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ARTES PERFORMATIVAS


MOTHXR € O PRAZER DA SIMPLICIDADE

Ricardo Escarduça

2014-09-30




Mothxr, pronunciado Mother, nasce no caldeirão efervescente de criatividade de Brooklyn, NY no final de 2013. A sua musicalidade espontânea e intuitiva, leve e etérea, cria ambientes fáceis e simples, descontraídos, deixando-nos rendidos à aura envolvente que emana. Em pouco tempo, Mothxr passou pelos vários canais on-line em que foi lançado, chegando sem esforço aos fãs de pop-rock, de R&B e de synth-pop.

 

 

Lançado no início de 2014, “Easy” é o single de apresentação da banda de quatro membros. É atrevido e insinuante. É cool e sexy.
Deve-o ao desempenho vocal suave e macio do frontman Penn Badgley. As batidas das drum machines e da secção rítmica e de percussão são ousadas e incisivas como uma típica faixa de rock, aqui e ali temperada com inesperadas variações que nos surpreendem ao alterar a secção da música que se lhes segue face ao esperado. Sustentada nessa base, a guitarra eléctrica deambula entre palhetadas insinuantes, riffs sedosos e personalizados e solos ao jeito da década de 80. Mantendo o ambiente de intimidade e leveza que caracteriza esta faixa, os samples de ritmos de piano electrónico e as sonoridades robustas de sintetizadores trazem-nos algumas imagens de dramas inevitáveis. A melodia, a sonoridade e a letra sedutoras de “Easy” conquistam-nos instantaneamente e deixam-nos expectantes no rasto de Mothxr.

 

 

“Victim”, segunda faixa apresentada por Mothxr pouco tempo depois de “Easy”, é uma balada intensa, densamente impregnada de tonalidades mornas, desaceleradas e liquefeitas. Mais do que em “Easy”, sem dúvida sob a batuta dos componentes da banda, somos transportados num ritmo lento para um cenário trágico de intimidade ameaçada e de fatalidade romântica a que os amantes dos ambientes pop dos anos 80 certamente não serão indiferentes.
O desempenho vocal é contido e calmo, oscila ao longo da música sem grandes alterações de registo e dissolve-se languidamente no instrumental que se destaca dele. O piano electrónico e os ritmos da percussão fundem-se e trazem-nos uma faixa onde se distingue o carácter synth-pop. Mas é o solo intenso, arrastado e melancólico do saxofone que marca a personalidade de “Victim”.

 

 

“Centerfold” é a terceira música de Mothxr disponibilizada até à data. Ao mesmo tempo profunda e ligeira, encontramos nela a mesma identidade algo pop, algo eletrónica, algo indie das faixas anteriores. E, tal como com as anteriores, damos o nosso tempo por bem empregue.

Mothxr dificilmente passaria despercebida, pois qualquer um dos acompanhantes de Penn Badgley está associado a outros projectos, todos eles merecedores de atenção. Jimmy Giannopoulos é programador no projecto nova-iorquino Lolawolf. O baixista Darren Will integra o grupo Rathborne, também em NY. Em Los Angeles, Simon Oscroft é o guitarrista da banda No. Penn Badgley tem solidificado a sua carreira de mais de 10 anos como actor com papéis de destaque na série televisiva Gossip Girl e no longa metragem “Greetings From Tim Buckley” em que interpreta o filho Jeff. Mas a música já produzida é suficiente para podermos destinar um lugar de crescente destaque a Mothxr.

Penn e Jimmy, vizinhos e amigos de longa data em Brooklyn, foram procurando ao longo dos anos uma sonoridade que surgisse sem planos prévios e os empurrasse para dar início a algo que eles próprios não poderiam definir antecipadamente. Darren Will andava sempre por perto, o parceiro natural quando a oportunidade chegasse. No final de 2013, com o primeiro verso e a primeira nota por escrever, decidem juntar-se em LA, sem expetativas de qualquer resultado. Um acaso fá-los cruzar Simon Oscroft e, quando não haviam ainda pensado em tal, este junta-se à guitarra. Sem dar por isso, criam cinco faixas em cinco dias e nasce Mothxr.

Esperamos o lançamento do EP de estreia com expectativa, em data e editora por anunciar. Até lá, desfrutamos das publicações on-line dos sucessivos singles, invejando os afortunados que se encontram na rota geográfica de actuações ao vivo nos EUA, Reino Unido e França que se multiplicam numa agenda cada vez mais preenchida.
 




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