitário pelo qual não revelam respeito e que, inevitavelmente, acabam por afectar aqueles mais fragilizados que são atingidos ou se impressionam com essa realidade, haverá que assumir e aceitar essa fragilidade, sem a evitar, como primeira fonte de reabilitação, sentir a insatisfação dela resultante e interrogar, querer mais, tomar consciência da necessidade de restabelecer ligações, e encontrar a coragem de as procurar.
É nesta dicotomia que opõe força e fragilidade, aparentemente contraditória mas afinal complementar e unificadora de tudo o que existe entre os dois extremos, que o quarteto britânico Lanterns on The Lake natural da nortenha Newcastle tem marcado as pisadas da sua carreira, invocando, ocupando e explorando um território emocional compreendido entre essas fronteiras opostas mas que, deixando de ser opacas e muradas, as liga percorrendo todas as emoções que cabem entre elas.
A mais recente pegada neste percurso foi deixada em 13 de Novembro passado com a edição do seu terceiro álbum de carreira “Beings” pela editora Bella Union que, sob o sábio comando de Simon Raymonde e Robin Guthrie, antigos baixista e guitarrista da lamentavelmente extinta Cocteau Twins, conta desde ‘97 entre as suas fileiras com nomes como Ballet School, Beach House ou Explosions In The Sky (ou MONEY, a quem já fizemos referência nestas páginas), entre vários outros que, a par de Lanterns On The Lake e o seu rock melódico, sinfónico e etéreo, têm consolidado e reforçado a sua identidade artística e musical, mas também a da editora que lhes dá liberdade, nos territórios do indie-rock que exploram livremente e sem restrições impostas para lá das fronteiras do post-rock, da dream-pop, do ambient ou da ethereal wave que, quando mescladas como em Lanterns On The Lake, a tornam mais misteriosa e nebulosa e, em resultado dessa atmosfera, absolutamente atraente e enfeitiçante.
De natureza emocional plural e dinâmica, “Beings” é uma meditativa reflexão plena de disparidades e sobre estas disparidades, um álbum extremamente pessoal e reflexivo por parte de LOTL. Abordando temas como a solidariedade, a sociedade, a política, o senso de comunidade, e o papel activo de cada um enquanto parcelas individuais que para elas contribui mas que, ao mesmo tempo, se vê obrigado a coabitar e a lidar com as inevitáveis limitações e obstáculos perante o todo daquelas, LOTL pretendem levantar a sua voz que, num momento, denuncia e desmascara um mundo frívolo, injusto, egoísta e interesseiro, noutro momento se sente frustrada, incapaz e impotente perante o desaparecimento e o esvaziamento dos valores humanos mais essenciais que, resignando-se derrotada, desiludida, deprimida e descrente de si própria, sente não conseguir inverter, e que, em outro momento ainda, resiliente, resistente e sem comiseração, recupera a sua esperança, a sua convicção e a sua determinação e, desafiadora, revolta-se e ergue-se reafirmando novamente a premência da inversão daqueles comportamentos individuais e comunitários em favor de um mundo igual, justo, humano e solidário.
Num espesso e orgânico ambiente emocional em constantes mutações entre a sua rudeza feroz e a sua sensibilidade serena, entre a sua inflexibilidade implacável e a sua vulnerabilidade delicada, entre a sua crueza brutal e a sua melancolia macia, LOTL reproduzem em “Beings” uma complexa viagem interior onde, ao contrário de um violento e explosivo tumulto, e em coerência com as inúmeras contradições e oposições complementares em que se funda na sua natureza artística, os encontramos afinal intimamente expostos e pacificamente abrigados. Sem conseguirmos determinar se é intensamente calmo ou calmamente intenso ou, na verdade, sendo ambos em simultâneo, “Beings” é vívido e penetrante, é poético e humano, é sombrio e perturbante, é comovente e emotivo, é acolhedor e apaziguante.
Em 2007, o trio Greenspace ainda amador, formado pelo guitarrista, multi-instrumentalista e produtor Paul Gregory, o baterista e pianista Oliver Ketteringham e o baixista Brendan Sykes, procura expandir a sua sonoridade e juntar voz à sua música até então apenas instrumental. Hazel Wilde, vocalista mas também guitarrista e pianista, é-lhes apresentada por um amigo comum e junta-se-lhes num primeiro ensaio experimental, no qual Adam, irmão de Brendan, vocalista, guitarrista e pianista tal como Wilde, e a violinista Sarah Kemp também comparecem. Fica ditado o final de Greenspace e o nascimento de Lanterns On The Lake.
Desde então, a composição da formação sofre inúmeras alterações: em 2012, os irmãos Sykes abandonam o grupo e a posição de baixista é ocupada por Andrew Scrogham, que permanece na banda até 2014, ano em que Sarah Kemp também se afasta. Não só pela sua permanência contínua desde a formação original desde há quase dez anos, mas também pela sua influência predominante na dinâmica criativa interna da banda, o núcleo centra-se e consolida-se em torno de Wilde, Gregory e Ketteringham, a quem se junta desde 2014 o baixista Bob Allan, na formação em quarteto que se mantém actual, e que se transforma em quinteto nas actuações ao vivo com a presença da violinista e violoncelista Angela Chan. É a união deste trio nuclear da banda e as metamorfoses por que vão passando individualmente e as partilhadas em conjunto, acrescentadas das tendências trazidas pelos membros recentes, que vão criando, recriando e, nesse processo inventivo contínuo, cimentando a natureza artística de Lanterns On The Lake.
Em Agosto de 2008 e em Maio de 2009, os recém-criados e independentes LOTL compõem, gravam, produzem nas suas próprias casas em Newcastle e, em retiro, numa casa campestre rodeada de beleza natural e de denso misticismo que sentem impregnados em si mesmos e na sua música, e editam com recursos próprios os EP’s “The Starlight” e “Misfortunes And Minor Victories” e o single “Lung Quicken” que inclui os b-sides “Sapsorrow” e “Cello Story” em Junho 2010. Por entre presenças em Glastonbury, na BBC e outras ao longo de 2010, Simon Raymonde e Robin Guthrie rapidamente se apressam a assinar com a banda em Dezembro desse ano.
O primeiro LP “Gracious Tide, Take Me Home” surge, já com o selo da Bella Union, em Setembro de 2011 e reúne aquelas que, para a banda, são as suas criações eleitas até ao momento (algumas faixas do LP já constavam dos EP’s precedentes), a par de outras faixas originais apresentadas no álbum, como que uma apresentação artística da banda e da sua sonoridade formatada mais formalmente – um ambiente amolecido e melancólico criado pela sobreposição equilibrada e democrática das guitarras acústicas e eléctricas, violinos, violoncelos, bandolins e pianos, que tende claramente para o folk-rock, com discretos apontamentos de sintetizadores e uma discreta secção rítmica, à qual se juntam as vozes bucólicas e angelicais de Wilde e de Sykes em letras que correspondem e reforçam esse ambiente contando histórias imaginárias de pescadores perdidos no mar em “Ships In The Rain” e de cartas enviadas para casa por soldados na frente da batalha em “A Kingdom”.
Já sem a contribuição dos irmãos Sykes, e com Wilde tomando protagonismo como única vocalista, o segundo LP “Until The Colours Run” é lançado em Outubro de 2013, sublinhando o seu percurso não só por via das excelentes críticas recebidas por parte do mercado como junto da sua base de fãs que, estranhamente e apesar daquelas, verificam fiel mas sem engrossar. Nota-se a intenção voluntária e consciente de alargar os horizontes sonoros por parte do grupo de artistas que, à musicalidade delicada e cristalina anterior, e abandonando a sua impressão digital algo mais folk do álbum de estreia, justapõem maior amplidão, maior grandiosidade e maior tempestuosidade numa sonoridade mais próxima do post-rock e de variações deste que remetem para o shoegaze, tão introvertidos quanto magnânimos, onde os arranjos de guitarras eléctricas em acordes e em riffs mais estáticos e introspectivos assumem presença predominante a par da secção rítmica do baixo e do bumbo, da caixa e dos címbalos da bateria atacados mais violentamente, sem abandonar a atmosfera nostálgica e aquietada do ethereal wave e do dream-pop, inspirada e reflectora da herança da sua terra natal. Wilde, por seu lado, responsável pela autoria das letras, abandona as temáticas mais fantasistas e mais imaginárias do primeiro trabalho em favor de uma verbalização mais realista e mais incisiva da realidade e da sua consciência social e ética face do mundo que observa em seu redor.
A abordagem criativa ao terceiro álbum parte das mesmas premissas: mais do que uma sucessiva alteração aleatória na direcção musical e lírica face aos trabalhos passados, como que de uma banda perdida à deriva e em busca da sua identidade artística se trate, “Beings” corresponde novamente a uma verdadeira evolução e a uma genuína expansão da sua música – a busca por contínuos estímulos e desafios sem abdicar das marcas mais relevantes da assinatura sonora de um conjunto de artistas confiantes e confortáveis consigo mesmos e para quem a realização pessoal e artística e a veracidade que extraem do seu trabalho é o mais importante móbil.
Em Fevereiro de 2014, após uma digressão na Europa e nos Estados Unidos, a banda regressa ao ambiente onde se sente mais estabilizada e encontrada consigo mesma e, reunidos no seu estúdio sem planos pré-definidos, sem expectativas e sem objectivos impostos, retomam o que mais os cativa: compor em conjunto, isolados e sem influências externas, conduzidos pura e unicamente pela intuição experimental de músicos sem formação clássica específica que se sustentam num processo criativo muito próprio em que as letras e as melodias são escritas ao mesmo tempo, após mesmo, os primeiros takes. Os meses seguintes revelam-se produtivos e abundantes em ideias para Wilde que, num intenso processo pessoal e introspectivo, escreve as letras e compõe os primeiros esboços das melodias para depois os apresentar à banda. Na liberdade do isolamento que muito prezam, não se apressam a considerar o trabalho como concluído, optando por conviver por mais algum tempo com as faixas de acordo com a sua atitude meticulosa e atenta aos detalhes, revendo-as e recompondo-as de acordo com a sua convicção e a sua intuição, ou mantendo-as como na sua primeira versão se de tal caso seja, numa viagem criativa que, quando começada, nunca sabem como é terminada. Gregory, concentrado na produção e na mistura que prefere sem a participação de outros técnicos, e enquanto auto-didacta que desenvolveu o seu estilo próprio, não abdica também do tempo necessário a explorar e experimentar ideias e sonoridades, etapa essencial para atingir o resultado final com que se sintam satisfeitos.
Face a “Until The Colours Run” e aos seus antecessores, “Beings” traz para posições de destaque, que anteriormente mais na rectaguarda ainda não tinham merecido, a presença do piano, ora mais trémulo ora mais temível, e do violino e do violoncelo, ora mais luminosos ora mais tenebrosos; encontramos novamente as guitarras em deambulantes acordes dedilhados, mas que agora aumentam o seu peso em power-chords mais abundantes; a secção rítmica da bateria e do baixo adquire uma natureza mais diversa e plural, ao alternar a cinética musical continuamente entre frases mais espaçosas e brandas herdadas do passado que abrem espaço a que a melodia se estenda e invoque maior tranquilidade, e outras mais rápidas e fechadas, mais robustas e sólidas; surgem inúmeros apontamentos de instrumentos de sopro e de produção electrónica – evidentes diferenças que distinguem “Beings”, às quais adiciona vários efeitos sonoros de reverb, eco e delay que trazem dimensões e profundidades adicionais e contribuem para um universo pictórico e imagético mais imperial e majestoso. Esta paisagem sonora em contínua transformação entre arranjos musicais mais lentos, leves e tranquilos e, em contraste e em sucessivas intersecções, outros mais acelerados, densos e amplificados, está perfeitamente equilibrada com a voz de Wilde, feminina como habitual em bandas com este tipo de sonoridade, agora com um tom e uma atitude mais mutáveis, que se torna mais encorpada e afirmativa e menos encolhida e insípida, que ganha em maior agressividade incisiva o que abandona em suavidade celestial, em letras sombrias e dramáticas onde, menos passivas e mais activas, continua a transmitir a sua percepção da realidade.
A versátil, eclética e sofisticada fusão da dream-pop trágica e bela, do post-rock sinfónico e acústico e de uma produção electrónica discreta mas essencial, a escutar com o volume bem alto e uma boa coluna de sub’s de forma a tirar proveito das distorções, reverberações e vários outros efeitos subjacentes à instrumentação, uma clara evidência da maturidade que a banda adquiriu, assume em “Beings” uma impactante substância e uma personalidade progressiva, criando uma teia de emoções contrastantes despertadas pela composição e orquestração complexas e cuidadas características de LOTL, que tanto se assumem amplas e expandidas como íntimas e reservadas, vivazes e enérgicas como tristes e abatidas, graciosas e delicadas como asfixiantes e ameaçadoras – uma diversidade musical, existente em não só em cada uma das faixas que compõem o álbum mas que se encontra também ao percorrer o conjunto das dez, e que em nada belisca a coerência e a consistência do magnético conjunto que flui harmoniosamente numa unidade global sólida e coesa.
A excepcional “Faultlines”, uma vibrante e fulminante injecção sonora, é a eleita para a apresentação de “Beings”, e não poderia ser uma escolha mais certeira como primeira representação da progressão sonora e da mensagem de LOTL em “Beings”. Exibindo primorosamente a experimentação e evolução musical da banda, Gregory aprimora a sua produção em crescendos de frágeis arpeggios apressados e amedrontados do piano em posição central, que tenta fugir de algo, do vigoroso e musculado baixo de Allan e dos galopantes e aprisionadores tambores e címbalos da bateria de Ketteringham, e em diminuendos nos quais o mesmo piano cai derrotado, rendido e cativo da secção rítmica sufocante e dos pesados efeitos electrónicos, enquanto a voz de Wilde, ora exaltada ora esvaziada, acompanha os ciclos sucessivos da expandida densidade e da encolhida redução instrumental de Gregory em versos como “Full-blooded words like knives / … / I used to see the city’s white glow from up here / Oh my, look at all that rain / Money’s tighter now and they keep us tame / But you know you’re done / … / But I’m loyal to the cause, if you are / Fractured lives like faultlines / Unto the breach my friends if you will / …” e apela à rebelião contra políticas que não atendem à solidariedade.
A coesão e a unidade musical de LOTL estão também vertidas na magnífica “Beings” (tal como em todo o álbum), faixa homónima do LP, carregada de uma comovente emoção e de uma beleza sublime na sua crescente e acumulada progressão sonora que se afunda e aprofunda em camadas sucessivas – aparentemente acolhedora e reconfortante ao início com o piano planador e deambulante, amparado e protegido pelo baixo, ensombrece com o rufo militar da bateria e as cordas do violino e do violoncelo que rangem gemidos e abrem caminho à elegância da voz de Wilde, em versos entristecidos sobre uma sociedade superficial, intensificados pela guitarra eléctrica e pelos sopros em lástima, que se ampliam em conjunto mas todos levados à frustração num ocaso repentino e sombrio, contra o qual renascem e se manifestam com uma energia sobrevivente e revoltada.
A convidativa “Through The Cellar Door” é o inesperado contraste ambiental e temático que, a meio-caminho da tracklist, não só não colide com o conjunto como lhe traz um surpreendente e cativante equilíbrio. Em mais um brilhante desempenho vocal, Wilde, optimista e gentil, quase inocente, sobre os acordes soltos e ligeiros de guitarra e a batida leve da baguette sobre o aro do tambor, encoraja a uma activa mudança de atitudes perguntando assertivamente “Are we heading outside? / … / Are you coming now? /… / Are you one of us?” em versos que falam sobre um portal que oferece uma visão sobre um mundo, real ou imaginário, mas mais idílico, e que apenas é necessário atravessar, intercalada pelas enérgicas descargas dos riffs distorcidos das guitarras e da bateria vigorosa, até que ambos, vocais e instrumental, se reúnem triunfantes numa euforia electrizante que celebra essa visão.
Sinal maior e indubitável da evolução, do experimentalismo, do ecletismo e da sofisticação de LOTL que, porventura, nos interrogamos se apontará os caminhos do futuro para a banda, é a fantástica “Stepping Down”: um universo sonoro absolutamente diferente de tudo o que LOTL têm sido. As linhas hipnotizantes em loop do teclado electrónico limitam-se a ser acompanhadas por uma composição electrónica desconstruída de samples abstractos e diluídos de cordas e sopros sobrepostos por beats erráticos e pulsantes e efeitos sonoros, criando uma atmosfera surrealista e sufocante de mistério e trevas que a voz arrastada de Wilde reforça, enquanto diz “I swim into this vacuum just to find some colour / It seems my soul is tired and it’s old”.
De entre as faixas que se nos destacam em “Beings”, mencionamos ainda “Stuck For An Outline” e “I’ll Stall Them” por corresponderem ao regresso à fórmula folk-rock mais tradicional que acrescentam diversidade em duas composições equilibradas, ritmada e grandiosas de guitarras acústicas e eléctricas, piano, cordas, secção de sopros e secção rítmica, das quais sobressai a voz de Wilde, como sempre num registo encorpado e crespo ou calmo e ameno.
Em paralelo com a sua crucial participação em Lanterns On The Lake, e por entendermos ser válida a referência, Hazel Wilde inicou em 2010 e manteve esporadicamente o projecto Lights On Moscow com Justin Lockey, por sua vez produtor musical e membro da banda British Expeditionary Force que, lamentavelmente, aparenta estar bastante inactivo. Poucos registos foram produzidos, constando apenas seis faixas na sua página https://soundcloud.com/lights-on-moscow, de entre as quais destacamos esta monumental “Lord Let Me Know”, um hino autêntico ao dream-pop e ao post-rock, mas, em 2010, a banda chegou a apresentar-se ao vivo na Bowery Electric do Soho nova-iorquino no âmbito da Music Marathon do mesmo ano organizada pela plataforma CMJ dedicada à descoberta de artistas emergentes.
Nas suas diversas sonoridades e nas suas letras plenas de contrastes mas de inegável coerência subjacente, “Beings”, o mais relevante álbum de Lanterns On The Lake até ao momento, um trabalho de simultânea contemplação e imersão emocionais de uma banda totalmente amadurecida e em sintonia consigo mesma mas cujo espaço e tempo criativos não escapam aos progressivos arrojo e experimentalismo artísticos e a contínua aprendizagem, revela um estimulante grupo de artistas cujas criações sucessivas vão sempre mais longe face às anteriores, agregando um renovado valor e conteúdo à sua carreira que nos deixa em expectativa pelos próximos passos do seu percurso que adivinhamos certamente promissores.
Tracklist “Beings”
1. Of Dust & Matter
2. I’ll Stall Them
3. Faultlines
4. The Crawl
5. Send Me Home
6. Through the Cellar Door
7. Beings
8. Stepping Down
9. Stuck For An Outline
10. Inkblot
Tracklist “Until The Colours Run”
1. Elodie
2. The Buffalo Days
3. The Ghost That Sleeps In Me
4. Until The Colours Run
5. Green & Gold
6. You Soon Learn
7. Picture Show
8. Another Tale From Another English Town
9. Our Cool Decay
Tracklist “Gracious Tide, Take Me Home”
1. Lungs Quicken
2. If I’ve Been Unkind
3. Keep On Trying
4. Ships In The Rain
5. A Kingdom
6. The Places We Call Home
7. Blanket Of Leaves
8. Tricks
9. You’re Almost There
10. I Love You, Sleepyhead
11. Not Going Back To The Harbour
Tracklist “Misfortunes And Minor Victories”
1. A Kingdom
2. Giants
3. There’s A Light On Your Home
4. You Need Better
Tracklist “The Starlight”
1. My Shield
2. If I’ve Been Unkind
3. In Starlight
4. I Love You, Sleepyhead